VIDA E DOUTRINA CRISTÃ

Israel:
Historia e Profecia

Parte I

Faz muitos anos “Israel” entrou na proeminência internacional. Seu nome também predomina na Bíblia, onde se cita mais de duas mil vezes. Segundo o Prof. Strong, esta palavra significa: “ele governará como Deus”. Aparece pela primeira vez em Gênesis 32:28, onde foi dado a Jacó, o neto de Abraão, pelo anjo que lutou com ele durante a noite. O anjo disse-lhe: “Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; porque tens perseverado com Deus e com homens e prevaleceste.”

A partir deste momento, “Israel” fez-se o nome nacional dos descendentes de Abraão, aplicado às doze tribos de Jacó, salvo no momento da divisão da nação em dois reinos: aquele do Norte e aquele do Sul. As dez tribos que ocuparam o Norte da Palestina se conheceram debaixo do nome de Israel, e as duas tribos do Sul debaixo do nome de Judá. Assim foi, desde a morte de Salomão até o cativeiro em Babilônia. Os que voltaram deste cativeiro, sem importar a tribo à qual tivessem pertencido no passado, foram chamados Israelitas ou o povo de Israel.

Este nome foi conservado pelos descendentes de Abraão; eram orgulhosos disso, porque criam, com razão também, que tinha sido dado a eles por seu Deus, Jeová. No passado, este povo histórico era conhecido como o povo hebreu, e, com freqüência ainda, os Israelitas são chamados hebreus. Esta palavra aparece pela primeira vez na Bíblia, em Gênesis 14:13, onde encontramos a expressão “Abram o hebreu”. Abrão — ou Abraão — era um descendente direto de Éber. (Gênesis 11:14-26)

A palavra “hebreu” significa atravessar ou passar ao outro lado. Parece que Abraão e sua família tinham sido chamados “hebreus” para destacar a distinção entre as antigas raças do leste e do oeste do Eufrates. Abraão tinha atravessado a Caldéia para ir para o Oeste no momento de sua viagem para o país que Deus lhe tinha prometido. Eram especialmente as outras nações que chamaram aos descendentes de Abraão, hebreus, mas os judeus, eles mesmos, preferiram o nome de Israel. “Judeu” deriva da palavra Judá.

A PROMESSA FEITA A ABRAÃO

Deus começou a se ocupar deste povo quando fez esta promessa a Abraão, seu pai: “Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai para a terra que te mostrarei; farei de ti uma grande nação, e te abençoarei, e engrandecerei o teu nome. Sê tu uma bênção. Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei aquele que te amaldiçoar; por meio de ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12:1-3)

Temos de reter três pontos desta promessa: 1) A posteridade de Abraão devia fazer-se uma nação grande. 2) Ele devia ter uma posteridade graças à qual: 3) todas as famílias da terra seriam abençoadas. Em Gálatas 3:8, o apóstolo Paulo refere-se a esta promessa e utiliza a palavra nações em lugar de famílias. No tempo de Abraão, existia pouca ou nenhuma diferença entre as palavras famílias e nações, pois naquele tempo, existiam somente famílias ou tribos.

No sétimo versículo do capítulo 12 de Gênesis, Deus acrescentou: “À tua semente darei esta terra.” E no capítulo 13, versículos 14 e 15, uma nova promessa de Deus a Abraão: “Levanta, agora, os olhos, e desde o lugar onde estás olha para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente. Porque toda essa terra que vês, te hei de dar a ti e à tua semente, para sempre.” Portanto, ali está o quarto aspecto da promessa feita a Abraão: a terra de Canaã pertenceria a ele e a seus filhos para sempre.

NÃO SEM CONDIÇÕES

A Bíblia demonstra claramente que, por meio destas promessas feitas a Abraão, Deus revelou seu plano para a bênção final de todas as famílias da terra. Este deve lhes trazer paz, saúde e vida. Este desígnio divino era arbitrário e certamente devia cumprir-se. Os que Deus destina a esta obra devem se qualificar antes para ocupar uma posição tão elevada no plano divino provando sua dignidade mediante a obediência a sua vontade.

Isto é o que é demonstrado pelos tratos de Deus com Abraão. Ele lhe disse: “Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai para a terra que te mostrarei; farei de ti uma grande nação.” Se Abraão não tivesse deixado a seu povo, e a casa de seu pai, para ir a Canaã, a promessa de fazer dele uma nação grande não se teria realizado.

Este princípio é revelado pelo nome de Israel. Jacó, cujo nome foi mudado para Israel, era o irmão gêmeo de Esaú. Esaú era o primogênito, e, segundo os costumes deste tempo, o direito de herança pertencia a ele. Mas Deus tinha previsto outra coisa. Antes do nascimento dos dois meninos, Jeová disse a sua mãe, Rebeca: “Duas nações há em teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço.” (Gênesis 25:23)

O mais moço do qual se trata a discussão aqui, era Jacó e seus descendentes. Deus tinha-o escolhido em lugar de Esaú, como ele tinha escolhido a Abraão, mas primeiro Jacó devia se demonstrar digno desta escolha. Ele devia fazer firme seu chamado ou eleição. O fato de que seu nome foi mudado para Israel prova que o fez. O anjo, que tinha lutado toda a noite com ele, lhe havia dito: “Prevaleceste”; isto quer dizer que tinha provado sua dignidade e, portanto recebeu um nome relacionado com este fato.

Deus já havia mostrado como escolhera aos seus representantes como Isaque, o filho de Abraão e o pai de Jacó. Abraão tinha outro filho, Ismael, a quem julgou qualificado para ser seu herdeiro. Ele disse a Jeová: “Oxalá que viva Ismael diante de ti.” Mas Deus disse: “Com certeza, Sara, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe chamarás Isaque; com ele, estabelecerei a minha aliança, por uma aliança eterna para a sua semente depois dele.” (Gênesis 17:18,19). Mais tarde, Deus disse a Abraão: “Em Isaque, será chamada a tua descendência.” (Gênesis 21:12)

Jeová escolheu a Isaque como pai da semente prometida, no momento no qual Sara, sua mãe, pediu a expulsão de Ismael, o filho que Abraão teve com sua serva egípcia. No entanto, a vida de Ismael foi preservada e ele chegou a ser o pai da raça árabe, que também é proeminente. Ismael perseguiu a Isaque e hoje o ódio ainda existe entre os descendentes destes dois filhos. Esaú tomou por esposa a uma filha de Ismael, e seus descendentes, os primeiros edomitas, misturaram-se mais ou menos com os descendentes de Ismael, os árabes.

ESCRAVIDÃO NO EGITO

Por uma intrigante e interessante seqüência de circunstâncias, onde a venda do filho jovem de Jacó, José, como escravo no Egito, todo o povo hebreu se encontrou escravizado neste país. Jeová dirigiu as experiências de José, que chegou a ser virtualmente o governador do Egito, em particular durante os sete anos de fome. Sua elevada posição no governo egípcio e o favor de que gozava permitiram a seu pai Jacó, bem como a sua família, vir para se estabelecer no Egito.

Seu número foi restringido neste momento, mas aumentou rapidamente. Jacó ou Israel morreu no Egito. Antes de sua morte, abençoou a seus doze filhos e revelou-lhes como Deus atuaria com eles (Gênesis 49). Após a morte de Jacó, seus filhos formaram o núcleo da nação de Israel. Então, Deus começou a tratar com eles, não individualmente, senão como uma família que devia se fazer uma nação grande.

Quando Israel se mudou para o Egito com sua família, todos foram tratados bem. O Faraó que reinava então esteve bem disposto para com eles, por causa do que José, que ocupava então uma elevada posição no governo, havia feito pelo país. Mas este Faraó morreu, bem como José, e os Israelitas chegaram a ser um povo oprimido.

MOISÉS

Neste ponto de sua experiência e pelas providências de Jeová, Moisés foi preparado com vistas a sua libertação. Sua situação era difícil. Para impedir que os Israelitas se propagassem, e para a salvaguarda do Egito, um decreto havia sido publicado, ordenando a morte de todos os hebreus recém nascidos. A mãe de Moisés não obedeceu este decreto, pôs a seu filho em um cestinho e o colocou entre as margens do Nilo.

A irmã de Moisés escondeu-se não bem longe para vigiá-lo. Cedo a filha do Faraó veio à orla do rio para banhar-se e o bebê foi descoberto. Ficou encantada pelo menino e decidiu tomá-lo e o criar na casa real. A irmã de Moisés aproximou-se e ofereceu-se para buscar-lhe uma babá para o bebê. A oferta foi aceita e foi a própria mãe de Moisés que foi escolhida como babá.

Deste modo, Moisés fez-se um homem instruído e apto para ser um grande líder. À idade de quarenta anos, entristecido pela condição difícil na qual se encontrava seu povo, ele se esforçou por fazer algo por isso. Mas ainda não era o tempo previsto por Deus para sua libertação, e Moisés foi obrigado a fugir ao país de Midiã, onde ficou durante quarenta anos.

Então, Jeová dirigiu-se a Moisés na sarça ardente, encarregou-o de libertar aos Israelitas conduzindo-lhes para fora do Egito. Alguns dos milagres mais notáveis relatados pela Bíblia se efetuaram durante esta libertação debaixo da direção de Moisés. Dez pragas sobrevieram aos egípcios antes que o Faraó consentisse em deixá-los ir; a décima foi a morte dos primogênitos do Egito, os primogênitos de Israel sendo preservados porque encontravam-se debaixo da proteção do sangue do cordeiro pascoal. Os israelitas comemoram até hoje em este acontecimento milagroso na história de sua nação.

Outros milagres produziram-se durante a viagem do povo de Israel, tal como a travessia do Mar Vermelho e a provisão do maná celestial, alimento que permitiu que os Israelitas vivessem durante os quarenta anos que durou sua viagem no deserto de Sinai. Aquele das águas amargas que se fizeram potáveis, e aquele da água que brotou da rocha. Durante estes quarenta anos, seus sapatos não se gastaram em absoluto, isto foi outro milagre. O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó ocupou-se deles porque eram o seu povo.

A LEI

Pouco tempo após Moisés ter conduzido os Israelitas ao deserto pelo Mar Vermelho, Deus se serviu dele como intermediário para dar sua lei à nação, no Monte Sinai. A lei foi resumida nos dez mandamentos. Era o acontecimento mais significativo na experiência dos Israelitas. Deus prometeu que aquele que pusesse em prática sua lei viveria por ela (Levítico 18:5; Neemias 9:29; Ezequiel 20:11). Isto queria dizer que tal homem não envelheceria nem morreria como todos os demais.

No Novo Testamento, o apóstolo Paulo escreveu: “Entretanto, reinou a morte desde Adão até Moisés, ainda sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é tipo daquele que havia de vir.” (Romanos 5:14). Adão pecou com conhecimento de causa e trouxe sobre si o castigo da morte. Desde então, todos seus descendentes morrem por causa de sua transgressão.

A lei devia demonstrar aos membros da raça humana sua incapacidade de obter a vida por sua própria justiça. O projeto foi tentado só com esta pequena nação, mas o resultado teria sido o mesmo para outras nações e raças. Todos são imperfeitos e pecadores. Todos se adiantam para a morte e precisam a ajuda divina para obter a vida.

A lei devia servir ainda outra missão quanto a Israel. Jeová disse ao povo por Moisés: “Tendes visto o que fiz aos egípcios, de que modo vos trouxe sobre asas de águias e vos cheguei a mim. Agora, pois, se atentamente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis a minha possessão peculiar dentre todos os povos (pois minha é toda a terra) e vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel.” (Êxodo 19:4-6)

Como temos visto, “Israel” significa: o que governa como Deus, em qualidade de representante. Isto quer dizer que o povo ao qual Deus deu este nome tem sido escolhido para representá-lo na terra — para ensinar, governar e abençoar, segundo as promessas contidas em seu plano. Mas para ter parte nesta grande herança, os filhos de Jacó deviam provar que eram dignos dela por sua sinceridade, sua obediência à voz de Jeová e sua fidelidade ao pacto que concluiu com eles: o pacto da lei.


(A segunda parte deste artigo será publicada na edição de março-abril de 2012 desta revista)

Nota: A tradução da Bíblia usada neste artigo foi a Versão Brasileira da Bíblia — TB Edição de 2011


Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora