VIDA E DOUTRINA CRISTÃ

Deus e a Razão—Parte III

O Arco da Promessa

“E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste a minha voz.”
– Genesis 22:18

OBVIAMENTE, se formos raciocinar corretamente a respeito de Deus, é essencialmente necessário limpar as névoas de superstição acumuladas que levaram tantos a perder a fé nele e no Livro que tem a reputação de ser a sua Palavra de verdade. Esta não é uma coisa fácil de fazer, mas espera-se que esta discussão seja de ajuda material nesse sentido.

Nem todos, é claro, têm a certeza se devem ou não aceitar a Bíblia como um registro autêntico da origem e do destino do homem, mas todos deveriam pelo menos estar interessados na razoabilidade da sua breve apresentação sobre o assunto quando analisado criticamente—especialmente depois de todas as névoas da tradição terem sido varridas de sua história simples e direta. Qual então, é a história bíblica do homem, quando despojado da superstição e do pressuposto meramente humano?

Ela diz que depois que o homem foi criado, Deus disse aos nossos primeiros pais, que certamente morreriam se eles desobedecessem a sua lei: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2:17) Isso parece simples e claro o suficiente. Mas é verdade? Sim, esta afirmação, feita há muito tempo aos progenitores da raça humana, verifica-se hoje por milhares de túmulos e de um mundo continuamente morrendo, que testemunham a verdade nua e crua do que a lei claramente fala.

Neste ponto, então, fica evidente que o Livro do Gênesis está em harmonia com uma incontestável realidade. O fato de que Adão não chegou a entrar na tumba no mesmo dia em que ele desobedeceu a lei divina não é prova de que a pena de morte não era literal. A tradução crítica do texto hebraico sobre esta pena mostra-a como “morrendo morrerás.” (Gênesis 2:17) Isto dá a idéia de que o processo de morte que começa uma vez, continua até que a vida torna-se totalmente extinta. E foi exatamente isso que ocorreu.

Mas outra coisa também aconteceu lá no Éden. De uma fonte que não era o Criador veio uma declaração sedutora para a mãe Eva: “Vós não morrereis!” (Gên. 3:1-4) Esta sugestão de que Deus havia mentido para as suas criaturas diz-se ter vindo da serpente.

Quatro mil anos mais tarde, o apóstolo João identificou “a velha serpente” como sendo “o Diabo e Satanás”, e afirmou que ele foi o grande enganador de todas as nações. (Ver Apocalipse 20:1-3) Temos agora duas declarações contraditórias, uma acreditando no Senhor, na qual ele afirma que o homem morreria, e outra vinda de alguém a quem as Escrituras designam como um enganador, na qual ele insiste que o homem não morreria. Na primeira delas encontramos fundamentos através de fatos. A morte é de fato uma realidade, em relação à qual a Bíblia diz: “Os mortos não sabem nada”, e novamente, “não há obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria na sepultura, aonde vais.” —Ecles. 9:5-10

Mas, e quanto à declaração da serpente, “não hás de morrer”? Jesus declarou sobre esta serpente que ela é o “pai da mentira.” (João 8:44) Se, portanto, o registro de Gênesis é verdadeiro, devemos esperar encontrar alguma evidência ao longo dos séculos de esforços enganadores de Satanás em relação ao tema da morte. E, como o Revelador indicou que esta velha serpente enganou todas as nações, devemos esperar que seus enganos venham a ser universalmente manifestados. Não encontramos tais provas? Sim!

Enquanto Satanás tinha dito que definitivamente a morte não seria o resultado de comer o fruto proibido, na verdade Adão e Eva, bem como todos os seus descendentes, morreram ou estão morrendo. Por isso, tornou-se necessário para Satanás fazer algo a respeito. Claro que ele não estava disposto a vir à frente e pedir desculpas por ter acusado falsamente a Deus de ser um mentiroso, por isso, ele deu o passo mais sinistro, que foi o de induzir o povo a crer que o que parecia ser a morte não era a morte, mas a porta de entrada para alguma outra—maior ou menor—forma de vida. E por causa do medo inato da morte que se esconde nos corações humanos, quase toda a humanidade preferiu acreditar na mentira de que não há morte. Através desta grande decepção, então, a maioria tem sido levada a acreditar que a morte é realmente uma amiga em vez de uma inimiga, como a Bíblia declara que ela é. (1 Coríntios. 15:26) Há uma gloriosa esperança de vida futura, porém, não porque o homem não pode morrer, mas porque ele morre e vai ser ressuscitado dentre os mortos.

Mas como podemos ter qualquer posição diante de nosso Criador, cujas leis foram quebradas? Qual é a base para a esperança de que alguém pode ter uma oportunidade para voltar ao favor de Deus e desfrutar novamente o privilégio de viver eternamente em condições de plena felicidade? Será que Deus vai cancelar seu decreto de condenação contra nós apenas com a nossa promessa de fazer melhor a partir de agora?

A Bíblia aponta mais seguramente o plano do Criador, segundo o qual a raça perdida vai ter a oportunidade de retornar à harmonia com ele, mas se queremos aprender a verdade sobre este ponto, é necessário avançar com cautela. É evidente que nós nunca temos nossas perguntas respondidas satisfatoriamente ao entrar na teologia tradicional, na esperança de aí encontrar alguma base razoável para a fé e a esperança confortante, então vamos limitar a nossa pesquisa para a própria Bíblia. Até agora a Bíblia é encontrada para estar em harmonia com os fatos conhecidos e bem estabelecidos, e também com a razão. Isso nos dá confiança. Então não é razoável esperar que ela contenha uma solução satisfatória para esse grande problema do destino humano?

Estamos entendendo a sugestão de Gênesis 3:15, que o Criador, desde o princípio, desejava fazer algo mais pela raça humana do que simplesmente condená-lo à morte. A promessa não é no sentido de que “a semente da mulher” acabaria por ferir a cabeça da serpente. Claro, essa é uma declaração um pouco vaga e indeterminada, mas à luz das subseqüentes revelações divinas, é vista como para ser maravilhosamente cheia de significado.

Voltamo-nos, por exemplo, ao quase último capítulo da Bíblia—Apocalipse 20:1-3—e lá encontramos o apóstolo João declarando que, na visão que ele teve, um anjo forte que descia do céu, apoderou-se “da velha serpente” e prendeu-a por mil anos, “que ela não iria mais enganar as nações. “Esta é uma imagem profética retratando o cumprimento dessa promessa vaga de Gênesis 3:15, de que a semente da mulher feriria a cabeça da serpente. Em outras palavras, nesta linguagem altamente simbólica, o Criador nos garante através do revelador que o pecado dos nossos primeiros pais não resultou em uma chaga duradoura sobre a raça humana, mas que em seu próprio tempo e forma uma cura completa seria efetuada, e a serpente seria destruída.

Assim, nós localizamos os dois extremos, por assim dizer, deste arco da promessa dado por Deus—a promessa dada em Gênesis, de que a cabeça da serpente seria ferida, e a visão dada ao revelador de que esta mesma serpente seria amarrada, e finalmente destruída. No entanto, não vamos parar por aqui, mas sim continuar a nossa busca pelo registro sagrado, na esperança de que possamos encontrar alguns detalhes de como o trabalho mortífero de Satanás no Éden está sendo destruído, e a raça humana restaurada para o Paraíso perdido.

As Promessas de Deus para Abraão

Deixando de lado as cenas decepcionantes do Éden, vamos avançar para a época de Abraão—mais de dois mil anos depois. A partir desse período já não é mais necessário aceitar tantas coisas pela fé. Os arqueólogos têm escavado recentemente Ur, terra natal de Abraão, também várias ruínas da antiga Canaã, que comprovam praticamente cada detalhe da história bíblica relativa a esse período todo. Perante estas descobertas agora é admitido até mesmo pelos céticos de que a Bíblia não é, de nenhuma maneira uma coleção de fábulas antigas, como muitos uma vez foram levados a acreditar.

Ora, a Abraão, Deus fez uma promessa muito notável que ainda não tinha sido cumprida. Ele disse: “Em ti e na tua descendência todas as famílias da terra serão abençoadas.” (Gênesis 12:1-3) Mais tarde na vida, quando seu filho Isaque tinha chegado à idade adulta, Deus reiterou essa promessa e também a confirmou por meio de um juramento. Mas Abraão morreu sem vê-lo cumprido. A promessa foi transferida para Isaque e depois para seu filho, Jacó. Esaú, o irmão mais velho de Jacó, trocou o direito de possuí-la por um prato de lentilhas.

Finalmente Jacó chegou ao fim do seu curto período de vida imperfeita, mas as promessas de Deus para abençoar todas as nações não tinham sido cumpridas nele, e sobre o seu leito de morte, ele passou este cetro para o filho Judá. Não podemos aqui analisar todas as muitas promessas relacionadas no Antigo Testamento que ampliem nossa visão do convênio original feito com Abraão. Basta dizer que, nessas promessas os judeus viram uma grande personalidade retratada—o “Leão da tribo de Judá”—que se acostumaram a falar da vinda do seu Messias. (Gênesis 49:8-10; Apoc. 5:5) A grande influência dessas promessas antigas tem sido um dos fatores contribuintes que têm mantido o povo aflito e perseguido de Israel, separado do resto do mundo durante mais de quatro mil anos, até agora. Os judeus se destacam hoje como um testemunho vivo da realidade das relações de Deus com eles no passado, e das promessas de esperança inspiradora para eles como o povo escolhido. Muitas dessas promessas, no entanto, continuam por ser cumpridas.

O Messias Prometido

Na época da primeira vinda de Jesus, muitos dos judeus estavam em alerta em relação à vinda do Messias há muito prometido. Somos informados de que uma noite, fora das colinas da Judéia, onde os pastores cuidavam de seus rebanhos, de repente apareceu uma luz sobrenatural, e o som de vozes incomuns. Incrivelmente fantástico, não acha?

Lembremo-nos de que se a Bíblia é o que afirma ser – uma revelação dos propósitos do Criador para com os filhos dos homens, o mesmo Criador que trouxe à existência todas as outras poderosas obras da criação—então não é difícil acreditar que há um Ser Inteligente Supremo, que também criou as várias ordens de seres espirituais nos planos superiores da existência do homem. E se ele desejasse que estas criaturas angelicais se comunicassem com o homem em uma ocasião tão importante como o nascimento do Salvador, seria muito fácil para ele ter arranjado isto. E foi isto o que ele fez! Por meio de um desses anjos poderosos, Deus anunciou aos pastores: “Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo. É que vos nasceu hoje, na cidade de Davi um Salvador, que é Cristo o Senhor.” —Lucas 2:10,11

A palavra Cristo em Grego é o equivalente a palavra hebraica Messias. Portanto este anúncio angélico simplesmente significava que o Messias do mundo, a quem Deus há muito tempo tinha prometido enviar, na verdade, já tinha nascido, e que ele era realmente para ser o Salvador do mundo. É por isso que foi a boa nova a todos os povos—todas as famílias da terra seriam abençoadas, como resultado de seu nascimento. Mas como esse Jesus, o Messias, pode ser o Salvador do mundo? Qual é a natureza da bênção que ele vai conceder a todos?

Do que nós já aprendemos, a raça humana, através da transgressão de Adão, perdeu o privilégio de viver eternamente na Terra. Agora, se a morte significa simplesmente a morte, como manifestamente não, então parece que não haveria nenhuma maneira para qualquer um de nós ser salvo, exceto se for libertado da pena de morte e, em seguida, voltar à vida.

“Paz na Terra”—Quando?

Mas e quanto ao fato de que embora este Salvador, este Messias, fez o seu advento no mundo cerca de dois mil anos atrás, o mundo continua a morrer como antes? Em que sentido ele é o seu Salvador? Se não houver nenhum tormento eterno a partir do qual a raça humana vá ser resgatada, então, do que o Messias vai salvá-lo, e como? E vai ser diferente quando houver esta salvação?

Todos nós, é claro, temos consciência da beleza das músicas e dos sermões inspirados que são apregoados na época de cada Natal em todas as igrejas da Cristandade. O grito de paz, na terra, boa vontade para com os homens, é anunciado anualmente no sinal de cada mão. Mas não é verdade que, até agora, esses pronunciamentos têm sido amplamente palavras vazias? O grito de paz na terra, tal como soa aos ouvidos de um soldado moribundo, significa algo para ele? Em tempos de guerra, os professos seguidores de Jesus em uma nação matam os professos seguidores de Jesus em outra nação, e chamam isso de seu dever cristão. Se eles são fiéis ao fazer isso, eles vão se relacionar com alegria com os seus irmãos estrangeiros que mataram, na bem-aventurança celestial? É desta maneira que a profecia de paz na terra é para ser cumprida? Nosso estudo ainda não se desenrolou o suficiente para fornecer as respostas a essas perguntas intrigantes, mas vamos seguir em frente, e ver que a Bíblia tem algo satisfatório para dizer sobre isto.

Temos até aqui estudado as promessas messiânicas dos dias do Jardim do Éden até a época de Jesus, e descobrimos que essas promessas são para encontrar um cumprimento no Senhor. Paulo indica isto em Gálatas 3:8,16, onde ele identifica claramente a Jesus como o descendente prometido de Abraão. João, o Batista anunciou Jesus, dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” Naquele tempo João reconhecia claramente que Jesus era o Messias prometido. (João 1:29) Mais tarde, porém, João foi jogado na prisão, e quando lá estava, ele começou a se perguntar se ele poderia ou não ter sido enganado. Ele, então, enviou mensageiros a Jesus para perguntar se ele realmente era o Messias. Jesus enviou uma resposta muito interessante. Dirigiu de volta os mensageiros para lembrar a João que em suas mãos os doentes eram curados, os coxos eram postos a andar, os cegos a ver, os surdos a ouvir e que, em certas ocasiões, até mesmo os mortos eram ressuscitados.

Obras de Jesus para Cumprir a Profecia

Por que Jesus respondeu a João dessa maneira peculiar? Foi porque os profetas haviam predito que o Messias iria fazer apenas coisas como essas! Assim, João ficou tranquilo. E não era só João Batista que estava impressionado com os milagres de Jesus, mas era perfeitamente natural que muitos, nos dias de Jesus também devessem se convencer do messianismo do Mestre, e que o reino messiânico prometido há tanto tempo estava prestes a ser criado pela bênção de Israel e de toda a humanidade, todas as famílias da terra. Na verdade, as pessoas comuns, finalmente, ficaram tão entusiasmadas que tentaram, em seguida, fazer de Jesus um rei, e fizeram elogios a ele como tal, ao ponto de que ele entrou em Jerusalém montado num jumento.

Apenas cinco dias depois disso, no entanto, aconteceu algo que mistificou os discípulos e outros que consideravam Jesus como o Messias. Os líderes religiosos da época de Jesus ficaram com inveja da sua popularidade, assim que, instituiram um plano contra ele: agarraram-no, conduziram-no a um julgamento falso, o condenaram à morte e, finalmente,o crucificaram como um malfeitor. O que isso significa? Como poderia ser que aquele que tinha chegado para ser o rei da terra poderia, portanto, ser tomado e crucificado? Tal reviravolta nos acontecimentos não se harmonizava com a concepção dos discípulos do que o Messias deveria ser e fazer—estabelecer um reino e ser o rei e libertador do povo. Quão forte deve ter sido a sua decepção quando as suas esperanças e expectativas foram frustradas, assim, jogadas para o chão!

Três dias depois, dois dos discípulos do Mestre, cabisbaixos, estavam andando no caminho de Emaús, quando de repente um estranho se juntou a eles. Notando sua tristeza, indagou sobre a causa. Eles, então, relataram os acontecimentos dos últimos dias e como eles haviam sido amargamente desapontados em suas expectativas com relação ao milagreiro de Nazaré.

Por que Jesus Morreu

Então, esse estranho, que na realidade era o Cristo ressuscitado, aproveitou a ocasião para explicar-lhes por que ele tinha morrido, que sua morte havia sido pré-conhecida e anunciada pelo Pai Celestial, e que foi um precursor necessário para as bênçãos prometidas que estavam por vir para a glória do reino messiânico.

Mais tarde, estes dois discípulos estavam relatando suas experiências para os outros, e disseram: “Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras? (Lucas 24:32) Certamente havia uma boa razão para o entusiasmo dos discípulos. Agora eles viram que a morte do Mestre não foi um erro trágico, como eles haviam pensado, nem era uma evidência de que ele não era o Messias. Finalmente, os discípulos perceberam que a morte de Jesus foi uma necessidade absoluta para que a humanidade pudesse receber as bênçãos da vida que tinham sido divinamente prometidas.

Mais tarde, um dos discípulos de Jesus explicou que, em seu estado pré-humano, ele tinha sido conhecido como o Logos, traduzido como “Verbo” em João 1:1. Foi este Logos, ou Palavra de Deus, que se fez carne com o propósito de morrer como um preço correspondente, ou “resgate”, por Adão, e a raça humana condenada nele. (1 Tim 2:3-6; Rom 5:12) Ao ignorar, ou propositadamente esconder o significado exato do texto grego como ele aparece em João, capítulo 1, os tradutores fizeram parecer que o Logos, ou a Palavra, é o próprio Criador divino. Mas uma tradução exata da passagem revela o fato de que o Logos era apenas um deus, ou um poderoso, enquanto que o Criador é conhecido como o Deus—o Supremo, o Todo-Poderoso.

O apóstolo nos diz que o Logos era o agente de Jeová em todo o trabalho criativo: “Sem ele nada do que foi feito se fez.” Sem dúvida, é por isso que os pronomes no plural, nós e nossos, são utilizadas na história da criação que está em Gênesis: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.” –Gên.1:26

As Escrituras falam da unidade do Pai e do Filho, mas está claro que é uma unidade de propósito e vontade. Jesus orou para que essa mesma unidade pudesse existir entre ele mesmo e seus seguidores. (João 17:21-23) Que Jesus não se considerava como um em pessoa, e igual ao Criador, ou que ele era seu próprio Pai, está claramente indicado por suas palavras quando disse: “Meu Pai é maior do que eu.” João 14:28

Os discípulos sabiam que o salário do pecado é a morte, não a vida em tormento, o que foi fácil para eles entenderem como a morte de Jesus, que tinha sido feito carne para esse propósito, poderia pagar essa pena, e abrir um caminho segundo o qual o mundo poderia finalmente retornar à harmonia com Deus—e portanto, à vida. Mas antes de Pentecostes, havia ainda algo bastante misterioso para eles sobre todo o assunto. Enquanto eles já sabiam que Jesus, o Messias, fora ressuscitado dentre os mortos, eles viram pouco dele, e finalmente deixou-os completamente. Que estranho! Quando visto pela última vez por eles, disse-lhes que esperassem em Jerusalém até que eles deveriam receber mais instruções por meio do Espírito Santo. Certamente essas coisas devem ter parecido para os discípulos, como um processo muito estranho por parte daquele a quem eles ainda acreditavam ser o Messias prometido.

Não foram somente os primeiros discípulos que ficaram perplexos por um tempo com esta reviravolta ainda mais inesperada nos acontecimentos, mas muitos já não compreendiam o seu verdadeiro significado, e como resultado, desenvolveram teorias erradas. Se Jesus não veio para estabelecer um reino literal sobre a terra, então, outro motivo para sua vinda deveria ser descoberto, daí a muitos parecia lógico concluir que a sua vinda, morte, e ressurreição foram a fim de que as pessoas pudessem ser salvas das torturas do inferno e levadas para o céu quando morressem. Mas o Messias veio para estabelecer um reino terreno e abençoar todas as famílias da terra no tempo devido de Deus, como veremos.

Raciocinando como afastar mais e mais o tormento do deus da Idade das Trevas, eles querem saber por que quase dois mil anos se passaram desde que Jesus deixou os seus discípulos, mas o mundo ainda hoje está mais sob o controle do egoísmo, e tem menos fé no Messias do que nunca antes. Mentes pensantes perguntam por que, se Jesus veio converter o mundo e salvá-lo do fogo do inferno, parece ser tão pouco o progresso ao longo deste tempo, e, também, se for o propósito messiânico estabelecer um reino terreno, e assim abençoar as pessoas com vida e felicidade, por que isto ainda não aconteceu.

Se a Bíblia é a Palavra de Deus, como alegamos que é, então deveríamos esperar encontrar estas, assim como a nossas outras perguntas razoáveis totalmente respondidas nela. Mas devemos lembrar, assim como a Palavra declara, que os caminhos de Deus são maiores do que os nossos caminhos, e os seus pensamentos maiores que os nossos pensamentos. (Is 55:8-11) Isto não significa que não devemos perguntar para chegar a uma compreensão dos pensamentos de Deus, pois ele nos pediu para raciocinar juntos com ele. (Isaías 1:18) Quando aceitamos o convite para raciocinar com o Criador, através da sua Palavra inspirada, percebemos que isto satisfaz as nossas mentes e os nossos corações.


(A quarta parte desta série será publicada na edição de Março-Abril 2011 desta revista)



Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora