VIDA E DOUTRINA CRISTÃ

O Evangelho Eterno – Parte II

O Reino — O Juízo — A Ressurreição

De acordo com as escrituras já examinadas, é claro que o reino de Cristo, no dia de julgamento, e o dia da ressurreição prometidos por Deus são o mesmo período de tempo. Estes termos são descritivos, cada um a sua própria maneira, da grande obra que se cumprirá durante a era de mil anos no plano divino.

Desde um ponto de vista será como um reinado, já que resultará no restabelecimento da vontade de Deus nos corações da raça humana, isto é, de todos os que obedecem as leis daquele reino. É por isto que nos ensinaram a orar, “Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu.”

Desde outro ponto de vista, o trabalho daqueles mil anos será um de prova, de julgamento e de disciplina. Com cada indivíduo um veredicto final será pronunciado, indicando se merecem ou não a vida eterna. As Escrituras ensinam que Jesus será o Juiz supremo durante aquele tempo, bem como o grande Rei. —Salmos 72:8; Atos 17:31

Além disto, os mortos serão ressuscitados e se lhes dará a oportunidade de viver para sempre. De modo que a palavra ressurreição também nos dá um entendimento ainda mais compreensivo da maneira na qual “serão benditas todas as famílias da terra.” serão abençoadas por meio da Semente de Abraão. (Gên. 12:3; 22:18; Gál. 3:8, 16, 27-29) Paulo afirmou que “há de haver ressurreição de mortos, tanto dos justos como dos injustos. ” —Atos 24:15

Esta obra tríplice de Cristo, a Semente prometida de bênção, é o que Pedro descreve como os “tempos da restauração de tudo.” (Atos 3:19-21) E como Pedro tão claramente demonstra, isto segue o regresso de Cristo. Naquele tempo a vontade de Deus será restaurada pelo governo de Cristo. A justiça será restaurada pelos processos educativos e disciplinares dos julgamentos do Senhor. E a vida eterna será outorgada aos que se qualificam ao obedecer a vontade de Deus, e ao demonstrar seu amor pela justiça.

Satanás Será Preso

A obra durante o milênio capta nossa atenção ao capítulo 20 do Apocalipse. Nos versículos de abertura asseguram-nos que Satanás, o Diabo será preso no princípio dos mil anos — “para que mais não engane as nações.” Alguns têm mal interpretado este versículo dizendo que Satanás é preso em virtude do fato de que todas as nações estejam mortas, e por isso, não haverá ninguém que ele possa enganar.

O que esta interpretação realmente significa é que as nações serão presas em vez do Diabo — isto é, presas no grande cárcere da morte. O Diabo, segundo esta distorção do significado bíblico, estará vagando daqui para lá sobre uma terra desolada por mil anos, “preso” porque todos seus subordinados estarão mortos.

A passagem principal que se utiliza em um esforço para provar a teoria de que a terra inteira estará vazia e desolada durante os mil anos do reino de Cristo é Jeremias 4:23-27. A base desta “prova” é o fato de que algo da linguagem usada nesta passagem é semelhante ao que se utiliza em Gênesis para descrever a terra antes da criação do homem. Isto dá a entender que a terra estará “assolada”, ou vazia de novo durante o milênio.

No entanto, esta passagem bíblica não está relacionada nem da mais mínima maneira com os mil anos do reinado de Cristo. É parte da profecia de julgamento de Jeremias que ocorreria sobre Israel natural, advertindo de antemão ao povo que seriam tirados de sua terra, e que suas cidades e sua terra ficariam desoladas. Esta profecia cumpriu-se durante os setenta anos de seu cativeiro em Babilônia. Esta mesma desolação foi predita também em Levítico 26:31-35, onde se usa linguagem semelhante. Portanto, a profecia não tem nada que ver com a desolação do planeta senão unicamente com a “terra” de Israel.

O Abismo

Em Apocalipse 20:2, 3 diz-se que Satanás foi lançado ao “abismo.” Segundo a interpretação absurda que Satanás é preso em virtude do fato de que não haverá ninguém mais para enganar, isto significaria que o “abismo” é uma terra desolada e desabitada. Mas, corroboram as Escrituras esta idéia? Cremos que não.

O abismo também se menciona em Apocalipse 11:7 e 17:8. Mas, por nenhum esforço da imaginação pode-se-lhe interpretar estes versículos a uma terra desabitada de todos os habitantes humanos. Os dois falam de uma “besta” que sai do abismo para retomar as atividades dentre os humanos que habitam na terra. No segundo caso vê-se uma prostituta ou meretriz sentada sobre a “besta”.

Geralmente, muitos estudantes da Bíblia estão de acordo de que esta besta simboliza um governo corrupto que em outro tempo governava a Europa e cujo governo foi eclipsado por um tempo. Apesar de quão definitivo possamos estar em identificar este poder malévolo, é óbvio que enquanto estão no abismo, as nações seguirão existindo na terra. De modo que tal como milhões de pessoas têm vivido na terra durante o tempo que esta besta esteve no abismo, do mesmo modo a raça humana seguirá vivendo através dos mil anos enquanto o Diabo está no abismo. Tal como o abismo simboliza uma condição na qual a besta foi restringida de seu poder para governar, do mesmo modo simboliza também uma restrição semelhante que será imposta sobre Satanás, para que não possa enganar mais às nações até que se tenham acabado os mil anos do reinado de Cristo.

Nos tempos antigos, os prisioneiros freqüentemente estavam presos em correntes. Algumas vezes estavam acorrentados a bolas de ferro pesadas, outras vezes a guardas. Por isso, o Senhor nos informa que Satanás será preso com uma “grande corrente”. Satanás é um ser espiritual, de modo que neste caso devemos considerar a corrente como algo simbólico do poder divino que restringirá a Lúcifer caído através dos mil anos quando não se permite que engane as nações ou povos.

Reinando com Cristo

Apocalipse 20:4 diz-nos que os que viverão e reinarão com Cristo por mil anos ressuscitarão dentre os mortos na “primeira ressurreição” com este propósito. Estes são os que sofrem e morrem com Jesus para que possam viver e reinar com ele. São “decapitados” por causa do testemunho de Jesus; isto é, aceitam a liderança de Cristo em suas vidas, e deste modo chegam a ser membros de seu corpo místico.

O Apóstolo Paulo refere-se a eles como os que são “batizados” em Cristo, e deste modo chegam a ser associados com ele como a semente prometida de Abraão pela qual serão abençoadas todas as famílias da terra. (Gál. 3:27-29) Sim, todos os cristãos verdadeiros que de boa vontade sofrem e morrem com Cristo podem-se alegrar na esperança de reinar em seu reino. Quando os discípulos maravilharam-se dos milagres que Jesus realizava, ele lhes disse que eles fariam obras ainda maiores — uma referência, sem dúvida, a seus privilégios futuros quando estejam glorificados com Cristo e estejam reinando com ele em seu reino milenar.

(A terceira e última parte deste artigo será publicada na edição de Janeiro-Fevereiro de 2010)



Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora