DESTAQUES DA AURORA

Em Memória de Cristo

“E tomando pão, e havendo dado graças, partiu-o e deu-lhe, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós.”
— Lucas 22:19,20

A DATA deste ano para a Ceia Memorial irá ocorrer na quinta-feira à noite, no dia 14 de abril, após o pôr do sol. É a data apropriada para comemorar a morte de Jesus, nosso Redentor, sendo o aniversário do dia em que foi condenado à morte e crucificado há quase vinte séculos.

A Ceia Comemorativa celebrada todos os anos por cristãos dedicados em toda a terra está associada à Páscoa de Israel, estabelecida por Deus em conformidade com o foi registrado no Êxodo 12:1-14. A Comemoração não é uma continuação da Páscoa de Israel, nem é o cumprimento da Páscoa. Jesus, por sua morte sacrificial como o “Cordeiro de Deus”, cumpriu o quadro da Páscoa. (João 1:29) Nossa Comemoração agora é em comemoração da morte de Jesus, o Cordeiro Pascal maior. O Apóstolo diz: “Cristo, nosso cordeiro pascal, foi sacrificado. Celebremos, portanto, a festividade.” — I Cor. 5:7,8, Traduzido da Versão Padrão em Inglês

A Páscoa original, celebrada pelos judeus na noite anterior à sua libertação do Egito, estava intimamente associada a essa libertação. Da mesma forma, vemos que o sacrifício de Jesus, o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”, possibilita a libertação de toda a humanidade da escravidão do pecado e da morte. Na primeira celebração da Páscoa de Israel, os primogênitos de cada família estavam em perigo direto de morte. A segurança deles dependia da proteção do sangue do cordeiro pascal que havia sido sacrificado. E desta forma, eles foram protegidos da morte e depois libertados, sendo representados na tribo levítica como os servos de toda a casa de Israel. — Êx. 11:4-7; 12:12,13; Num. 3:11-13

Nesta era cristã, descobrimos que há também uma classe de “primogênitos” que estão em perigo direto de morte e que estão sob a proteção do sangue de Jesus, o Cordeiro Pascal maior. O apóstolo Paulo se refere a este grupo como a “igreja dos primogênitos, que estão escritos nos céus.” (Heb. 12:23) Estes, como os primogênitos de Israel, são protegidos pelo sangue e mais tarde entregues à “gloriosa liberdade dos filhos de Deus”. (Rom. 8:21) Juntamente com Jesus, eles se tornarão os líderes do povo no reino vindouro de Deus. Por meio de sua administração, todas as famílias da Terra serão finalmente libertas do pecado e da morte, restauradas à perfeição original e à vida perdida pelo pecado de nossos primeiros pais. — Rom. 5:12,18,19; Lucas 19:10; Atos 3:20-25

A condição sob a qual esta classe primogênita teve a permissão para viver e reinar com Cristo e compartilhar com ele na obra futura da libertação da humanidade, é que eles sofram e morram com ele. (Rom. 8:17; II Tim. 2:11,12) Jesus foi levado “ao matadouro, e como a ovelha ficou mudo perante os seus tosquiadores, de modo a não abrir a boca”. Da mesma forma, diz-se que a igreja será “dizimada todos os dias” e “contada como ovelha que vai para o matadouro.” — Isa. 53:7; Rom. 8:36

O QUE GUARDAMOS NA NOSSA MENTE

A partir do resumo anterior dos pensamentos associados à Ceia Comemorativa, podemos ver que em primeiro lugar em nossas mentes e corações, nesta ocasião, deve estar o grande amor do Pai Celestial, como foi demonstrado no dom de seu unigênito Filho. (João 3:16; II Cor. 9:15) Nosso apreço pelo amor de Deus deve, de fato, aumentar ao refletirmos sobre o grande empenho envolvido no envio de seu Filho amado para morrer em nome de toda a humanidade.

Nossa apreciação sobre Jesus também deverá aumentar. Enquanto o Pai Celestial em seu amor enviou seu único Filho, também é verdade que nosso Senhor participou de bom grado deste planejamento divino. Os sentimentos de seu coração sempre foram: “Eu me deleito em fazer a tua vontade, ó meu Deus: sim, a tua lei está dentro do meu coração”. (Ps. 40:7,8; Heb. 10:5-7) Nossa gratidão a Deus e a seu Filho, Jesus, pela grande dádiva da redenção será na proporção da nossa compreensão da plenitude de tudo que está implícito em tão maravilhosa provisão para a humanidade sofredora e moribunda.

Compreender plenamente o que a morte de Jesus significa, deverá nos conduzir à humildade, pois nos impressionamos com a nossa própria condição imperfeita e desfeita. Deveria nos ajudar a percepção de que não temos nada de nosso de que possamos nos vangloriar, nem com que possamos recomendar-nos ao Senhor e esperar o seu favor. (Ef. 2:8,9) Deve nos ajudar a entender mais plenamente o significado vital daquelas bem conhecidas palavras do hino: “Em Cristo, a Rocha sólida, eu me firmo; Todos os outros motivos são areias movediças."

À medida que somos lembrados de nossas próprias imperfeições e da necessidade de estarmos sob a proteção do sangue de Jesus, devemos nos tornar cada vez mais solidários com os outros, especialmente com nossos irmãos. É uma tolice imensa criticar os outros por causa de suas fraquezas, quando, na verdade, somos afligidos por imperfeições similares, e possivelmente ainda maiores, do que aqueles indivíduos que estamos julgando e menosprezando.

Na noite da primeira Ceia Memorial, instituída pelo próprio Mestre, havia uma pessoa presente, Judas, que tinha no coração a vontade de trair o Senhor. Convém, portanto, que ao aproximar-se o momento da celebração da Memória deste ano, cada um dos consagrados verifique cuidadosamente o próprio coração, para se certificar de que não está julgando e condenando, traindo um dos irmãos do Senhor. — I Cor. 11:27,28

Na Páscoa dos israelitas, eles foram ordenados a ter suas casas livres de todo fermento ou fermento. Ao comemorarmos a morte do Cordeiro de Deus, é importante que tenhamos nossos corações desprovidos do fermento do pecado. Que possamos, de fato, examinar a nós mesmos para ter certeza de que nossos corações estão cheios de amor e compaixão para com todos, e que estamos prontos a dar as nossas vidas pelos nossos irmãos. — I Cor. 5:7,8; João 15:12,13

UMA VERDADEIRA EXPRESSÃO DE AMOR

No décimo terceiro capítulo do 1o. Versículo do Coríntios, o apóstolo Paulo enumera diversas características do amor, entre as quais está sua afirmação de que o amor “não busca os seus próprios interesses”. (vs. 5) Vemos essa característica específica do amor do Mestre em evidência no momento em que instituiu o Memorial original. Foi o amor que não busca os seus que impeliu Jesus a fazer o sacrifício supremo em favor da igreja e do mundo. Foi esse amor também que permitiu que ele se dirigisse ao traidor, Judas, como “amigo”. (Mateus 26:47-50) Jesus não havia cometido nenhum mal pelo qual deveria sofrer. Ele sempre foi justo, justo e em harmonia com a vontade de seu Pai. No entanto, ele voluntariamente se rendeu a seus acusadores e se permitiu não somente ser traído, mas também crucificado. Aqui estava o exemplo final de como o amor divino não busca o que é seu.

Convém, ao nos lembrar da morte do nosso Redentor e ao procurar entender melhor as razões que levaram a este sacrifício extremo, que examinemos o nosso próprio coração para nos certificar de que está cheio de amor verdadeiro que “não está visando” os seus próprios intentos. Este exame interno é possibilitado se observarmos a nossa atitude para com aqueles que sentimos que podem ter nos prejudicado de alguma forma. Temos o espírito de retaliação? Desejamos retribuir a altura? Achamos que a justiça exige que os erros dos outros sejam expostos e punidos publicamente? Por outro lado, é o amor que enche o nosso coração é inteiramente como o amor do Mestre que estamos dispostos a renunciar às exigências da justiça estrita e, não a buscar o nosso próprio, dar nossa vida pelos interesses de todos, mesmo aqueles que nos ofenderam?

O principal poder motivador do pecado é o egoísmo. Portanto, ao nos esforçarmos para purificar nosso coração do fermento do pecado, com o intuito de participarmos da Ceia Comemorativa de maneira aceitável, é bom que observemos até que ponto nossos pensamentos, palavras e ações são motivados pelo interesse próprio, e não pelo desejo de conhecer e fazer a vontade do Pai. O interesse próprio pode se manifestar em várias linhas. Por exemplo, pode ser um desejo de conforto, prazer, saúde, riqueza, ter nosso próprio caminho ou ambição. Se encontrarmos tais áreas de fraqueza, não há melhor momento para nos dedicarmos novamente a fazer a vontade de Deus do que quando comemoramos a morte de Jesus, nosso Redentor. Ao fazer isso, devemos ter plena compreensão do fato de que, ao deixar de lado o interesse próprio e cumprir a vontade de Deus, nós também, como Jesus, seremos conduzidos nos caminhos do serviço e sacrifício em favor dos outros.

O PÃO E A TAÇA

Jesus e seus discípulos estavam reunidos no “cenáculo” para comer a ceia da Páscoa. Aparentemente, foi no final disso que o Mestre tomou alguns dos pães ázimos e alguns dos frutos da videira que haviam sobrado e instituiu a Ceia Comemorativa. (Lucas 22:7-15; Mat. 26:26-29) Ele tomou o pão e, depois de abençoá-lo e parti-lo, deu-o aos seus discípulos, e disse: “Tomai, comei: isto é o meu corpo, que é partido por vós”. (I Cor. 11:24) O Mestre quis dizer que este pão representava simbolicamente seu corpo, e ao participar dele os discípulos diziam que se apropriaram alegremente da vida que se tornou possível por meio do sacrifício da humanidade de Jesus.

No início de seu ministério terreno, Jesus declarou: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue terá a vida eterna”. E acrescentou: “Pois a minha carne é verdadeiramente comida, e o meu sangue é, na verdade, bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue está em mim e eu nele.” Os discípulos acharam muito difícil compreender o significado dessas palavras e disseram entre si: ““Duro é este discurso; quem o pode ouvir.” — João 6:54-56,60

Quando Jesus notou as dificuldades dos discípulos, ele tentou explicar. “É o Espírito que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e são vida”. (v. 63) Esta foi a maneira encontrada por Jesus para explicar que ele não quis dizer que os discípulos deveriam comer sua carne no sentindo literal da palavra ou então beber o seu sangue, pois isso, ele diz, “não é proveitoso”. Antes, sua explicação indicava que a maneira como os seus seguidores comeriam a sua carne e beberiam o seu sangue seria por meio da obediência às suas palavras vivificantes. A obediência às palavras de Jesus significa o reconhecimento de nossas próprias imperfeições e a necessidade de sua obra redentora em nosso favor. Além disso, implica uma dedicação total para fazer a vontade de Deus, o que significa que aceitaremos o convite de negarmos a nós mesmos, tomarmos a nossa cruz e seguirmos a Jesus. — Mat. 16:24

A obediência às palavras do Mestre, pelas quais nos apropriamos de seu corpo em pedaços e derramamos sangue, significa que nós, como ele, estaremos dispostos a entregar nossas vidas em prol do nosso serviço e sacrifício. (Rom. 12:1) Esta é a única condição sob a qual alguém pode receber a vida nesta Era Evangélica. Jesus deixou isso claro quando disse: “Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por minha causa, achá-la-á.” — Mat. 16:25

Esta foi a maneira do Mestre de expressar o pensamento explicado mais tarde pelo Apóstolo Paulo quando ele disse que temos o privilégio de sermos batizados na morte de Jesus – “plantados juntos à semelhança de sua morte”. Sendo plantados juntos à semelhança de sua morte, temos a esperança de ser “à semelhança de sua ressurreição”. Morremos com ele para que possamos viver com ele. Sofremos com ele para podermos reinar com ele. — Rom. 6:3-5; II Tim. 2:11,12

Assim visto, fica claro que quando tomamos os emblemas da Comemoração dos pães ázimos e do fruto da videira, isso simboliza que estamos aceitando a dádiva de Deus em nosso nome. Além disso, reconhecemos que a única resposta adequada a este dom da redenção através de Cristo nos tempos atuais é nos apresentarmos a Deus em modo de consagração, tomar a nossa cruz e seguir o Mestre em todos os aspectos das nossas vidas - em pensamento, palavra e ação.

O SANGUE DA NOVA ALIANÇA

Como já observamos, na manhã seguinte à morte do cordeiro pascal no Egito, todo o Israel foi libertado. Isso representa a libertação de toda a humanidade do pecado e da morte, que segue a passagem da “igreja dos primogênitos” durante a noite desta Era Evangélica. É importante, portanto, que ao lembrarmos da morte de Jesus, tenhamos em mente que a salvação e exaltação da classe “primogênita” não é a conclusão do plano e propósito divinos. Devemos lembrar que a morte e ressurreição de Jesus e da igreja, que vem na “primeira ressurreição”, estão levando à libertação de toda a humanidade durante o reino de Deus. (I Cor. 15:20; Rev. 20:6) O apóstolo Paulo declara: “Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora, … aguardando ansiosamente a revelação dos filhos de Deus.” — Rom. 8:22,19, Versão Padrão Internacional

Ao instituir a Comemoração da sua morte iminente, Jesus lembrou os seus discípulos da provisão que estava sendo feita, não somente para eles, mas também para o mundo. Ele disse sobre o cálice, que continha o fruto da videira: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue”. (Lucas 22:20, Tradução Literal de Young) Esta é uma referência à promessa da Nova Aliança que será feita durante o reino messiânico, por meio da qual o mundo inteiro ainda será reconciliado com Deus. — Jer. 31:31-34; Atos 15:14-17

É apropriado que Jesus se refira ao cálice como uma simbolização do sangue da Nova Aliança. O fato de que a criação de uma Nova Aliança é necessária e deve ser realizada por meio do sangue derramado de Jesus, implica que aqueles com quem ela deve ser feita estão atualmente alienados de Deus. Na época em que Jesus proferiu essas palavras, tanto a nação de Israel como o mundo inteiro estavam alienados de Deus em decorrência do pecado. E isso ainda ocorre atualmente. O único meio pelo qual a penalidade pelo pecado pode ser anulada é através da obra redentora de Cristo. Seu sangue, portanto, garante a futura instituição desta Nova Aliança, pela qual Israel e os povos de todas as nações podem ser recuperados e abençoados.

Deste modo, entendemos que o sangue de Jesus tem um duplo benefício. Primeiro, é a fonte de vida para a igreja, e aquilo que converte o seu sacrifício em algo aceitável, durante esta Era Evangélica. Em segundo lugar, é também o seu sangue que possibilita as bênçãos da vida eterna que mais tarde serão oferecidas ao mundo da humanidade em geral. (I Pet. 1:18-20; 1 João 1:7; Col. 1:19,20) O apóstolo João explica claramente o assunto, afirmando que Jesus “é um sacrifício expiatório pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo.” — I João 2:2, Novo Testamento de Weymouth

Seremos abençoados se, ao participarmos da Ceia Memorial em 2022, tivermos em mente estes pontos de vista altruístas. É uma lembrança, antes de tudo, do dom do amor de Deus em favor de toda a humanidade. Também nos lembra do grande privilégio que temos de compartilhar altruisticamente, nos tempos atuais, por meio do serviço e sacrifício no ministério de Cristo, e em preparação para a obra da próxima era. Finalmente, devemos ter em mente que através do sacrifício de Jesus e da igreja as bênçãos da restituição serão finalmente administradas a um mundo moribundo. Em resumo, comemoramos esta tríplice manifestação do grande princípio do amor divino. É esse amor que o próprio Deus demonstrou; amor que Jesus exemplificou ainda mais; e amor que deveria estar enchendo nossos corações. Esse mesmo amor divino finalmente se manifestará na bênção de todas as famílias da terra.

Todos aqueles que reconhecem a sua necessidade da obra redentora de Cristo, e se consagraram plenamente para fazer a vontade do Pai, são convidados a participar da Ceia Memorial. Estes, de fato, devem participar e, assim, renovar os seus votos de consagração. Sendo lembrado disso, cada um deve resolver novamente ser fiel até a morte. Portanto, “corramos com paciência a carreira que nos está proposta, tomando a Jesus como exemplo, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.” — Heb. 12:1,2



Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora