DESTAQUES DA AURORA

Vencer o mundo

“No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” — João 16:33

À MEDIDA QUE JESUS se aproximava do fim de seu ministério na carne, ele estava mais do que nunca preocupado com o bem-estar de seus discípulos. Ele sabia que sem a iluminação do Espírito Santo eles não seriam capazes de entender completamente o significado dos eventos aparentemente trágicos que logo ocorreriam relacionados com ele. No entanto, ele se esforçou para preparar a mente e o coração deles do melhor modo possível, para que não tropeçassem completamente e, com isso, não estivessem prontos para entrar nos privilégios da Era do Evangelho, que começaria no Pentecostes. Assim, ele ministrou diretamente a eles e orou por eles com esse objetivo.

Os discípulos já haviam aprendido que ser um seguidor do humilde Nazareno não lhes trazia a boa vontade e a aprovação do mundo, especialmente o mundo religioso daquela época. Embora houvesse momentos em que as multidões se reuniam em torno de seu amado Mestre, muitas vezes o motivo era o benefício material que esperavam receber dos milagres que ele fazia, “comer dos pães” e ficar “satisfeitos”. (João 6:26) Poucos se interessaram a ponto de estarem dispostos a fazer sacrifícios para serem discípulos de Jesus, e muitas vezes havia uma clara oposição manifestada em relação a ele.

Antes de Jesus ser crucificado, seus discípulos provavelmente pensavam que, de algum modo, ele superaria essa oposição e se tornaria o líder aceito e o rei de Israel e, por fim, do mundo inteiro. Não havia escrito o profeta que “do incremento deste principado e da paz”, não haveria fim? (Isa. 9:7, ARC) Os discípulos ainda não sabiam que primeiro era necessário que ele sofresse e morresse em favor do mundo antes que as profecias relativas à glória do seu reino se cumprissem. (Lucas 24:26) Eles tinham a esperança de compartilharem da glória do Mestre, cujo tempo acreditavam estar próximo.

Jesus não negou aos seus discípulos o fato de sua morte iminente, mas de alguma forma eles achavam que o que ele havia dito sobre isso devia ter outro significado. “Minha carne… eu darei pela vida do mundo”, dissera ele. (João 6:51) Disse-lhes também que deveria ir a Jerusalém, onde sofreria muitas coisas e, por fim, seria morto. Ao ouvir isso, Pedro disse: “De modo nenhum te acontecerá isso”, indicando que achava que Jesus estava equivocado em estimar a força de seus inimigos, ou que ele poderia ser dissuadido de se expor de maneira imprudente ao perigo. — Mat. 16:21, 22

Jesus, no entanto, queria dizer exatamente o que ele disse sobre sua morte que se aproximava rapidamente, embora os discípulos não conseguissem acreditar que isso realmente ocorreria. Jesus sabia que ainda estavam vendo seus privilégios de discipulado, em grande parte, do ponto de vista das vantagens materiais da glória que esperavam alcançar por estarem associados a ele. De fato, eles o amavam e amavam a causa messiânica, e estavam convencidos de que ele era o líder divinamente designado, mas ainda não entendiam claramente (como entenderam mais tarde) que haveria sofrimento e morte associados a essa causa, bem como glória e honra. Os profetas predisseram os “sofrimentos de Cristo”, bem como a “glória que se seguiria”, mas até então conheciam apenas a glória prometida e esperavam compartilhar dessa glória. — 1 Ped. 1:10, 11; Isa. 53:1-12

Jesus sabia disso, então, nos últimos dias de seu ministério, ele se esforçou para prepará-los para a experiência que Jesus previa que teriam. “Se o mundo os odeia”, ele disse, “tenham em mente que antes odiou a mim. mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia. Lembrem-se das palavras que eu lhes disse: nenhum escravo é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também perseguirão vocês.” “Tenho-lhes dito tudo isso”, continuou dizendo o Mestre, “para que vocês não venham a tropeçar. Vocês serão expulsos das sinagogas; de fato, virá o tempo quando quem os matar pensará que está prestando culto a Deus.” — João 15:18-20; 16:1, 2, NVI

Parece não haver maneira de entender mal o significado de declarações como essas, pois falam de calamidade iminente. Além de dizer aos seus discípulos que a morte poderia ser a recompensa por segui-lo, ele também advertiu: “Aproxima-se a hora… quando vocês serão espalhados cada um para a sua casa. Vocês me deixarão sozinho. Mas, eu não estou sozinho, pois meu Pai está comigo.” (João 16:32, NVI) Declarações como essas, vindas de uma fonte confiável, certamente seriam responsáveis por causar medo e um pressentimento de desastre futuro. No entanto, Jesus explicou: “Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo.” — v. 33

Palavras como essas parecem uma forma estranha de animar as pessoas e acalmar seus corações. É bom notar, porém, que não era exatamente o aviso de uma tribulação vindoura que daria aos discípulos paz e bom ânimo, mas o fato de que, quando ela chegasse, eles entenderiam seu significado e perceberiam que estavam tendo o privilégio de sofrer com ele. Jesus também queria que eles soubessem que ele venceu o mundo, e que eles também receberiam forças para vencer o mundo se continuassem sendo seus discípulos. Com essa garantia de vitória, eles poderiam ter “bom ânimo” apesar da oposição do mundo. Saber que estavam sofrendo com seu Mestre não diminuiria a dor, mas lhes daria coragem para continuar.

A GUERRA CRISTÃ

No exemplo dado pela própria vida e ministério de Jesus, e por meio de seus ensinamentos, bem como dos ensinamentos de seus apóstolos, fica claro que a vida cristã é uma vida de luta contra a oposição. É uma guerra na qual combatemos inimigos formidáveis, que certamente nos dominariam, caso não recebêssemos força divina para superá-los. Satanás, o diabo, é o líder de nossos inimigos e seus aliados são o mundo e nossa própria carne decaída. (1 Ped. 5:8) Quais Novas Criaturas em Cristo Jesus, temos inimizade contra todos esses três, e essa luta continuará enquanto estivermos na carne.

Termos bíblicos como “mortificar” e “crucificar” (Col. 3:5; Rom. 6:6; Gál. 2:20; 5:24; 6:14) descrevem nossos esforços para subjugar a carne. O apóstolo Paulo escreveu sobre si mesmo: “Trato o meu corpo duramente e o obrigo a ser completamente controlado.” (1 Cor. 9:27, NTLH) Por outro lado, o termo “vencer” é usado no Novo Testamento para descrever a vitória dos cristãos sobre Satanás e sobre o mal, que é a base do mundo do qual ele é o príncipe. “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem”, escreveu Paulo. (Rom. 12:21) João fala em vencer “o Maligno”. (1 João 2:13, 14) Ele também escreve que aquele que “nasceu de Deus vence o mundo”. — 1 João 5:4

O apóstolo João ficou muito impressionado com o que o Mestre disse sobre vencer o mundo, pois, além de registrar isso em seu Evangelho (algo que Mateus, Marcos e Lucas não fizeram), ele amplia esse tema em suas epístolas. João também parecia apreciar muito o pensamento do amor divino conforme manifestado quando Jesus foi enviado para ser o Redentor do homem. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito”, registra ele. (João 3:16) Com referência ao nosso privilégio de coerdeiros com Jesus, ele escreve: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus.” — 1 João 3:1-3

Ao considerarmos a questão de vencer o mundo, seria útil nos lembrar de que tem havido dois grandes princípios operando na Terra desde o pecado original do homem. Estes são o amor e o egoísmo — ou o bem e o mal. Foi provavelmente a visão clara do apóstolo João sobre o amor divino e seu significado para as criaturas de Deus, que o ajudaram a discernir a importância da declaração do Mestre sobre vencer o mundo. Para João, isso significava que Jesus tinha sido vitorioso sobre o espírito maligno e egoísta do mundo.

O Criador, nosso Pai Celestial, é o autor do amor e, ao longo das eras, tem sido seu promotor. Satanás é o promotor do egoísmo. Esses dois princípios estão em guerra entre si desde a queda do homem. Os verdadeiros cristãos, aqueles a quem Deus chamou para servi-lo e que são fiéis aos termos de seu chamado, têm sido motivados unicamente pelo amor. Eles têm sido “gerados por Deus”, isto é, pelo seu Espírito. (1 Ped. 1:3; 1 João 5:18) O restante da humanidade, em maior ou menor grau, tem passado pela vida com o princípio do egoísmo os controlando amplamente. É certo que nem todos foram voluntariamente maus, injustos ou indelicados. O homem foi criado à imagem de Deus, e os traços dessa imagem ainda permanecem e se manifestam em atos de bondade por parte de muitos.

Por mais que tais atos sejam louváveis, não são apenas atos bondosos, nem atos de caridade, que nos faz vencer o mundo e seu espírito, conforme o exemplo de Jesus. Pelo contrário, a questão é termos um ponto de vista diferente sobre o objetivo da vida, isto é, em vez de vivermos para nós mesmos, devemos viver para Deus e dedicar nossa vida ao seu serviço. Tem-se dito que a autopreservação é a grande lei da natureza. Isso é indubitavelmente verdadeiro com relação a todas as ordens inferiores das criaturas de Deus aqui na Terra, e isso é apropriado. É só por causa do pecado e do mau governo de Satanás que essa lei tem sido adotada pelos seres humanos como o motivo dominante da vida.

Defender egoisticamente seus próprios interesses tem se tornado um modo de vida tão prevalente no mundo que é considerado normal e louvável. É um princípio que, em grande medida, governa o “presente mundo mal”, do qual Satanás é o “príncipe”. (Gál. 1:4; João 12:31) Isso também foi verdade durante eras passadas, em todos os muitos séculos desde que o homem perdeu a perfeição. Alguns, em vez de se deixarem levar pelas ondas de egoísmo que varreram a maioria da humanidade, nadaram contra a correnteza. Devotaram suas vidas altruisticamente a causas que eles esperam que, de alguma forma, melhorem o estado atual do homem, ou pelo menos aliviem o sofrimento dos que são incapazes de se ajudarem. Esses terão sua recompensa no devido tempo de Deus.

A única “causa” que realmente acabará com o egoísmo e estabelecerá o amor por toda a Terra como a força motivadora de vida é o plano de redenção de Deus por meio de Cristo. Os únicos, portanto, que podem verdadeiramente vencer o mundo no tempo presente, no sentido bíblico, são aqueles que seguem fielmente seus passos de sacrifício. Antes do primeiro advento de Jesus, havia alguns que abraçaram o espírito da causa messiânica e de bom grado dedicaram suas vidas a ele. Paulo lista algumas dessas pessoas no capítulo 11 de Hebreus. Moisés era um deles. “Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa.” — Heb. 11:24-26, ARC

João escreveu que a vitória que supera o mundo é a fé. (1 João 5:4) Com base nisso, Moisés foi um vencedor. Do ponto de vista do mundo, seria muito vantajoso para Moisés permanecer no Egito e aceitar a participação legal na família de faraó. Do ponto de vista do interesse próprio, ele tinha tudo a perder e nada a ganhar deixando ao defender a causa de seu povo. No entanto, como o apóstolo explica: “Pela fé, deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” (Heb. 11:27) Moisés tinha fé nas promessas de Deus e confiava que levar a vida em harmonia com essas promessas resultaria em seus melhores interesses eternos, mesmo que significasse a perda de quase todas as vantagens terrenas.

JESUS, O EXEMPLO MAIOR

Jesus é nosso maior e mais abrangente padrão de amor para um modo de vida. Ele não apenas nos deu um exemplo, mas também ordenou que seus seguidores demonstrassem amor, dizendo: “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros.” (João 13:34) No entanto, esse ponto de vista não foi compreendido nem apreciado pelas pessoas dos dias de Jesus, e seus próprios discípulos só entenderam sua real importância a partir do Pentecostes. Quando foi dito ao jovem rico que vendesse tudo o que tinha e desse aos pobres, ele se afastou pesaroso. Seguindo a lei da autopreservação, havia acumulado esses bens como proteção para o futuro e não estava preparado para a ideia de que algum dia teria de abrir mão de sua riqueza. — Mat. 19:16-22; Lucas 18:18-23

Até mesmo os discípulos ficaram perplexos com esse conselho para o jovem rico, que parecia refletir um descuido tão imprudente de todo interesse próprio. Comentando o incidente, Jesus explicou aos seus discípulos que seria mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus. Então eles perguntaram: “Quem então pode ser salvo?” Jesus não respondeu diretamente a essa pergunta, observando meramente: “Para o homem é impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis.” Então Pedro lhe respondeu: “Nós deixamos tudo para seguir-te! Que será de nós?” — Mat. 19:23-27, NVI

A importância da pergunta de Pedro é óbvia. “Nós deixamos tudo”, disse ele. Em outras palavras, ele estava lembrando ao Mestre que, como seus discípulos, eles haviam cumprido as condições de discipulado que ele procurou impor ao jovem rico. De fato, o “tudo” provavelmente não era tanto quanto o “tudo” do jovem, mas o princípio era o mesmo. Tendo feito esse sacrifício, naturalmente queriam saber o que poderiam esperar em troca. Esse foi o objetivo da pergunta de Pedro. Isso revela que ele ainda não havia captado o verdadeiro espírito do discipulado. Para ele, ainda era mais ou menos uma proposta de negócios, que ele esperava que lhe proporcionasse maiores retornos, pelo menos em honra e prestígio, do que seu negócio de pesca. Em vez de ser um pescador humilde, ele tinha a esperança de obter uma posição proeminente no reino do Messias para ser um governante, um príncipe e grande entre os homens.

Quando Jesus anunciou a seus discípulos que estava indo para Jerusalém e que esperava ser preso ali e condenado à morte, Pedro admoestou: “Nunca, Senhor! Isso nunca te acontecerá!”, ou, como diz a Tradução Literal de Young (em inglês): “Seja bondoso para contigo mesmo.” (Mat. 16:22) A resposta de Jesus a esse bem-intencionado conselho foi bem direta: “Para trás de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, e não pensa nas coisas de Deus, mas nas dos homens.” (vs. 23) Pedro estava tentando persuadir o Mestre de que ele deveria permitir que o interesse próprio o influenciasse a não ir a Jerusalém, onde ele sabia que seus inimigos haviam preparado uma armadilha para sua prisão. Ao fazer isso, Pedro estava inconscientemente defendendo a causa de Satanás, que sempre encoraja os homens a pensar primeiro em si mesmos.

As pessoas do mundo, das quais Satanás é o príncipe, naturalmente pensam primeiro em si mesmas na maior parte do tempo. Tornou-se o modo de vida dos homens desde os dias do Éden, mas não é o caminho de Deus. Jesus estava introduzindo um novo caminho — o do amor altruísta. No mundo de Deus, “onde habita a justiça”, esse é o único caminho pelo qual será permitido trilhar. (2 Ped. 3:13) No entanto, agora é o caminho que apenas os discípulos de Jesus trilham, inaugurado por Jesus durante seu ministério terreno.

Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por minha causa achá-la-á.” (Mat. 16:24, 25) Pedro havia aconselhado Jesus a salvar a sua vida, mas Jesus explicou a Pedro que quem se esforça para salvar a própria vida a perderá, ao passo que os que perdem a vida em sacrifício, a salvará. Os discípulos possivelmente não compreenderam a profundidade dessa afirmação naquele momento, mas foi simplesmente um método pelo qual Jesus explicou a diferença entre o caminho do interesse próprio e o caminho do amor — o amor que se manifesta por um interesse altruísta pelos outros.

Jesus estava, naquele momento, “perdendo a vida” sacrificialmente pelos outros — na verdade, pelo inteiro mundo da humanidade. Mais tarde, as mulheres que encontraram seu túmulo vazio foram instruídas a ir e dizer aos discípulos que ele havia ressuscitado dentre os mortos, e, nessa instrução, foi feita uma menção especial a Pedro: “Vão e digam aos discípulos dele e a Pedro.” (Mar. 16:7) É provável que Pedro não tenha compreendido muita coisa quando Jesus lhe explicou que os que perdem a vida no serviço divinamente dirigido por Deus, a salvaria. No entanto, agora parece que Jesus, ao chamar a atenção especial para o fato de sua ressurreição, estava fazendo com que a lição finalmente entrasse na mente e no coração de Pedro. Sem dúvida, o pensamento de Jesus foi: “Digam a Pedro que minha vida foi salva. Ele queria que eu a salvasse egoisticamente, evitando o privilégio do sacrifício. Como as pessoas do mundo, ele achou que era uma tolice que, em uma emergência, eu estivesse pensando nos outros e não em mim mesmo. Ele achou que eu deveria me proteger, mas quando você disser a ele que fui ressuscitado dentre os mortos, ele vai perceber que a minha vida foi salva no caminho de Deus, não por seguir o princípio mundano do ‘primeiro eu’.”

VENCER O MUNDO

Vencer o mundo significa que, ao vivermos de acordo com os termos da nossa consagração, nos opomos ao princípio do egoísmo que nos cerca por todos os lados e continuamos a entregar nossa vida altruisticamente ao serviço de Deus, da verdade e dos irmãos. Quais cristãos, fomos chamados para fora do mundo e devemos permanecer separados dele, sem permitir que sejamos influenciados por seu ponto de vista de interesse próprio. Ainda não é hora de reformar o mundo nem de mudar o prevalecente ponto de vista do “primeiro eu” para a atitude de auto sacrifício. Assim, nosso teste é continuarmos separados do mundo, abandonando o ponto de vista do “primeiro eu”, ao passo que nos esforçamos para entregar nossa vida pela causa do amor e da obra divinos.

Vencer o mundo tem implicações muito mais sérias do que simplesmente abster-se de participar de alguns de seus prazeres. De fato, muitos dos prazeres do mundo nascem do egoísmo e, portanto, devem ser evitados pelos que tentam vencer o mundo. Não devemos pensar, no entanto, que somos fiéis vencedores simplesmente porque nos afastamos dessas coisas.

Quais seguidores do Mestre, estamos sendo preparados para participar com ele na regência do novo mundo de Deus, portanto, estamos sendo treinados nos princípios do amor. Sob a influência do amor, estamos entregando nossas vidas em sacrifício. Isso não significa que não tenhamos alegria na vida. De fato, se estamos vivendo de acordo com nossos privilégios, teremos a alegria do Senhor. Se, por outro lado, não aprendemos a apreciar o caminho do amor e de sacrifício o suficiente para encontrarmos nele, e nas promessas de Deus associadas com esse caminho, uma porção plenamente satisfatória que mais do que supera todas as pequenas alegrias do mundo, devemos examinar nosso corações para descobrir o que está errado. Se tivermos que buscar os prazeres e passatempos do mundo enquanto entregamos nossa vida a Deus, teríamos sérios motivos para nos questionar se realmente estamos sendo vitoriosos no sentido mais pleno.

A tribulação da qual Jesus falou em nosso texto introdutório e que temos no mundo, será proporcional ao grau em que nosso caminho na vida é contrário ao espírito do mundo. O mundo ama os que são dele, explicou Jesus. (João 15:19) Se o mundo não encontrar nada em nós, ou no nosso modo de vida, que se oponha aos seus modos, então podemos muito bem questionar se o caminho que estamos tomando é o caminho da vitória.

No entanto, se estamos vencendo o mundo, estamos destinados, em algum momento e de alguma forma, a sofrer sua oposição, pois, “no mundo tereis aflições”. (João 16:33) No entanto, podemos “ter bom ânimo”, não porque nos alegramos com problemas, mas por causa dessa evidência de aprovação divina. Podemos nos alegrar por causa da nossa fé nas promessas divinas de que, embora agora estejamos perdendo nossa vida terrena, desistindo de tudo o que o mundo considera valioso, temos a certeza de alcançaremos a vida “em abundância”, pois, por ‘perseverarmos em fazer o bem’, estamos buscando “a glória e a honra e a vida imortal”. — João 10:10; Rom. 2:7, NTLH

“SIGAM-ME”

O mundo dos dias de Jesus se voltou contra ele e, por fim, o matou. Não devemos esperar um tratamento melhor hoje. Como Jesus explicou, o servo não pode esperar ser maior que seu Mestre. (João 15:20) A razão pela qual o mundo odiava Jesus era que seu modo de vida era contrário ao deles. Por meio de seu exemplo de sacrifício, ele condenou o egoísmo do mundo e, por seus ensinamentos, expôs os erros amplamente aceitos, ao mesmo tempo em que ensinava verdades impopulares.

Como seus discípulos, ouvimos o chamado do Mestre: “Sigam-me.” (Mateus 4:19) Seguir a Jesus significa muito mais do que simplesmente admirá-lo. Andar fielmente em seus passos significa que nossas experiências no mundo serão semelhantes às dele. Contudo, ele “venceu o mundo”, e também podemos fazer o mesmo, se, como ele, mantivermos em mente o grande objetivo da vontade divina e confiarmos na graça prometida do Pai Celestial para nos ajudar em tempos de necessidade. — Heb. 4:16

Visto que logo participaremos dos emblemas do Memorial este ano, devemos nos alegrar mais do que nunca no que eles significam como símbolos da morte de Jesus qual Redentor do homem. Lembremo-nos também que, por causa dessa grande obra redentora, agora temos o privilégio de morrer com Jesus, por entregarmos a vida para fazer a vontade de Deus. Se formos fiéis, seremos verdadeiros vencedores e teremos cumprido em nós mesmos a promessa do Mestre: “Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono.” — Apo. 3:21, NVI



Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora