ESTUDOS INTERNACIONAIS DA BÍBLIA |
Lição um
A parábola do servo não perdoador
Versículo-chave: “Você não devia ter tido misericórdia do seu conservo como eu tive de você?” Versículos selecionados: |
NESSA PARTE do discurso de Jesus sobre os pecados e ofensas, ele volta sua atenção para a nossa responsabilidade de perdoar os erros cometidos contra nós, especialmente os cometidos por nossos irmãos. Pedro perguntou sobre esse assunto: “Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?” — Mat.18:21
Pedro parece ter entendido que ele tinha que perdoar. Jesus já havia ensinado seus discípulos sobre isso por ocasião da oração-modelo, e eles evidentemente não haviam esquecido. (Mat. 6:14, 15) Pedro também sabia, por meio do significado da palavra, bem como do exemplo diário que viu no Mestre, que o verdadeiro perdão significava não guardar rancor contra o próximo, nem buscar vingança. Em vez disso, subentendia fazer apenas o bem e esquecer a ofensa.
Pedro, no entanto, tinha uma compreensão limitada do alcance total do perdão. Em sua pergunta, ele demonstrou acreditar que alguém que pecasse contra ele só seria perdoado um certo número de vezes, sugerindo sete como um número apropriado. Ele supôs que, se um irmão o tivesse injustiçado mais de sete vezes, ele não seria digno de perdão. Ele poderia então, justificadamente, não ter mais nada que ver com tal pessoa e deixar de se associar com ela. Talvez Pedro tenha pensado em Provérbios 24:16, que afirma: “Pois ainda que o justo caia sete vezes, tornará a erguer-se, mas os ímpios são arrastados pela calamidade.” Ele também pode ter se lembrado da profecia de Amós, que, em várias ocasiões, mencionou “três transgressões” e “quatro transgressões” que Deus não deixaria passar, supondo que isso significasse uma limitação rigorosa quanto ao perdão de Deus. — Amós 2:1, 4, 6
Jesus respondeu à pergunta de Pedro, dizendo: “Eu lhe digo: não até sete, mas até setenta vezes sete.” Aqui o Mestre expressou um número exagerado para dar a ideia de um número indefinido, pois ninguém iria literalmente ficar contando 490 [70 x 7] pecados cometidos contra ele por um irmão. Na verdade, não é apropriado que mantenhamos qualquer contagem de ofensas feitas contra nós por outros. Deus é o juiz, e qualquer retribuição ou castigo cabe a ele, não a nós, dar. (Deu. 32:35, 36) Mais importante, porém, é o fato de que Deus é muito misericordioso. Ele multiplica seus perdões e é cheio de compaixão. (Sal. 78:38, 39) Assim, somos ensinados a fazer do perdão nossa prática constante, fazendo com que a nossa resposta habitual seja a misericórdia, assim como no caso de Deus.
Após sua resposta a Pedro, Jesus contou uma parábola para mostrar a necessidade de perdoar os erros cometidos contra nós. Na parábola, um servo tem uma grande dívida para com o seu senhor perdoada. No entanto, o mesmo servo não está disposto a perdoar uma quantia muito pequena que um conservo lhe deve. Quando o senhor descobre isso, fica muito zangado com seu servo e exige que ele faça o pagamento integral de sua grande dívida, visto que não demonstrou compaixão por seu conservo que lhe devia apenas uma pequena quantia. — Mat. 18:23-34
Para os seguidores de Jesus, a lição da parábola é clara. Deus perdoou os nossos pecados adâmicos por meio da obra redentora de Cristo. (Efé. 1:3, 7) Nós recebemos um grande perdão. Assim, os pecados cometidos contra nós por nossos irmãos, que também foram perdoados por Deus, devem provocar em nós uma resposta semelhante de compaixão e misericórdia. Somente assim podemos cumprir aquilo que nos é exigido, “praticar a justiça, amar a misericórdia e andar humildemente com o nosso Deus”. — Miq. 6:8