VIDA E DOUTRINA CRISTÃ

A BUSCA PELO POVO DE DEUS — PARTE 1

A obra da Era do Evangelho começa

“E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim.” — Mateus 24:14, NVI

TEMOS O PRAZER de apresentar aos nossos leitores, em 2017, uma série de artigos sob o título geral “A busca do povo de Deus”. Esses artigos abordarão a formação e o desenvolvimento da Igreja Primitiva, iniciando com o ministério terreno de Jesus, e sua continuação por meio da obra dos apóstolos. A missão que Jesus deu em nosso texto de abertura — dar testemunho da mensagem do Evangelho em todo o mundo — começou a se cumprir com os esforços dos fiéis irmãos do primeiro século. De fato, sem o ministério desses primeiros servos do Senhor, não teríamos um entendimento das belas verdades do plano de salvação de Deus.

Segundo o conceito geral ensinado nas igrejas cristãs em todo o mundo, o propósito de Deus ter a mensagem do Evangelho proclamada agora é converter o mundo a Cristo e salvar as almas da humanidade. Se alguém ouvir a palavra e a aceitar, irá para o céu. Se ignorá-la, enfrentará o tormento eterno ou, no mínimo, a separação eterna de Deus. Um estudo cuidadoso da Bíblia, no entanto, revela que isso não é assim. Na era atual, o objetivo de Deus ao enviar sua Palavra é encontrar “um povo para seu nome”, uma expressão usada pelo apóstolo Tiago sobre os primeiros cristãos convertidos. — Atos 15:14

A busca por aqueles que serão da classe de Cristo tem progredido desde o tempo do primeiro advento de nosso Senhor até nossos dias — um período de quase dois mil anos. Observamos que, à medida que essa busca continua, seu objetivo não mudou, e não é diferente hoje do que era nos dias dos apóstolos. Só quando esse trabalho especial de seleção e preparação dos seguidores das pisadas do Mestre estiver concluído, Deus se voltará para o restante do povo, incluindo todos aqueles nas sepulturas, a quem ele levantará, para sua conversão através do Cristo — cabeça e corpo.

ISRAEL É FAVORECIDO PRIMEIRO

Ao olharmos para os dias iniciais da busca pelo povo de Deus, observamos, em primeiro lugar, a fidelidade do Pai Celestial ao cumprir sua palavra a Israel. Durante séculos, Deus tratou exclusivamente com a nação de Israel, assim como disse por meio do profeta Amós: “De todas as famílias da terra, somente a vós outros vos escolhi; portanto, eu vos punirei por todas as vossas iniquidades.” — Amós 3:2, ARA

Como indicado pelas palavras do profeta, o favor especial de Deus para Israel trouxe penalidades pela infidelidade. Entre essas punições estava seu cativeiro em Babilônia. Daniel, um dos que foram levados cativos, buscou a Deus em oração durante esse período de exílio, pedindo o retorno do favor ao seu povo. Deus respondeu a essa oração por meio do anjo Gabriel, que revelou a Daniel como Deus abençoaria posteriormente Israel com um período de favor.

Em Daniel 9:24-27, Gabriel fala das setenta semanas de favor a Israel. A chave para entender as características do tempo dessa profecia é obtida por meio de um contemporâneo de Daniel, o profeta Ezequiel, a quem esse detalhe vital foi dado por Deus: “Um dia te darei para cada ano.” (Ezequiel 4:6) As setenta semanas, então, não eram quatrocentos e noventa dias, mas, quatrocentos e noventa anos. Dentro das setenta semanas, no entanto, um período de sessenta e nove semanas — ou quatrocentos e oitenta e três anos — são mencionados, abrangendo o tempo em que o decreto sairia para “restaurar e edificar Jerusalém” até “ao Messias, o Príncipe.” — Dan. 9:25

Fiel ao anúncio profético de Gabriel, depois que Babilônia foi conquistada pela Medo-Pérsia, Ciro, o rei da Pérsia, fez um decreto para reconstruir o templo em Jerusalém. (Esdras 1:1-4) Esse decreto, porém, não era para reconstruir a cidade. A profecia de Daniel começou a se cumprir apenas quando Neemias pediu permissão ao rei Artaxerxes para reconstruir Jerusalém, e esse trabalho começou. (Neemias 2:1-6) Quatrocentos e oitenta e três anos depois, em 29 d.C., Jesus foi ao Jordão para ser batizado por João Batista. O Messias de Israel havia vindo e começado seu ministério terrestre.

Além disso, a profecia registrada no nono capítulo de Daniel declarou que o Messias seria “cortado, mas não para si mesmo”, e que isso aconteceria “na metade da semana”. (Daniel 9:26, 27) Três anos e meio depois que Jesus começou seu ministério, ele foi morto no meio dessa “semana” de sete anos.

ENVIADO SOMENTE PARA A CASA DE ISRAEL

Essa última semana de favor, de 29 a 36 d.C., foi de fato um momento muito importante, e foi particularmente mencionada na profecia de Daniel. Não havia dúvida de que oportunidades especiais foram dadas a Israel durante aquele tempo. No entanto, durante o ministério de Jesus houve momentos em que os gentios também buscaram as bênçãos que ele tinha para oferecer. Um desses incidentes envolveu uma mulher de Canaã, cuja filha fora afligida por um demônio. Ao implorar a Jesus, “ele não lhe respondeu palavra”. Embora tivesse sido ignorada, essa mulher era tão persistente que os discípulos rogaram a Jesus para mandá-la embora. Jesus então lhe disse claramente: “Eu fui enviado apenas às ovelhas perdidas de Israel.” Sem aceitar aquele “não” como resposta, continuou a implorar-lhe. Jesus disse-lhe outra vez: “Não é certo tirar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.” “Sim, Senhor”, ela respondeu, “mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”. Essa expressão de fé tocou o coração de Jesus, e ele curou sua filha. — Mateus 15:21-28, NVI

Essa mulher era uma dos vários gentios que receberam bênçãos de Jesus, mas eles eram poucos em comparação com a grande maioria do Israel natural, que recebeu plenamente os benefícios do ensino e da cura de nosso Senhor. Esse favor especial para com Israel foi mostrado de outras maneiras. Os doze apóstolos foram todos escolhidos de Israel, e se tornaram membros que constituíam o alicerce da igreja. — Apo. 21:14

Um deles, Judas Iscariotes, falhou em seu chamado e teve que ser substituído. Os onze apóstolos restantes pensaram em fazer isso eles mesmos, usando um procedimento muito apropriado e aprovado — recorrendo ao voto para a seleção. (Atos 1:15-26) No entanto, eles tinham esquecido o fato de que não cabia a eles selecionar apóstolos. Essa designação só poderia ser feita pelo Pai Celestial e seu Filho, Jesus. Eles se esqueceram das palavras de nosso Senhor: “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós.” (João 15:16) O princípio aqui declarado pelo Senhor se aplica a todos os escolhidos como “um povo para o seu nome”. Mais tarde, Saulo de Tarso, também judeu, foi escolhido por Deus para substituir Judas.

Era de se esperar que o trabalho de encontrar os membros do corpo de Cristo exigiria um esforço organizado, e descobrimos que realmente foi assim. Alguns indivíduos foram motivados pela influência do Espírito Santo a se mudarem para outras áreas geográficas, e desse modo esse trabalho seria estendido gradualmente. No início, toda a atividade de testemunho estava centrada em Jerusalém. Os onze apóstolos e outros discípulos continuaram a residir naquela cidade, pois Jesus lhes havia dito que ficassem em Jerusalém até que o ajudador, o Espírito Santo, fosse enviado a eles. — Lucas 24:49

COMEÇA A PERSEGUIÇÃO

Depois que o Espírito Santo veio, muitos novos convertidos continuaram com os apóstolos em Jerusalém. No entanto, não demorou muito para que a hostilidade contra os discípulos crescesse até se tornar muito severa. Isso obrigou-os a recorrer a um arranjo comunitário para a sobrevivência, uma vez que os meios de ganhar o sustento não estavam prontamente disponíveis. A perseguição tornou as coisas cada vez mais difíceis, e, assim, resolveram compartilhar os recursos para viverem. — Atos 2:41-47; 4:34, 35

Outros discípulos que viviam em áreas distantes, assim como os que vinham a Jerusalém de tempos em tempos para adorar, ficaram sabendo sobre essa situação cada vez mais problemática. Foi provavelmente assim que o Senhor tocou o coração de um levita chamado José, que morava na ilha de Chipre. Ele possuía propriedades ali, mas vendeu-a e chegou a Jerusalém, depositando o dinheiro “aos pés dos apóstolos”. (Atos 4:32-37) Essa foi a maneira que o Senhor fez com que José, de sobrenome Barnabé, fosse a Jerusalém, onde ele era necessário e poderia ser usado.

Muitos israelitas que estavam em Jerusalém, na Judeia, haviam vindo de outras regiões para celebrar as festas judaicas, em ocasiões diversas. Alguns deles permaneceram e se tornaram discípulos de nosso Senhor. Entre esses estavam os helenistas, ou judeus de língua grega. As viúvas desse grupo começaram a reclamar que haviam sido negligenciadas em sua parcela de suprimentos comunitários. As notícias sobre essa situação logo chegaram aos apóstolos, que corrigiram a situação por nomear diáconos para supervisionar esse serviço. -— Atos 6: 1-6

Um desses diáconos foi Estevão, que alguns historiadores da Bíblia acreditam ter sido um helenista. Sua pregação a respeito de Jesus ser o Messias afrontou outros judeus de língua grega que não eram crentes, e isso resultou em Estêvão ser levado a julgamento, condenado, e sentenciado à morte por apedrejamento. — Atos 6:8-15; 7:1-60

A morte de Estêvão causou um grande impacto nos discípulos em Jerusalém. Por causa dessa evidência de que a perseguição estava aumentando, muitos resolveram deixar a região e se estabelecer em lugares distantes. Alguns voltaram para suas antigas pátrias e outros foram para regiões da Palestina onde talvez encontrassem menos hostilidade. Lemos: “E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e da Samaria… Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra.” — Atos 8:1, 4

SAULO DE TARSO

Havia um jovem, Saulo de Tarso, que estava presente no apedrejamento de Estêvão e consentiu com sua morte, e participou guardando as capas dos apedrejadores. Depois disso, Saulo, cheio de ímpeto, causou uma devastação na Igreja Primitiva em Jerusalém — fazendo com que homens e mulheres cristãos fossem levados presos. Não satisfeito com sua atividade limitada a Jerusalém, Saulo decidiu perseguir alguns que haviam escapado. Ele obteve cartas do sumo sacerdote para trazer esses discípulos de volta para serem julgados, e partiu para Damasco, na Síria. — Atos 8:3; 9:1, 2

Enquanto viajava com seu grupo, Saulo foi detido e ficou cego por uma luz brilhante do céu. Ele ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Atos 9:4) Quando Saulo percebeu que quem o confrontava era o próprio Senhor Jesus, a quem se opunha, ficou muito assustado e confuso. Sua autoconfiança e convicção desapareceram repentinamente. Jesus mandou ele ir para Damasco, onde receberia mais instruções do Senhor. Os outros membros do grupo o levaram pela mão para a casa de um homem chamado Judas. Lá ele permaneceu na escuridão da cegueira por três dias, sem comer, nem beber, mas dedicando-se à oração. — vs. 5-11

Se nos colocássemos na situação de Saulo, também estaríamos reavaliando em nossas mentes todas as nossas más ações anteriores e zelo equivocado. Então, percebendo que nossas ações não tinham sido de acordo com o conhecimento, imploraríamos ao Senhor por perdão. Por meio dessa experiência muito emocionante, Saulo teve uma completa mudança de coração. Além disso, seu antigo zelo mal orientado agora seria direcionado para as coisas certas.

Havia naquele tempo um discípulo que morava em Damasco chamado Ananias, a quem o Senhor apareceu em uma visão, instruindo-o a ir a Saulo. O Senhor disse a Ananias: “Vá à casa de Judas, na rua chamada Direita, e pergunte por um homem de Tarso chamado Saulo. Ele está orando; numa visão viu um homem chamado Ananias chegar e impor-lhe as mãos para que voltasse a ver.” (vs. 11, 12, NVI) Observamos que as orações de Saulo foram respondidas. Ananias primeiro questionou as instruções do Senhor, dizendo: “Senhor, tenho ouvido muita coisa a respeito desse homem e de todo o mal que ele tem feito aos teus santos em Jerusalém. Ele chegou aqui com autorização dos chefes dos sacerdotes para prender todos os que invocam o teu nome.” Mas o Senhor disse a Ananias: “Vá! Este homem é meu instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e seus reis, e perante o povo de Israel.” — vs. 13-15

Essa experiência ocorreu perto do fim da última semana profética de favor especial a Israel mencionado na profecia de Daniel. (Daniel 9:24-27) Essas palavras de nosso Senhor a Ananias eram uma indicação direta de que os gentios logo seriam convidados para participar do corpo de Cristo. Por fim, Ananias fez como tinha sido instruído, e foi para a casa de Judas, onde cumprimentou o cego com as palavras: “Irmão Saulo”. A visão de Saulo foi imediatamente restaurada, e ele foi batizado em Cristo. Sem comida por três dias, ele comeu e foi fortalecido, e ficou com os discípulos em Damasco por vários dias. — Atos 9:17-19

Os versículos subsequentes de Atos capítulo 9 podem dar a entender que Saulo imediatamente saiu e começou a pregar nas sinagogas que Jesus era o Cristo. No entanto, surge a questão de como ele poderia ter começado imediatamente a testemunhar com eficácia sem primeiro aprender o plano de Deus contido nas Escrituras. Quando Lucas escreveu o relato em Atos, ele não contou como Saulo obteve esse entendimento. No entanto, essa informação é fornecida pelo próprio Saulo — mais tarde conhecido como Paulo — quando escreveu cartas às igrejas da Galácia e de Corinto.

PAULO APRENDE AS ESCRITURAS

No versículo inicial da carta aos Gálatas, aprendemos como Paulo confirma sua nomeação como apóstolo de Jesus e do Pai Celestial: “Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos).” (Gál. 1:1) No entanto, essa grande honra nunca o fez sentir-se superior. Ele estava sempre ciente de que, em primeiro lugar, tinha estado inteiramente na direção errada. Posteriormente, escreveu: “Eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus.” — 1 Cor. 15:9

Poderíamos nos perguntar por que nosso Senhor não enviou Saulo a Jerusalém imediatamente após sua conversão, para ser instruído pelos outros apóstolos. Talvez fosse por causa de seus sentimentos em relação a Saulo. A perseguição à igreja inicialmente causou uma barreira entre ele e os apóstolos, então Deus lhe ensinou a verdade de uma maneira diferente. Mais tarde, em Gálatas, no primeiro capítulo, Paulo escreve: “Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei carne nem sangue, nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.” — vs. 15-17

Pouco antes disso, Paulo falou de sua completa conversão, quando deixou de obedecer e agradar a homens (por causa de seu zelo pela “religião dos judeus”), para agora obedecer e agradar a Deus. A experiência de Paulo deve nos lembrar que podemos facilmente cair no laço de obedecer e agradar a homens, em vez de nos esforçar para obedecer e agradar a Deus. Ele disse: “Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo. Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo. Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava. E, na minha nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais.” — vs. 10-14, ARA

O chamado especial de Paulo e as revelações diretas que Jesus e o Pai Celestial deram a ele são confirmados novamente em sua carta aos Coríntios. Lá ele observou que qualquer um que tivesse passado por experiências como aquelas poderia ter a tendência de se vangloriar sobre isso. “Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos (se no corpo, não sei; se fora do corpo, não sei; Deus o sabe), foi arrebatado até ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito falar. De um assim me gloriarei eu, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas. Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas deixo isso, para que ninguém cuide de mim mais do que em mim vê ou de mim ouve. E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de não me exaltar.” — 2 Cor. 12:1-7

RETORNO PARA DAMASCO E JERUSALÉM

Não sabemos por quanto tempo Saulo permaneceu na Arábia recebendo essas revelações especiais, mas podemos especular com certa margem de segurança que foi por, pelo menos, vários meses. Depois disso ele retornou a Damasco: “E logo, nas sinagogas, pregava a Cristo, que este era o Filho de Deus.” (Atos 9:20) A reação dos judeus incrédulos em Damasco foi de assombro, sabendo que Saulo já havia ido lá para capturar os que criam em Cristo. Sua lógica era tão convincente e clara que ninguém poderia refutar sua poderosa pregação do Cristo ressuscitado. Portanto, seus oponentes decidiram que seria necessário selar seus lábios por matá-lo. Quando os irmãos souberam de seus planos, ajudaram Saulo a escapar e voltar para Jerusalém.” — vs. 21-25

Os apóstolos e os discípulos em Jerusalém começaram a ter medo de Saulo, pois sabiam que antes ele perseguia os cristãos. Embora a maioria deles achasse difícil aceitá-lo como um seguidor de Cristo, um deles, Barnabé, concluiu que o assunto tinha que ser resolvido, e então procurou Saulo para conversar. Depois que Saulo contou suas experiências peculiares, obviamente de Deus, Barnabé se convenceu de sua conversão e o levou para os apóstolos, insistindo para que eles soubessem a verdade a respeito da completa mudança que havia ocorrido na vida de Saulo. Os apóstolos e discípulos então aceitaram Saulo, e ele se tornou um deles, participando de suas atividades e falando em nome do Senhor Jesus. — vs. 26-28

A pregação de Saul no início de seu ministério o colocou em contato com os helenistas. Lemos isso em Atos 9:29: “E falava ousadamente no nome do Senhor Jesus. Falava e disputava também contra os gregos, mas eles procuravam matá-lo.” A palavra “gregos” deve traduzida como “helenistas” — isto é, judeus que falavam grego. Aqui novamente, como antes em Damasco, sua lógica e clara compreensão das Escrituras eram tão persuasivas que ninguém poderia refutá-lo. Os helenistas também decidiram que a melhor maneira de silenciar o debate era matando Saulo, como os em Damasco tinham planejado fazer.

ALÍVIO DA PERSEGUIÇÃO

Quando os irmãos souberam da trama, decidiram que, para a segurança de Paulo, ele deveria voltar para sua casa em Tarso — uma cidade da Ásia Menor na província da Cilícia. Eles providenciaram que Paulo fosse acompanhado em segurança até Cesareia, uma cidade portuária da qual ele poderia pegar um barco até Tarso. Depois de sua partida, a perseguição aos irmãos, por um tempo, abrandou. Lemos: “Tendo, porém, isto chegado ao conhecimento dos irmãos, levaram-no até Cesareia e dali o enviaram para Tarso. A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número.” — vs. 30, 31, ARA

Aquela foi uma mudança significativa nas condições em toda a região. O Pai Celestial proporcionou alívio da severa perseguição que ocorria desde a época da crucificação de Jesus. Isso foi, sem dúvida, benéfico para a igreja, ajudando-os secularmente, pois se tornaram mais aceitáveis na sociedade de Israel, e conseguiam trabalho com mais facilidade. Assim, o acordo comunitário de partilha de bens tornou-se cada vez menos importante, e logo terminou. Vale ressaltar que não houve mais menção a esse tipo de estrutura social compartilhada, como tendo sido continuada ou reavivada, entre eles.

Esse período de descanso foi importante principalmente por ter permitido o crescimento da igreja, tanto espiritual, quanto numérico. Três mil foram batizados no dia de Pentecostes e outros cinco mil que “creram” são mencionados pouco depois. (Atos 2:41; 4:4) O crescimento dos irmãos na igreja em resultado daquele frutífero começo, e, pelo que sabemos, quase todos de Israel, mostra como as bênçãos de Deus ainda estavam sobre aquela nação, mesmo tendo a última semana, ou período de sete anos de favor especial, chegado ao fim.



Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora