DESTAQUES DA AURORA

Este artigo é uma continuação da revista Julho / Agosto

O Futuro de Israel e do Mundo

Parte 2

DE VOLTA À TERRA QUE SE RECUPEROU DA ESPADA

O capítulo 38 da profecia de Ezequiel delineia as condições que ainda prevalecerão em Israel no futuro. As pessoas são descritas como que estando em paz e habitando em segurança ou confiantes, tendo “voltado à terra que se recuperou da espada”. (v.8) Hoje, Israel, qual nação entre outras nações do mundo, atingiu grande parte de sua atual posição por meio de guerra e conflitos militares, e ainda depende de sua força militar para manter a segurança neste mundo ameaçado pela guerra.

A profecia de Ezequiel revela que em algum momento após terem regressado ao seu território, um exército agressivo do “norte”, sob a liderança de um personagem simbólico chamado de “Gogue”, da terra de Magogue, montará um ataque contra os israelitas, o que constituirá uma ameaça de destruição. A profecia revela que quando isso ocorrer Deus intervirá em favor de seu povo e os livrará de seus inimigos. Ficará tão claro que essa libertação é da parte do Senhor que, em resultado disso, seu nome se tornará “conhecido aos olhos de muitas nações”. — Eze. 38:2,14-23

Por meio dessa demonstração da proteção de Deus, os israelitas se darão conta de que seu regresso à terra prometida foi realizado pela providência de Deus. O Senhor predisse: “E farei conhecido o meu santo nome no meio do meu povo Israel.” (Eze. 39:7) Desse ponto em diante, os israelitas buscarão a Deus para orientação em seus assuntos, e o mundo em geral saberá que Deus livrou seu povo e que o Messias está reinando sobre eles.

O NOVO REI

Quando o último rei de Israel, Zedequias, foi removido, o Senhor disse: “Tira o diadema, e remove a coroa; esta não será a mesma; exalta ao humilde, e humilha ao soberbo. Ao revés, ao revés, ao revés porei aquela coroa, e ela não mais será, até que venha aquele a quem pertence de direito; a ele a darei.” (Eze. 21:25-27) Aquele “a quem pertence de direito” é o Messias de Israel, o próximo a sentar-se no trono de Davi, após a remoção de Zedequias.

Isaías predisse o nascimento do Messias e sua exaltação ao domínio sobre Israel e o mundo. “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto.” — Isa. 9:6, 7

Profetizando ainda mais a respeito do Messias, Isaías escreveu: “Eis que reinará um rei com justiça, e dominarão os príncipes segundo o juízo. E o juízo habitará no deserto, e a justiça morará no campo fértil. E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre. E o meu povo habitará em morada de paz, e em moradas bem seguras, e em lugares quietos de descanso.” — Isa. 32:1, 16-18

TODO O ISRAEL

Nossa compreensão das futuras bênçãos a serem usufruídas por Israel e pelo mundo não chegaria muito perto da gloriosa realidade descrita nas Escrituras se essas bênçãos se limitassem àqueles que vivessem no momento em que o Messias impusesse seu domínio, ou àqueles que nascessem dali em diante. As promessas de Deus foram feitas a todo o Israel, a cada geração de israelitas. Nessas promessas estão incluídos Theodor Herzl, bem como os milhares de seus companheiros sionistas que acreditavam e trabalhavam para a restauração de Israel à sua terra, ainda que esses agora já estejam dormindo na morte.

Ao longo de todas as centenas de exaustivos anos da Diáspora houve judeus zelosos e tementes a Deus, que ansiavam e oravam pelo fim da subserviência de Israel às nações gentias. O Muro das Lamentações em Jerusalém é um vívido testemunho do desespero com que os israelitas desconsolados suportavam suas frustrações enquanto esperavam por alguma evidência de que o Deus deles ainda os amava e no devido tempo os livraria. No entanto, agora todos esses também estão dormindo na morte.

A situação de Israel, mesmo antes da Diáspora, nem sempre foi feliz. Houve momentos em que a nação desfrutava de certa prosperidade e paz, mas em outras ocasiões ela sangrava por causa de guerra e opressão. Contudo, as promessas divinas das bênçãos Messiânicas também eram para tais, ainda assim, morreram sem terem visto sua realização.

Moisés disse à geração de israelitas de seus dias: “O Senhor teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis.” (Deut. 18:15) Essa é outra promessa da vinda do Messias. No entanto, aqueles a quem foi feita estão todos mortos. Mas essa e outras promessas Messiânicas se cumprirão, tanto para essas pessoas como para cada geração de israelitas, porque todos serão ressuscitados dos mortos.

Existem muitas promessas que nos asseguram disso. O salmista registra a seguinte oração que Moisés fez ao Deus de Israel: “Tu reduzes o homem ao pó, e dizes: Voltai, filhos dos homens!” (Sal. 90:3, AA) O Senhor disse ao profeta Daniel que aqueles que “dormem no pó da terra ressuscitarão”. (Dan. 12:2) Ezequiel 16:55 promete que todos os israelitas serão restaurados à vida. E Jeremias 31:13-17 registra a promessa de que as crianças despertarão da morte.

Referindo-se ao tempo em que o Messias reinará, o profeta Isaías escreveu: “Portanto assim diz o Senhor, que remiu a Abraão, acerca da casa de Jacó: Jacó não será agora envergonhado, nem agora se descorará a sua face. Mas quando ele vir seus filhos, obra das minhas mãos no meio dele, santificarão o meu nome; sim, santificarão ao Santo de Jacó, e temerão [reverenciarão] ao Deus de Israel. E os errados de espírito virão a ter entendimento, e os murmuradores aprenderão doutrina.” — Isa. 29:22-24

Igual a todos os membros da raça humana decaída e morredoura, a face de Jacó se descorou com a doença e a velhice, e ele, por fim, morreu. De acordo com a profecia de Isaías, no entanto, ele voltará a viver e verá seus “filhos” — cada uma de suas gerações até o presente momento. Daí em diante sua face não mais se “descorará”, uma vez que aquele será o tempo prometido de saúde, vida eterna, paz e segurança para Jacó e todos os israelitas, bem como para o restante da humanidade.

OS FUTUROS PRÍNCIPES DE ISRAEL

Em uma profecia já citada do Messias, Isaías profetizou: “Eis que reinará um rei com justiça, e dominarão os príncipes segundo o juízo.” (Isa. 32:1) O salmista profetizou que os “pais” de Israel se tornariam “príncipes sobre toda a terra”. (Sal. 45:16) O Senhor predisse o seguinte: “E te restituirei os teus juízes, como foram dantes; e os teus conselheiros, como antigamente; e então te chamarão cidade de justiça, cidade fiel.” — Isa. 1:26

Nessa última profecia, os israelitas foram lembrados das várias maneiras em que Deus os havia governado. Em primeiro lugar, sob a direção de Moisés havia seus assistentes, os “conselheiros”. Em seguida, houve um período de 450 anos durante o qual foram governados por juízes. Na sequência, veio o período dos reis. Davi estabeleceu seu governo em Jerusalém, a qual foi considerada a capital. No governo messiânico haverá o equivalente dos conselheiros e juízes, que representarão o rei — o Messias. Juntos, esses constituirão a “cidade de justiça, cidade fiel”.

Aqueles que servirão quais “príncipes” de Israel, representando o Messias, serão os antigos fiéis de cada geração que provaram ser dignos desse cargo de alta confiança que será dado a eles. Destacando-se entre esses, estão, naturalmente, seus antigos líderes justos e os profetas — seus “pais”. Esses serão notavelmente qualificados para representar o Messias! Entre esses havia o grande legislador, Moisés, que dedicou a vida em serviço a seu povo. Havia também Daniel, o qual, na condição de escravo hebreu em Babilônia, serviu como primeiro-ministro.

Em uma mensagem final a Daniel, o Senhor disse: “Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias.” (Dan. 12:13) Aqui, o “fim dos dias” refere-se ao fim do longo período de perseguição do povo de Deus. A promessa é que Daniel será restaurado à vida e então se levantará na sua herança, sem dúvida como um dos príncipes de Israel no governo messiânico.

O salmista profetizou: “Deus reina sobre os Gentios [as nações]; Deus se assenta sobre o trono da sua santidade. Os príncipes do povo se ajuntam, o povo do Deus de Abraão; porque os escudos da terra são de Deus. Ele está muito elevado.” (Sal. 47: 8, 9) Lemos adicionalmente a respeito dos “escudos” ou proteções do povo no reino Messiânico: “Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte [reino], porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar.” — Isa. 11:9

“Naquele dia”, Isaías continua, “a raiz de Jessé [o Messias], a qual estará posta por estandarte dos povos, será buscada pelos gentios; e o lugar do seu repouso será glorioso. E há de ser que naquele dia o Senhor tornará a pôr a sua mão para adquirir outra vez o remanescente do seu povo, que for deixado, da Assíria, e do Egito, e de Patros, e da Etiópia, e de Elã, e de Sinar, e de Hamate, e das ilhas do mar. E levantará um estandarte entre as nações, e ajuntará os desterrados de Israel, e os dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra.” — Isa. 11:10-12

O número de israelitas reunidos agora na terra que lhes foi prometida por Deus é apenas uma pequena parte do total que o Senhor por fim restaurará. De fato, as Escrituras revelam que o governo do Messias será um governo de mil anos. Durante esse tempo, como vimos, mesmo aqueles que agora são mantidos no cativeiro da morte serão restaurados à vida, tanto Israelitas como gentios. Certamente será um tempo glorioso — tão brilhante como as promessas de Deus!

A CONFIRMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO

Para os seguidores de Jesus, o Novo Testamento é uma explicação e uma confirmação do Antigo Testamento, cujos cinco primeiros livros constituem a Torá dos judeus. O Novo Testamento apresenta Jesus como o prometido Messias, aquele que se sentaria no trono de Davi. (Lucas 1:31-33) Jesus morreu como o Redentor do mundo, mas ele foi levantado dos mortos pelo poder de Deus, confirmando assim nossa fé em todas as promessas de Deus para restaurar a vida aos mortos. — Atos 17:31

A promessa que Deus fez a Abraão de que através de sua semente “todas as famílias da terra seriam abençoadas” é algo conhecido por todo judeu. (Gên. 12:3; 22:15-18) O Novo Testamento apresenta Jesus como sendo essa prometida “semente” de bênção. Paulo escreveu: “As promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo.” — Gál. 3:16

O Novo Testamento explica que depois que Jesus providenciou a redenção do mundo por meio de sua morte, ele não apenas foi levantado dos mortos, mas exaltado a um plano de vida superior ao dos humanos, de modo que agora, como os anjos, e como o grande Criador do Universo, ele é invisível aos olhos humanos. Assim ele será o poderoso, mas invisível, governante do mundo. — Col. 1:15; 1 Tim. 1:17

Paulo, ao escrever aos discípulos de Cristo, disse: “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.” — Gál. 3:27-29

Isso significa simplesmente que os verdadeiros e abnegados seguidores de Jesus serão recompensados com o privilégio de participar no seu reino espiritual e, com ele, participar na obra de abençoar a todas as famílias da Terra, conforme foi prometido a Abraão. Em Hebreus 3:1-6 o apóstolo Paulo explica que assim como Moisés foi fiel sobre a sua “casa”, também há outra “casa” sobre a qual Jesus é fiel. Os da casa de Jesus são partícipes de uma “vocação celeste”, ou “chamada celestial” e isso significa que essas pessoas farão parte da invisível casa, ou governo, de Deus.

No capítulo 11 de Hebreus, o apóstolo Paulo chama ainda mais atenção para esses dois grupos. Ele cita por nome muitos dos fiéis da antiguidade e descreve algumas das dificuldades que sofreram para serem dignos de uma “ressurreição melhor”. (v. 35) E ele acrescenta que “eles sem nós [da casa espiritual] não seriam aperfeiçoados”. (v. 40) Portanto, ao passo que os antigos fiéis servos de Deus já provaram sua devoção e capacidade de servirem no reino messiânico, eles ainda precisam esperar, durante o sono da morte, a conclusão da “semente” espiritual de Abraão antes de serem ressuscitados para a vida perfeita e assim começarem seu trabalho quais “príncipes em toda a terra”.

A “semente” terrena é composta em grande parte dos descendentes naturais de Abraão, enquanto que a semente espiritual será composta de judeus e gentios. Na verdade, essa oportunidade foi inicialmente oferecida apenas ao povo de Israel, e, após terem rejeitado a Jesus, estendeu-se aos outros.

A principal qualificação obrigatória para quem servirá em qualquer posição no reino messiânico é a devoção de coração ao Senhor, uma lealdade aos princípios divinos de justiça, pelos quais estariam dispostos a morrer se fosse preciso. Todos os Dignitários do Passado possuíam essa característica. Isso também era verdade no caso de Jesus, bem como é para todos os seus fiéis seguidores.

O ESTABELECIMENTO DO REINO

Só podemos compreender claramente os ensinamentos da Bíblia se levarmos em conta, e acreditarmos, nas muitas promessas sobre a ressurreição dos mortos. Se por meio da fé conseguimos nos apegar a essas promessas e acreditar nelas, então a Bíblia tem uma mensagem de encorajamento e consolo para nós. Isso é especialmente verdadeiro no que diz respeito às profecias relacionadas com o estabelecimento e a obra do reino messiânico.

Para que o reino se tornasse uma realidade, foi primeiro necessário que Jesus ressuscitasse dos mortos, pois ele é quem será o governante supremo do reino. Em seguida, como o Novo Testamento revela, aqueles que com ele participarão na fase espiritual do reino também precisam ser levantados dos mortos. Em cada geração a partir dos dias de Jesus até agora, alguns têm demonstrado que são dignos de tal alta honra. Concernente a esse grupo, lemos: “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; … serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos.” — Apo. 20:6

Então, como já observado, os Dignitários do Passado, os quais serão os representantes humanos do Cristo de Deus, também precisarão ser levantados dos mortos. Jesus testemunhou a respeito desses: “Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus.” (Mat. 8:11) O relato de Lucas sobre isso acrescenta “todos os profetas”, e explica que as pessoas viriam do norte, sul, leste e oeste e se sentariam perante esses que seriam seus instrutores “no reino de Deus”. — Lucas 13:28, 29

O FUNCIONAMENTO DO REINO

Assim serão os arranjos, ou plano de ação, do reino do Messias, no qual ele se tornará o governante divinamente designado — o rei. Os da geração de israelitas ajuntados na terra que lhes pertence por ocasião do grande milagre de intervenção divina para sua proteção se tornarão os primeiros a ter a oportunidade de serem abençoados pelos arranjos do benéfico reino messiânico. Os que forem leais às novas normas vigentes, pelo exemplo de obediência, cooperarão para que essas bênçãos sejam estendidas.

Uma profecia referente a isso diz: “E há de suceder, ó casa de Judá, e casa de Israel, que, assim como fostes uma maldição entre os gentios, assim vos salvarei, e sereis uma bênção; não temais, esforcem-se as vossas mãos. Porque assim diz o Senhor dos Exércitos: Como pensei fazer-vos mal, quando vossos pais me provocaram à ira, diz o Senhor dos Exércitos, e não me arrependi, Assim tornei a pensar nestes dias fazer o bem a Jerusalém e à casa de Judá; não temais. Estas são as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo; executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas. E nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo, nem ameis o juramento falso; porque todas estas são coisas que eu odeio diz o Senhor.” — Zac. 8:13-17

Os princípios divinos da justiça aqui estabelecidos, que os israelitas terão de observar e obedecer a fim de receberem as bênçãos do Messias, terão também de ser observados por pessoas de todas as nações se quiserem igualmente receber as bênçãos do reino. Os que fizerem isso serão abençoados e também terão o privilégio de colaborarem com o grandioso projeto de bênçãos que, com o tempo, se ampliará para incluir “todas as famílias da terra”.

À IMAGEM DE DEUS

Outra preciosa promessa do reino diz: “Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança … Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados.” — Jer. 31:31-34

Um elemento-chave dessa profecia é a promessa que Deus porá sua lei no coração de seu povo e a escreverá em seu interior. Acreditamos que isso descreve a condição do homem à imagem de Deus. Foi dessa maneira que Adão foi criado, e Deus prometeu que por meio da instituição do reino messiânico a humanidade será restaurada a esse estado de perfeição e comunhão com Deus.

Quando o homem foi originalmente criado, recebeu o domínio sobre a Terra. (Gên. 1: 27, 28) Esse domínio também será restaurado. Jesus nos garantiu isso em uma de suas parábolas. Numa ilustração, ele disse que quando os povos de todas as nações fossem julgados, alguns exibiriam uma disposição semelhante à de cabritos, ao passo que outros seriam como ovelhas. Para essas ovelhas será dito: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.” — Mat. 25:34

Um estudo dessa parábola indica que para se herdar o domínio original que o homem havia recebido é preciso ter um caráter que demonstra interesse abnegado nos outros. Por todos os séculos de experiência do homem decaído, o egoísmo tem afetado a humanidade como uma praga. No governo Messiânico, o amor substituirá o egoísmo. Daí, o pleno significado da Lei que Deus deu ao antigo Israel por meio de Moisés será reconhecido e aceito como a regra de vida para toda a humanidade. Moisés deu o verdadeiro significado da lei, ao dizer: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças” e, “amarás o teu próximo como a ti mesmo”. — Deut. 6:5; Lev. 19:18

Com tal norma de justiça qual princípio orientador na vida de todas as pessoas, e tendo sido remidos do pecado original e restaurados à vida perfeita, que glorioso lugar esta Terra será! Em harmonia com as normas de Deus, aqueles que se recusarem a obedecer e cooperar após terem recebido tempo suficiente para reagirem positivamente ao governo do reino, não terão permissão para continuar vivendo, pois a morte continuará sendo a penalidade pelo pecado deliberado. Isso significa que nada arruinará a felicidade da raça humana restaurada. — Atos 3:22, 23

Ao passo que muitas das maravilhosas promessas Messiânicas são feitas em primeira instância aos israelitas, a Bíblia nos garante que elas também se cumprirão para pessoas de todas as nações, pois Deus usou Israel como um protótipo, ou modelo, do mundo. Os israelitas restabelecidos à sua terra da promessa serão os primeiros a receberem a oportunidade de desfrutar dessas bênçãos, mas toda a humanidade está incluída na misericórdia e amor de nosso Deus.

A RESTITUIÇÃO DE TODAS AS COISAS

Todos os profetas de Deus previram, de modo expressivo e convincente, as bênçãos que tanto judeus quanto gentios receberiam por meio do sistema administrativo do reino messiânico. No Novo Testamento, o apóstolo Pedro descreve o período em que essas profecias se cumprirão como “tempos da restauração de tudo”, ou “tempos da restituição de todas as coisas”, conforme verte a Bíblia King James, em inglês. E continua: “dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio.” — Atos 3:20, 21

Quando Pedro resumiu desse modo o significado de todo o testemunho profético sobre as bênçãos messiânicas do reino, ele falava a um público judaico. Por isso, acrescentou: “Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra.” — Atos 3:25

Pedro explica nesse texto que a promessa que Deus fez a Abraão de abençoar todas as famílias da terra se cumprirá pela “restituição de todas as coisas”. Sabemos que Deus confirmou sua promessa ao pai Abraão por meio de juramento, e Pedro nos diz que ele também a confirmou pelo testemunho de todos os seus santos profetas.

Restituição significa restauração a uma condição anterior e a coisa mais importante a ser restaurada para as pessoas é a vida. Em virtude de terem transgredido à lei divina, nossos primeiros pais perderam o privilégio de viver para sempre, e seus filhos nasceram imperfeitos e sujeitos à morte. O pecado e a morte continuaram a reinar sobre a Terra desde então, causando indizíveis sofrimento e tristeza a pessoas de todas as nações.

O profeta Davi escreveu sobre esse longo período de sofrimento humano, descrevendo-o como um choro durante a noite. Mas Davi, que era um profeta de Deus, também deu a boa notícia de que “a alegria vem pela manhã”. (Sal. 30:5) Em outras palavras, o flagelo do pecado e da morte não duraria para sempre.

Isaías, outro profeta santo de Deus, descreveu os futuros “tempos de restituição” como um dia em que os habitantes do mundo não diriam mais que estavam doentes. (Isa. 33:24) Isaías também escreveu que os olhos dos cegos seriam abertos e os ouvidos dos surdos seriam destapados. (Isa. 35:5) Além disso, escreveu que as pessoas edificariam casas e as habitariam; e plantariam vinhas, e comeriam o seu fruto. — Isa. 65:21, 22

A verdade é que o futuro de Israel e do mundo será brilhante. A Terra se encherá da glória do Senhor. (Hab. 2:14) Não haverá mais guerra, nem o medo da guerra. Todos terão segurança econômica e cultural, conforme simbolizado na profecia em que todos se sentarão debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira. — Miq. 4:1-4

O resultado derradeiro e glorioso do domínio daquele governo mundial será a paz entre Deus e o homem, bem como entre os próprios homens. As justas leis do Criador serão respeitadas e obedecidas por toda a humanidade. O profeta Davi previu tais coisas de modo expressivo, ao dizer:

“A fidelidade brotará da terra, e a justiça descerá dos céus. O Senhor nos trará bênçãos, e a nossa terra dará a sua colheita. A justiça irá adiante dele e preparará o caminho para os seus passos.” — Sal. 85:11-13

Feche os olhos por um momento para as cenas de miséria, dor, degradação e tristeza que ainda prevalecem por causa do pecado, e imagine a glória da Terra perfeita. Nenhuma mancha do pecado obscurece a harmonia e a paz da sociedade perfeita. Nenhum pensamento amargo, nenhuma palavra ou olhar áspero. O amor transborda em todo coração e encontra eco no coração dos demais. A benevolência marca todas as ações. Ali não haverá mais enfermidades, nem dores, e tampouco haverá evidências de decadência — nem mesmo sequer o temor de tais coisas. Pense nos mais belos exemplos de comparativa saúde, beleza de formas e feições humanas que já possa ter visto, e saiba que a humanidade perfeita sobrepujará a tudo isso em formosura. A pureza interior, com a perfeição moral e mental, brilhará e encherá de glória todo rosto radiante. Esta será a sociedade aqui na Terra, e ao se aperceberem de que a obra da ressurreição está completa, cessarão de brotar as lágrimas dos pobres angustiados, cujos olhos a dor umedecia.

— Apocalipse 21:4
O Plano Divino das Eras, p. 191



Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora