VIDA E DOUTRINA CRISTÃ

As Parábolas de Jesus — Parte 3

O Reino dos Céus em Preparação

“Tudo isto disse Jesus, por parábolas…Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta, que disse: Abrirei em parábolas a minha boca; Publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo.”
— Mateus 13:34, 35

NAS DUAS LIÇÕES anteriores vimos as parábolas do “Semeador” e a do “Joio e do Trigo.” Observamos grandes detalhes dados por Jesus ao falar para a multidão na costa do Mar da Galiléia. Também, o Mestre as interpretou para que dessem mais atenção às suas palavras.

Agora, veremos cinco parábolas curtas, onde são dados poucos detalhes. Essas cinco parábolas compreendem apenas cinco versículos. O entendimento de seu significado também é limitado devido ao fato de que, no caso das quatro primeiras, Jesus não fornece qualquer explicação. Porém, na quinta parábola, ele dá uma breve explicação. Um tema comum que aparece na abertura das cinco parábolas é: “O reino dos céus é semelhante.” É o tema para avaliarmos seu significado.

A PARÁBOLA DO GRÃO DE MOSTARDA

A primeira parábola diz: “Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu campo; O qual é, realmente, a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos.” — Mateus 13:31,32

Pelo fato de Jesus não explicá-la devemos compará-la com o que as Escrituras nos revelam a respeito do “reino dos céus.” Uma dessas referências da Bíblia ao reino, não refere-se ao momento em que Cristo está governando “de mar a mar, e desde o rio até às extremidades da terra,” mas quando aqueles que constituem os governantes do reino estão sendo selecionados dentre a humanidade e provados digno da alta posição a que são chamados. — Salmo 72:8

A Bíblia indica que, durante a preparação do reino, o verdadeiro povo do Senhor, “os filhos do reino,” seria muito pequeno. (Mat. 13:38) Em outra ocasião, Jesus disse: “Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino.” (Lucas 12:32) A Bíblia também revelam que esse “pequeno rebanho” de discípulos seriam desconhecidos pelo mundo, e perseguidos. — 1 João 3:1; Mateus 5:10-12

A parábola do grão de mostarda, por outro lado, sugere um grande crescimento do reino, a partir de um pequeno começo. Ele é literalmente comparado a um grão de mostarda, que é muito pequeno, todavia cresce para ser uma erva gigante, ou árvore, na qual as “aves do céu” poderiam encontrar abrigo. De fato quando o reino de Cristo estiver estabelecida em poder e grande glória, a regência será estendida em toda a terra. Porém, essa parábola dificilmente se encaixa nisso, por isso devemos buscar sua explicação ao longo de outras linhas.

Cremos que a idéia é sugerida por Jesus na parábola do trigo e do joio. Jesus indicou que o “joio” representa “o que causa escándalo, e os que cometem iniquidade,” e que, no final da era colheria “do seu reino.” (Mateus 13:41) O ponto é que, durante o período preparatório da Era Evangélica, antes da obra do reino em poder e glória, há elementos pecaminosos. Isso, cremos, sugere a explicação adequada da parábola do grão de mostarda.

Ao longo da era atual, há uma classe verdadeira e falsa do reino. De um pequeno princípio do mal logo após os apóstolos dormirem na morte, cresceu o que o mundo chama de “cristandade,” ou reino de Cristo. Ele abraçou todas as nações da Europa, e sua influência se espalhou para outros países. Nos ramos desta “árvore” todas as classes do mundo encontraram abrigo. Tornou-se sua morada. (Lucas 13:19) João, o Revelador, referiu-se a esse sistema como “a grande Babilônia,” e usou a mesma metáfora da parábola, dizendo que é a morada de “toda ave imunda e odiável.” — Apocalipse 18:2

A “árvore” ficou tão estabelecida e popular que foi vantagem para prestígio e status social procurar abrigo em seus ramos. As pessoas não foram convidadas com o fundamento de que seria dada a oportunidade de sofrerem e morrerem com Cristo. Ao invés de perseguição, sofrimento e sacrifício, tornariam-se popular. Em vez de um “pequeno rebanho,” contou com milhões. Na verdade, a cristandade cresceu em uma “árvore” imponente. A parábola se refere a ela como a “maior das plantas,” pelo que a comparação não é entre o tamanho das árvores na floresta, mas das ervas no jardim. Nesse sentido, o tamanho da árvore da mostarda seria anão entre as outras ervas. Certamente, os líderes da cristandade se vangloriaram do grande crescimento do que eles plantaram.

A PARÁBOLA DO FERMENTO

Consideremos a parábola do fermento. Jesus disse: “O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado.” (Mateus 13:33). A fórmula específica desse versículo e o fato de seguir após à parábola do grão de mostarda, sugere que há um significado semelhante, e que também se aplica ao falso reino de Cristo, ao invés do verdadeiro.

Isso é obtido a partir do fato do “fermento” ser sempre usado na Bíblia como símbolo do pecado, de que não está em harmonia com Deus. O uso de fermento era proibido em todas as ofertas de Israel ao Senhor pelo fogo. Durante a Páscoa, os judeus receberam a ordem de removerem todo fermento de suas casas. (Êxodo 12:15,19) A Bíblia associa o fermento à sua influência corruptora. Jesus referiu-se ao “fermento dos fariseus e saduceus” (Mateus 16:6). O apóstolo falou do “fermento velho … da maldade e da malícia.” 1 Coríntios 5:7,8

A parábola afirma que uma “mulher” escondeu o fermento em três medidas de farinha. Isto parece retratar o sistema falso da igreja onde os nomes “Jezabel” e da “mulher… vestida de púrpura e de escarlata.” (Apocalipse 2:20; 17:1-6) O fato da mulher “esconder” o fermento na farinha sugere algo que não foi feito abertamente. A refeição, cremos, representa o alimento espiritual que o Senhor providenciou para o seu povo—as doutrinas preciosas do plano de redenção e restauração para o pecado—maldição e morte da raça. As três medidas de farinha poderia enfatizar três verdades básicas da Palavra, a morte como “o salário do pecado,” a “redenção que há em Cristo Jesus,” e a “restauração de todas as coisas,” durante o reino de Cristo. — Romanos 6:23; 3:24; Atos 3:20,21

Outras doutrinas estão associadas a essas verdades, compondo juntas o plano de Divino das eras. A “mulher” da parábola misturava elementos corruptores da falsa doutrina com essas verdades, até que finalmente perdeu sua pureza nas mentes da maioria dos crentes. A tortura eterna foi substituída pela morte como a pena do pecado. A doutrina do resgate foi corrompida pela teoria não bíblica da Trindade. A esperança da ressurreição, ou a restituição, também já não era significativa. Na verdade, não poderia haver ressurreição dos mortos se ninguém estava realmente morto, mas possuía uma alma imortal, outra idéia não apoiada pela Bíblia.

A parábola diz que o fermento foi escondido na refeição, e “ tudo estava levedado.” A história revela que isso se tornou realidade, pois é quase impossível achar uma única doutrina do plano de salvação de Deus bem estabelecida nos dogmas da cristandade. Assim, a parábola do fermento também pode ser considerada uma profecia sobre o sistema falso da igreja em corromper os verdadeiros ensinos da Palavra de Deus.

O TESOURO ESCONDIDO E A PÉROLA

“Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo. Outrossim, o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas. E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a.” — Mateus 13:44-46

Aqui temos o registro de duas parábolas do “reino dos céus.” A primeira fala de um homem que encontrou um tesouro escondido num campo, e vendeu todos os bens, para levantar fundos, comprar o campo, e obter o tesouro. A segunda fala de um comerciante que buscava pérolas valiosas, e ao encontrar uma de grande valor vendeu tudo o que tinha e comprou-a. Novamente, Jesus não forneceu explicação. Porém, a lição geral ensinada por elas, cremos que seja bastante óbvia.

Ambas se relacionam não às bênçãos terrenas para a humanidade através das agências do reino quando estabelecida em toda a terra com poder e grande glória, mas à oportunidade inestimável que é oferecida a alguns durante a presente era para garantir uma posição com Jesus no governo do seu reino celestial. É um pouco parecido com o que Paulo diz como o privilégio dado a alguns que correm em direção ao “prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” — Filipenses 3:14

A pérola e o tesouro são tão valiosos que aqueles que encontram vendem tudo para obtê-los. A natureza do “tesouro” não é mencionada, porém, seu grande valor. O homem que o encontra “escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo.” O pensamento parece ser que, ao encontrar o tesouro, o homem esconde em um lugar seguro até levantar os fundos necessários para comprar o campo.

Na segunda parábola, a pérola é descrita como “grande valor.” Aparentemente, o grande valor do tesouro escondido e da pérola é um dos principais temas dessas parábolas. O fato de ser uma pérola, ao invés de um rubi, diamante, ou outra pedra preciosa parece não ter um significado especial, uma vez que todos exigem uma busca para encontrá-las. Essas duas parábolas têm o mesmo ponto de vista de que, o homem que encontra o tesouro e o comerciante que descobre a pérola vendem o que têm, para garantir a compra deles. Ao procurar as lições dessas parábolas, a semelhança é a pista importante para o seu significado.

AS LIÇÕES

Jesus disse ao jovem rico: “Vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.” (Mt 19:21) Quando os discípulos perguntaram sobre isso, Jesus explicou: “Vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.” — Mateus 19:28

Essa é uma das descrições bíblicas do precioso tesouro do reino celestial a ser obtido pelos fiéis seguidores de Jesus—aqueles que estão dispostos a custar-lhes o que tem e o que são. Porém, deve-se lembrar que Jesus foi o primeiroa e o principal a ganhar esse tesouro, e que foi seu exemplo perfeito de dar tudo que seus seguidores dedicados devem seguir se quiserem compartilhar o tesouro com ele.

Jesus, de fato, deu tudo para obter esse tesouro. Deu a glória que tinha com o Pai Celestial “antes que o mundo existisse.” (João 17: 5) Ele deu sua humanidade perfeita, sua carne, “pela vida do mundo.” (João 6:51) De fato, Jesus foi o único que realmente comprou o “campo,” e obteve o direito do “tesouro” que continha. Além do tesouro, ele obteve da imortalidade, e alcançou o alto cargo de “Rei dos reis e Senhor dos senhores,” Jesus também terá como “tesouro” seus co-herdeiros, que será a sua “noiva” na fase celestial de seu Reino.—João 5:26; 2 Timóteo 1:10; Apocalipse 17:14; 21:9

Os seguidores de Jesus também partilham de sua honra e glória na condição de também desistir de tudo o que têm. Paulo escreveu: “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo, E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte; Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos.” —Filipenses 3:7-11

UMA IMPORTANTE DIFERENÇA

Há uma diferença importante entre as parábolas do tesouro e da pérola. Na primeira, o homem parece encontrar o tesouro escondido no campo, sem ter especialmente procurado por ele. Na segunda, o negociante foi buscar “boas pérolas” e, em seguida, encontrou uma. Ambas as situações podem muito bem ilustrar o que é verdade para aqueles que Deus chama de co-herdeiros com Jesus.

O testemunho de alguns que conheceram o plano de Deus, e a soberana vocação de Deus em Cristo Jesus, aparentemente, “por acaso,” se depararam com ela. Eles talvez encontraram um tratado ou livreto em um restaurante, ou num lugar público. Sintonizando uma estação no rádio, televisão, ou na Internet, que estava transmitindo a mensagem do Evangelho da verdade. Sabemos que é pela providência do Senhor que qualquer pessoa é atraída à Verdade e ao conhecimento dos tesouros celestiais.

Por outro lado, deve haver um desejo sincero de conhecer o Senhor, seus planos e propósitos. Isso é ilustrado pelo negociante que procura boas pérolas. Jesus disse: “Buscai, e encontrareis.” (Mateus 7:7). Isso é real se a busca é sincera, e o Senhor vê o coração de um verdadeiro espírito humilde e dedicação à consagração. O Senhor não chama o indiferente, mas apenas aqueles com humildade em buscar a verdade e a justiça.

O Salmista Davi escreveu: “Esperei com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.” (Salmo 40:1). Essa é a atitude dos candidatos do Senhor e de seus caminhos. Quando o Senhor “inclina-se” para eles, muitas vezes parece que “acabou de acontecer.” No entanto, isso não é realmente o caso, por sua providência ignora o dirige a vida de todos aqueles a quem ele chama, e isso inclui a forma como a Verdade é levada primeiro ao seu conhecimento. É a verdade que revela os tesouros celestiais-a—“a pérola de grande valor.” A nossa parte, mostrado em ambas as parábolas, é a nossa vontade de “vender” tudo o que temos, a fim de participarmos das alegrias do reino celestial, como co-herdeiros com Jesus Cristo.

Não é possível em qualquer parábola encontrar uma aplicação à todos os detalhes, e eles não são concebidos para isso. Seria difícil, por exemplo, fazer uma aplicação espiritual no fato do homem encontrar o tesouro no campo e esconder até que pudesse comprar o campo. De acordo com os costumes da época, aparentemente, era um procedimento necessário para finalmente tornar-se o possuidor legal do tesouro.

O importante é a vontade do homem no tesouro que custou-lhe tudo. Essa é a principal lição em ambas as parábolas. Encontrando o “tesouro,” e a “pérola de grande valor,” desistimos de tudo, a fim possuí-los? Somos como Paulo, contando tudo como perda para ganhar a Cristo, prosseguindo “para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus?”

A REDE LANÇADA AO MAR

A última das cinco parábolas contém as palavras de Jesus: “Igualmente o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanha toda a qualidade de peixes. E, estando cheia, a puxam para a praia; e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora. Assim será na consumação dos séculos [era]: virão os anjos, e separarão os maus de entre os justos, E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes.” — Mateus 13:47-50

Como nas parábolas anteriores, “o reino dos céus” não é o reino estabelecido e reinante sobre a terra em poder e glória, mas a fase celestial em preparação. Ao chamar os discípulos para o ministério, Jesus disse: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” (Mateus 4:19) A pesca com redes é a ilustração usada na parábola, era o principal método nos dias de Jesus.

Os apóstolos que eram pescadores sabiam que ao ser lançada ao mar, não tinha cmo controlar que tipos de peixes eram capturados na rede, somente após na terra é que eles eram classificados. Portanto, é fácil entender a ideia de que como “pescadores de homens” alguns indesejáveis encontrariam em seu caminho para a “rede,” e que estes também seriam separados dos outros.

Jesus ensinou essa parábola abrangendo toda a Era Evangélica, indicando que a separação do peixe tem lugar no final da era. Isso aplica, apenas de modo geral. Não é que os primeiros discípulos lançaram a rede ao mar, e somente no final da era é que a rede foi estirada na terra. Na verdade, cada discípulo de Cristo em toda a era foi de igual modo um “pescador de homens,” e estirou sua “rede” várias vezes.

A lição geral da parábola, é salientar o que o Senhor deseja fazer no final da Era Evangélica. Sobre isso, a lição é semelhante à parábola do trigo e do joio, considerada na edição anterior, em que uma separação também é apontada. Naquela lição, o “joio” é um falso “trigo.” Aqui, nada é dito sobre o peixe ter sido rejeitado por ser uma falsificação do peixe aprovado. Não precisamos julgar os indivíduos para reconhecer que em todo o mundo Cristão professo, durante toda esta era, houveram milhões de pessoas honradas que encontraram seu caminho na “rede do Evangelho.” No entanto, a maioria não foram seguidores totalmente consagrados do Mestre — destinatários da “soberana vocação de Deus.”

Os “anjos” enviados no final da era para classificar os peixes são os mesmos servos do Senhor que fizeram a pesca. Isso não significa que esses “pescadores de homens” são mais qualificados para julgar e separar o mal do bem, do que eram o povo do Senhor em toda a era. É a mensagem proclamada que faz a separação. Aqueles a quem o Senhor dá ouvidos para ouvir, compreende e aprecia os “mistérios do reino dos céus,” por sua própria escolha, vai separar aqueles que não têm ouvido a Verdade. É o grande poder do Evangelho que faz o trabalho de separação.

A razão dessa obra ser feita no fim da era ao invés de períodos anteriores é que a mensagem do Evangelho puro foi em grande parte escondida durante muitos séculos pelas falsas crenças humanas. Haviam poucos em cada geração que seguiram os principais princípios da Bíblia, mas não havia quase nenhuma oportunidade de proclamar publicamente sua mensagem. Como resultado, sua influência entre a grande massa de cristãos professos foi insignificante.

No entanto, pela providência do Senhor, no final da era, houve uma mudança radical. Com sua bênção e graça, “os filhos do reino” são capazes de dar grande testemunho da mensagem do Evangelho do Reino. Esse testemunho provocou muitos a tomar uma posição perante ele, e separar-se daqueles que são crentes só por nome, que, percebendo a impopularidade da Verdade, estão muito dispostos a tê-la mesmo assim.

A FORNALHA DE FOGO

Nessa parábola, assim como na do joio e do trigo, aqueles que não são verdadeiro povo do Senhor, mas apenas associados com eles por um tempo, são lançados na “na fornalha de fogo.” Quanto mais explicação é dada por Jesus de que “haverá choro e ranger de dentes; ali haverá pranto e ranger de dentes.”

Esse é um dos textos aproveitados por aqueles que buscam na Bíblia uma prova da doutrina da tortura eterna que desonra a Deus. Eles argumentam que aqui é uma menção ao fogo, e também uma declaração por Jesus que aparentemente sugere que aqueles que estão no fogo são atormentados. Que outra razão poderiam ter para o “pranto e ranger de dentes?”

No entanto, estamos confiantes, que essa não é a lição da parábola. Jesus disse aos que o rejeitaram em sua época, “Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora.” (Lucas 13:28) Os antigos fiéis servos do Senhor serão ressuscitados dos mortos para serem os governantes terrenos no reino Messiânico. Esta foi a posição procurada por muitos dos líderes religiosos de Israel nos dias de Jesus. Ele simplesmente apontou para eles como seriam decepcionados, quando ressuscitassem dentre os mortos, vendo aqueles mais dignos ocupando a posição que eles acreditavam pertencer a eles.

Isso, cremos, é uma boa ilustração do que é representado pela expressão, “pranto e ranger de dentes.” Não significa tormento físico, nem é no sentido literal. É um símbolo de profundo desapontamento, assim como no caso das palavras de Jesus aos líderes de sua época. Assim será com os “peixes” na “rede,” que não forem aceitos como verdadeiros discípulos de Cristo para viverem e reinarem com ele. Ficarão profundamente tristes por ter perdido uma oportunidade maravilhosa de fazerem parte da fase celestial do reino.

Os “peixes” que são expulsos são em grande número. Através dos ensinamentos enganosos promovidos por Satanás, eles pensam que uma lei de justiça poderia ser criada em toda a terra por esforços humanos. No entanto, as profecias da Bíblia revelam que todas as tentativas do homem para alcançar isso falharam—que a organização deste mundo entrará em colapso em “um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação.” (Daniel 12:1) É esse “tempo de angústia,” nós acreditamos, que é simbolizado pela “fornalha de fogo.”

O lançamento dos “peixes” na fornalha de fogo não significa a destruição de indivíduos, mas apenas a destruição de sua identidade como supostos seguidores de Jesus. Como indivíduos, estes, assim como aqueles que já foram joio, terão a oportunidade mais tarde para receberem as bênçãos na Terra como súditos do reino de Cristo. Aqueles que seguem obedientemente as leis desse reino no coração, herdarão “todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho.” — Apocalipse 21:7



Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora