VIDA E DOUTRINA CRISTÃ

O Amor de Cristo nos Constrange

“Porque o amor de Cristo nos constrange.” — 2 Coríntios 5:14

O AMOR DE CRISTO É o amor do Pai Celestial. Nós, é claro, sabemos alguma coisa sobre o amor de Deus a partir de Cristo. O amor de Deus manifesta-se na luz do sol, na chuva, em todas as coisas maravilhosas que precisamos e naqueles que veem em todas essas coisas a manifestação do amor do Criador. Como é grande o amor divino que é revelado para o cristão através da vida de nosso Salvador, Jesus Cristo.

Os discípulos disseram ao Mestre: “Mostra-nos o Pai”, e Jesus respondeu, “Quem me vê a mim vê o Pai” (João 14: 8-9) Na vida de Jesus, conforme registrada nos quatro Evangelhos temos uma visão maravilhosa do amor do Pai. É esse amor que nos constrange – que nos chama e nos mantém dentro de seu controle. A Bíblia nos diz que é através desse controle, na medida em que vemos o amor de Cristo manifestado pelo seu próprio sacrifício por todos, que podemos concluir que realmente não pertencemos a nós mesmos, mas àquele que morreu por nós. Portanto, devemos viver para ele e não para nós mesmos. – 1 Coríntios 6:19,20; 2 Coríntios 5:15

Se estivermos verdadeiramente ligados pelo amor de Cristo, teremos humildade e generosidade em nossa caminhada com Deus. Isso significa que, se procuramos ver a vida e suas experiências para beneficiar a nós mesmos, estaremos nos afastando do amor do Mestre. Uma avaliação diária da nossa atitude revelará se estamos vivendo para Cristo – e de quão perto estamos caminhando em seus passos.

Na medida em que somos constrangidos pelo amor de Cristo, nos esforçamos para sermos guiados por seu exemplo em todas as coisas. Há muitos exemplos maravilhosos de fidelidade na Bíblia. Podemos citar Enoque, que “andou com Deus”; de Abraão, que agradou a Deus por meio de sua fé; de Moisés, que era “mui manso, mais do que todos os homens”; de Davi, um “homem segundo o coração [de Deus]”, e de outros que foram notáveis de várias maneiras. Nós podemos ser beneficiados com exemplo deles, em muitos aspectos, mas não totalmente, pelo fato desses servos fiéis de Deus terem feito algumas coisas que não devemos fazer. Com Jesus, no entanto, é diferente. Toda a sua vida foi perfeita, no pensar, no falar e no agir, sendo um padrão para nossas vidas e fazendo-nos aproximar do seu amor.

Jesus sabia que o plano de Deus era muito melhor do que conhecemos, e é bom ter isso em mente ao considerarmos seu exemplo de vida. Ele sabia que os reinos desse mundo perverso eram todos do império de Satanás, mas ele não disse insultos contra esses reinos. Ele ensinou, ao contrário, que devemos dar a César o que é de César, e a Deus o que pertence a Ele. (Mateus 22:21) Ele sabia que os escribas e fariseus de sua época eram hipócritas, e ao conversar com eles, disse-lhes isso. Ele não saiu de sua trajetória proclamando publicamente ao mundo que eles eram hipócritas, porém somente aos próprios fariseus.

Jesus, por outro lado, poderia ler os corações das pessoas. Ele podia dizer sobre Natanael, “Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo.” (João 1:47) Por outro lado, quando houve dolo, como ele detectou nos corações dos fariseus, ele estava qualificado para dizer-lhes sobre isso. Se pudéssemos ler os corações das pessoas hoje em dia, como fez Jesus, poderíamos seguir com segurança o seu exemplo no trato com os hipócritas. No entanto, já que não podemos fazer isso, seria sensato proclamar a mensagem reconfortante do reino, em vez de expor as imperfeições dos outros.

Jesus era santo, inocente, sem pecado, separado dos pecadores e, sendo de forma alguma contaminado por eles ao se aproximar deles. No entanto, isso não foi porque ele se manteve distante do povo, ou se separou da companhia deles. Nós, igualmente, devemos manter-nos distante da corrupção do mundo, não mantendo-nos distantes da humanidade, mas pelo Espírito de Deus seremos ajudados a proteger-nos das imperfeições que nos cercam. Como Jesus, não podemos esperar para de dar testemunho ao povo se não entrarmos em contato com eles. Assim como nosso Mestre não foi contaminado pelos publicanos e pecadores ao se aproximar deles, justamente aqueles a quem ele queria ajudar, podemos nos manter separados do mundo enquanto testemunhamos a eles.

Jesus sabia que aquele não era o momento para a conversão do mundo. Ele viu que nem mesmo a nação judaica seria convertida como resultado de seu ministério. No entanto, ele zelosamente realizou “grandes obras” em Corazim, Betsaida e Cafarnaum, colocando uma medida de responsabilidade sobre os indivíduos nessas cidades porque não se arrependeram. – Mateus 11:20-24

O amor do Pai Celestial levou seu Filho a ser o Redentor do homem, manifestado nele, por seu incansável esforço em ajudar Israel a ver a luz e se arrepender. Sua profunda preocupação foi revelada perto do fim do seu ministério, quando ele disse: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!” – Mateus 23:37

Se somos constrangidos pelo amor de Cristo, não devemos ter menos interesse em nossos semelhantes, especialmente pelos nossos irmãos. Nós, assim como Jesus, sabemos que esse não é o momento em que o mundo será convertido. Reconhecemos que só um aqui e outro ali, até mesmo entre aqueles que professam ser cristãos, aceitarão a verdade nessa era. Vemos, por outro lado, como Jesus fez, que a gloriosa oportunidade ainda está para ser dada a toda a humanidade sob as condições favoráveis do reino de Cristo. No entanto, se a influência constrangedora do amor de Cristo tem o mesmo efeito sobre nós, uma vez que tinha sobre ele, trabalhemos com esforço para deixar nossa luz brilhar agora como se acreditássemos que o mundo, na verdade, seria convertido como resultado de nossos esforços.

Nós não estamos fazendo isso com a intenção de realizar grandes e maravilhosas obras. Nem devemos fazê-lo com o objetivo de autopromoção, ou para convencer a nós mesmos e aos outros que temos direito de receber algo de Deus por causa de nossas obras. Nós também não vamos fazer isso com a intenção de construir uma grande organização religiosa. Jesus não envolveu seu ministério em qualquer uma dessas razões.

Testemunhamos assim como Jesus fez, porque queremos ser como ele e cedendo completamente ao poder constrangedor do seu amor. Estamos fazendo isso, não à custa de nosso próprio crescimento na graça e no amor, mas porque o nosso maior crescimento no amor nos impele a servir os outros. Sendo constrangidos pelo amor de Cristo damos a nossa vida ao serviço da Verdade, e pelos nossos irmãos, também nos esforçando em seguir seu exemplo de bondade, misericórdia, paciência, longanimidade, bondade fraternal e em tudo o que dizem e fazem. Vamos todos continuar a orar uns pelos outros, para que sejamos cada vez mais constrangidos pelo amor de Cristo, e sermos mais como ele.



Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora