VIDA E DOUTRINA CRISTÃ

Recebendo um Reino Inabalável

“Portanto, já que estamos recebendo um Reino inabalável, sejamos agradecidos e, assim, adoremos a Deus de modo aceitável, com reverência e temor.” — Hebreus 12:28 NVI

ESTAMOS vivendo o que as Escrituras chamam de tempo de agitação. Ageu profetizou dizendo: “Farei tremer os céus e a terra, o mar e a terra seca; E farei tremer todas as nações” (Ageu 2:6, 7). Paulo, citando essa passagem, explicou que nesse tempo predito de agitação, muitas coisas que constituem o presente século mau serão removidas – tudo que está relacionado com o pecado e o egoísmo. Ele também falou sobre as coisas que “inabaláveis”, e assegura-nos de que “permanecerão”. – Hebreus 12: 26, 27

O REINO MESSIÂNICO

As coisas que não serão abaladas referem-se ao reino prometido de Cristo. Em nosso versículo introdutório, Paulo menciona que receberemos um reino “inabalável”. Várias passagens da Bíblia apresentam a visão de que esse reino também terá lugar na Terra. Por meio das profecias e dos sinais do nosso tempo, acreditamos que o estabelecimento desse reino com poder e grande glória que irá abençoar todas as nações da terra, com paz e vida, está próximo.

Na parábola do trigo e do joio, o trigo representa os “filhos do reino”, que foi semeado por Jesus no início da Era Evangélica, e o joio representa os “filhos do maligno”. Somos informados de que no período da colheita no final dessa era o joio é colhido fora do campo, o que representa a remoção de todas as coisas “ofensivas” e que “praticam a iniquidade.” Será então quando os justos “resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” (Mateus 13:37-43). Relacionando essa parábola com as palavras de Paulo anteriormente citadas, o joio faz parte daquilo que está para ser abalado e levado embora. O trigo, no entanto, refere-se ao que será “inabalável.”

No Salmo 46:1-5, temos uma outra profecia sobre o tempo em que estamos vivendo. Nessa passagem, vemos a agitação e a remoção de “montanhas” e o rugido do “mar”, e até os arranjos pecaminosos da “terra” – a presente sociedade que será “removida.” No entanto, aqueles que são verdadeiramente consagrados ao Senhor, é dada a garantia de que Deus cuidará deles. A garantia dessa profecia é: “Deus está no meio dela; não se abalará.”

Assim, enquanto estamos em um tempo de agitação, quando os próprios fundamentos do mundo continuam sendo arruinados, estamos no processo de desenvolvimento para receber um reino – inabalável. Esse é o reino prometido pelo Messias, e nós somos um povo muito favorecido por estarmos recebendo esse reino, sendo fiéis à nossa consagração.

O que significa “receber” o reino? Jesus disse a seus discípulos, e para nós também: “buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça.” (Mateus 6:33) Pedro recomendou a fidelidade, a fim de que possamos ter uma “entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” – 2 Pedro 1:10,11

A expressão “reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”, é usada na Bíblia a partir de diferentes pontos de vista. Às vezes, ela se refere ao aspecto da regência do reino messiânico. Nós acreditamos que isso se trata de um conselho de Jesus para buscar primeiro o reino, e da declaração em nosso texto que diz que estamos recebendo um reino inabalável. O mesmo ocorre com o conselho de Pedro para buscar uma entrada no reino eterno.

Há outras referências ao reino que se relacionam com as bênçãos que serão recebidas dele – “todas as famílias da terra” (Gênesis 28:14) Uma dessas referências é encontrada em Isaías 2:3 (TB). Aqui, o reino é simbolicamente descrito como uma grande montanha. A profecia diz: “Irão muitos povos e dirão: Vinde e Subamos ao monte de JEOVÁ, à casa do Deus de Jacó; dê-nos ele a lição dos seus caminhos, e andaremos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém, a Palavra de JEOVÁ.” Enquanto nós hoje reconhecemos a bendita promessa de recebermos um reino inabalável, os súditos desse reino, todavia, ainda não estão dizendo: “Subamos ao monte de JEOVÁ.”

GOVERNANTES SELECIONADOS

Os governantes do reino devem primeiro ser selecionados dentre a humanidade, e preparados para o alto cargo que irão ocupar naquele reino. Essa grande obra está em andamento desde o Pentecostes. Jesus foi o primeiro dos governantes espirituais a estar qualificado para essa posição elevada. Ele é o “REI DOS REIS, E SEHOR DOS SENHORES.” (Apocalipse 19:16) Aqueles que, ao longo da presente Era Evangélica, estiverem dispostos a sofrer e morrer com ele, também se mostrarão dignos de viver e reinar com ele. A obra da chamada celestial e de provação continua. Eles são aqueles que, por meio de sua fidelidade, “receberão um reino”.

Há também representantes humanos dos governantes espirituais do reino. A obra de seleção desses representantes terrestres foi conduzida por Deus durante as eras anteriores ao Primeiro Advento de Jesus. As Escrituras indicam que o primeiro deles a estar qualificado foi Abel. (Hebreus 11:4) O ultimo, provavelmente foi João Batista, de quem Jesus disse que, “entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista, “o menor no reino dos céus” (Mateus 11:11) Isso não quer dizer que João Batista não vai estar no reino. Significa simplesmente que ele não será um dos governantes celestiais, ou espirituais, do reino.

Os representantes humanos do reino, que foram os servos fiéis de Deus no passado, são descritos como aqueles que serão “príncipes sobre toda a terra.” A versão Rotherham traduz “governantes sobre toda a terra.” (Salmos 45:16) Jesus profetizou que nesse reino viriam pessoas de todas as partes da terra e sentariam com esses antigos dignitários, e aprenderiam com eles. (Mateus 8:11; Lucas 13:28, 29.) No capítulo 11 de Hebreus, Paulo menciona alguns desses homens e mulheres fiéis do passado, e conta o relato da fidelidade inabalável deles a Deus, sob circunstâncias muito difíceis. Ele também explica que, apesar dá grande fé que eles tiveram, Deus tem “alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados". – Hebreus 11:39, 40

A “melhor coisa” que Deus providenciou para os seguidores de Jesus durante a era atual é a recompensa espiritual e o privilégio de viver e reinar com Cristo durante mil anos. (Romanos 2:7; Apocalipse 20:6). É através da fidelidade às condições dessa “vocação celestial” que receberemos para governar o reino. (Hebreus 3:1) Enquanto isso, regozijemos na perspectiva das bênçãos que o Senhor prometeu para derramar sobre a humanidade através desses governantes celestes e terrestres do reino.

O reino Messiânico é retratado em Miquéias 4:1,2 como o “monte da casa de JEOVÁ”, que deve ser estabelecida no “cume dos montes”. Nessa profecia, as duas fases dominantes são referidas como “Sião” e “Jerusalém”. Acreditamos que nessa profecia, a fase espiritual, ou celestial, do governo do reino, é simbolizada por Sião, e a fase terrestre por Jerusalém, porque “de Sião sairá a lei", isto é, de Jesus e de seus fiéis seguidores, glorificados e entronizados como os governantes espirituais do Reino. A “palavra de JEOVÁ” sairá “de Jerusalém” – o governo terrestre do reino. A expressão “A Palavra de JEOVÁ” parece implicar a interpretação e o ensino da “lei”, que dará origem a partir da simbólica Sião, apresentada ao povo pelos antigos dignitários, os representantes de Cristo na Terra.

AS BÊNÇÃOS DO REINO

Maravilhosas bênçãos incontáveis chegarão às pessoas através da disposição do reino messiânico. A Profecia em Miquéias 4:2-4 fala sobre aprender os caminhos de Deus, de “converter as espadas em pás”, e assegura-nos que “não haverá quem os espante.” Não haverá segurança para todos–simbolizada pela morada “debaixo da sua videira, e debaixo da sua figueira.” Verdadeiramente, as bênçãos do reino serão ricas para todos os que se tornarem seus súditos fiéis.

Em Isaías 25:6-9, o reino é simbolicamente descrito como um “monte”. Somos informados de que nesse monte o Senhor preparará para todas as pessoas – os súditos do Reino – “uma festa com animais gordos, uma festa de vinhos velhos, com tutanos gordos, e com vinhos velhos, bem purificados.” Também é certo de que nesse monte simbólico o Senhor irá “aniquilará a morte para sempre”, e de que “enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos.”

Essas são algumas das bênçãos que serão disponibilizadas no reino. Essas bênçãos para a humanidade não estão atualmente disponíveis nesse momento. Ao invés disso, elas irão aguardar até que o último membro da fase celestial do reino tenha terminado sua carreira fielmente “até a morte”. É a partir desse ponto de vista que agora estamos nos preparando para recebermos o reino. O plano de Deus não pode falhar. Todos os planos humanos e suas obras estão falhando, sendo sacudidos pelos ventos do egoísmo. O reino que estamos recebendo não pode ser abalado, pois Deus está no meio daqueles que compõem a classe desse reino, e ele é mais poderoso do que todos os inimigos que se reúnam contra eles.

COMO RECEBÊ-LAS

O método pelo qual estamos “recebendo um reino inabalável” é afirmado por Paulo em nosso texto, para que “sejamos agradecidos e, assim, adoremos a Deus de modo adoremos a Deus de modo aceitável, com reverência e temor.” A partir dessa afirmação, vemos que o Senhor tem o prazer de dar-nos essa alta posição no reino, mas não de forma incondicional. Há certas condições para receber esse dom maravilhoso, e nós devemos satisfazer esses requisitos para recebermos o reino.

Essa é apenas outra maneira de dizer que temos de fazer a nossa “vocação e eleição.” (2 Pedro 1:10) Os detalhes do processo de aceitar a chamada do Reino para ser fiel à vontade divina, são dados por Deus dia após dia. Não temos como saber especificamente quais são as provas e testes que temos pela frente. No entanto, sabemos que se apoiarmos na graça de Deus e dependermos dela, e dedicarmos nossa vida inteiramente à sua vontade, estaremos em condições de recebermos esse reino que em breve sanará todos os males da terra.

Sabemos que o Senhor continuará trabalhando através de nós para fazermos a sua boa vontade. Nós não sabemos quão rapidamente o mundo de Satanás continuará a deteriorar-se a partir da presente “agitação”. No entanto, temos a promessa de que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Romanos 8:28) Assim, podemos avançar com confiança, não importando se o mundo ridiculariza a escolha que fizemos de sermos chamados para a glória, honra e imortalidade, para uma posição na qual o reino prometido por Deus será estabelecido em breve para abençoar todas as famílias da terra.

Para recebermos o reino inabalável, temos de respeitar as condições da nossa vocação. Uma dessas condições é que devemos negar a nós mesmos, tomar nossa cruz e seguir o Mestre. (Mateus 16:24) Negar a nós mesmo implica se esvaziar de nós mesmos, e ser cheio do amor do Espírito Santo. A união dessa condição, imediatamente nos coloca em uma posição contrária ao mundo. Isso significa que tudo o que fizermos será feito não para nós mesmos, mas para o Senhor, para o seu povo, e por sua causa. Do ponto de vista humano, poderíamos até tomar partido em algumas das controvérsias do mundo, mas as condições para recebermos o reino inabalável não permitem isso. Vamos continuar a viver nesse mundo, mas não pertencemos mais ao espírito dele. – João 17:11-16; 1 Coríntios 2:12

Esvaziar de nós mesmos, e ser cheio do Espírito do Senhor, significa que os frutos do Espírito – o amor, a paz, a alegria e a bondade – se manifestam nas nossas relações diárias com os nossos irmãos, bem como com o mundo. Negar a nós mesmos, não implica que estamos buscando nossa própria vontade, mas o prazer de continuar a sacrificar as coisas que poderiam ser nossa por direito, a fim de que outros possam ser abençoados. Isso não será fácil em um mundo tão pecaminoso, mas é uma das maneiras em que recebemos o reino inabalável.

DANDO A NOSSA VIDA

Outra das condições para receber o reino, foi expressa por Jesus quando ele disse que deveríamos amar uns aos outros como Ele nos amou. (João 13:34; 15:12) Mais tarde, João explicou o significado disso – que pediu para darmos nossa vida pelos irmãos. (1 João 3:16) Muitas pessoas no mundo dão sua vida por um motivo ou outro. Hoje, isso é visto nos “campos de batalha” de um ou mais conflitos internos em diferentes partes da Terra – Ucrânia, Gaza, Iraque, Síria e outras guerras e lutas que acontecem em vários países.

O mundo continuará perseguindo os seus objetivos, e muitos vão sinceramente dar a vida na causa que eles acreditam ser correta. No entanto, estamos comprometidos com a maior de todas as causas. É o meio pelo qual Deus prometeu estabelecer um governo poderoso na terra para proporcionar bênçãos para as pessoas que são incapazes de assegurar para si mesmas. É uma posição de governo nesse reino que receberemos se formos fiéis em dar o nosso tudo ao Pai Celestial.

Assim, continuamos dando a vida pelos irmãos, pois esse é um dos meios pelos quais a graça de Deus está trabalhando em nosso nome. Nossos irmãos, da mesma forma, estão dando suas vidas por nós. Sejamos fiéis neste trabalho cooperativo através do qual todos os verdadeiros seguidores do reino estão sendo preparados para as suas posições.

Devemos também dar nossa vida à humanidade como um todo. Paulo refere-se a isso como um batismo pelos mortos. (1 Coríntios 15:29) Essa afirmação não deve ser tomada literalmente, mas simbolicamente. É nosso privilégio dar nossa vida juntamente com Jesus, o que a deu para redimir a humanidade do pecado e da morte. A redenção do mundo não está envolvida em nosso sacrifício. No entanto, provando nossa vontade, para estar conforme à morte sacrificial de Jesus, teremos uma participação em abençoar a humanidade com paz, saúde e vida. É dessa forma que os benefícios do sacrifício de Cristo, incluindo os dos membros do seu corpo, chegarão ao mundo através daqueles que estão agora recebendo um reino inabalável.

Isso significa que estamos morrendo por uma causa, a causa Messiânica, a causa do grande Criador, que não pode falhar. Milhões de pessoas vão experimentar decepções ao longo dos próximos anos, antes do estabelecimento do reino de Cristo. Seus planos, programas e esforços serão abalados e serão desintegrados diante deles. Onde eles talvez encontrem a esperança de encontrar a luz, irão tropeçar ainda mais na escuridão. No entanto, não será assim com aqueles que estão recebendo um reino inabalável. Nós sabemos que cada fracasso do homem, é uma garantia a mais de que o reino de Deus está próximo, por isso levantemos nossas cabeças e alegremo-nos. – Lucas 21:28

Nós não vamos ficar alegres pelo fato do mundo estar sofrendo, mas sim na evidência de que todo sofrimento é que em breve terá um fim através do reino que estamos recebendo. Não importa o que o futuro reserva para o mundo, sabemos que, para nós, trará as bênçãos do Pai – a benção Celestial que enriquece, e à qual não traz nenhuma tristeza. (Provérbios 10:22) Assim, podemos olhar para frente com confiança, porque pela graça de Deus nós estamos trabalhando para o cumprimento das condições sob as quais podemos esperar compartilhar na regência do reino.

PROCLAMANDO ESSA ESPERANÇA

Parece que há ainda várias coisas para acontecer antes do reino de Cristo ser manifestado para abençoar o povo. No entanto, podemos anunciar aos homens, enquanto temos oportunidade, de que estamos vivendo nos últimos dias do reinado do pecado e da morte, e de que o reino do Messias está próximo, “às portas.” (Mateus 24:33) De fato, testemunhar o Evangelho do reino é uma das maneiras em que temos a oportunidade de provar o nosso valor para recebermos esse reino inabalável. Paulo expressou a grande importância disso quando disse: “Ai de mim, se não anunciar o evangelho!” – 1 Coríntios 9:16

A perspectiva para as pessoas consagradas a Deus é brilhante. Vemos, e também experimentamos, muitos dos problemas que estão sobre o mundo. No entanto, com os olhos da fé, vemos através e além dessas condições caóticas, o estabelecimento do reino, que nos foi prometido com Cristo. A esperança de compartilhar com Jesus a regência desse reino causa em nós alegria e coragem para suportar as aflições presentes, sabendo da eterna alegria que seguirá. – 2 Coríntios 4:17,18; 1 Pedro 1:3-5

Lembremo-nos que, para finalmente receber a nossa posição no reino, a fidelidade diária juntamente com as condições do nosso pacto de sacrifício a Deus são necessários. Podemos nos alegrar de que a graça do Senhor é prometida aos fiéis. Por essa graça, podemos continuar a servi-lo fielmente com “reverência e temor”, até ouvirmos o que tanto desejávamos “Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.” – Mateus 25:21,23



Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora