VIDA E DOUTRINA CRISTÃ

Israel:
Historia e Profecia

Parte IV

UMA CASA REINANTE ESPIRITUAL

Para poder governar no reino messiânico, os que são escolhidos com este fim devem ser ressuscitados dos mortos. Foi o caso de Jesus que, após sua ressurreição, disse a seus discípulos: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mateus 28:18). Depois foi elevado “Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro” (Efésios 1:21).

Ele não foi elevado somente em autoridade e poder, senão recebeu uma natureza superior. Ele não era mais um ser humano, deu sua carne pela vida do mundo. (João 6:51) “O qual é a imagem do Deus invisível”, isto é, que ele possui a natureza divina (Colossenses 1:15). Jesus disse com respeito a esta alta posição de glória e de autoridade: “Os vencedores vão se sentar comigo à cabeceira da mesa, assim como eu, depois de vencer, tomei o lugar de honra ao lado de meu Pai. Esse é o meu presente aos vencedores.” (Apocalipse 3:21 A Mensagem)

No capítulo 15 da primeira Epístola aos Coríntios, Paulo, falando dos que serão elevados a esta alta posição, diz que terão corpos celestiais. Neste capítulo, ele diz também, com respeito ao reino de Cristo: “Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés.” (versículo 25) O estabelecimento deste reino é essencial à ressurreição dos que devem reinar com Cristo. Eles receberão corpos celestiais ou espirituais. (versículos 39-44)

Esta casa reinante de filhos espirituais, invisíveis, não foi formada no momento em que Jesus foi rejeitado por Israel, que não se qualificou para ser o reino de sacerdotes e a nação santa. Ainda que Deus houvesse preparado esta parte de seu plano desde os antigos tempos, foi realizada só a partir da vinda do Messias.

Segundo este plano, os crentes gentios deviam herdar o reino de glória com os judeus crentes. Este desígnio divino não se conheceu antes, porque “Esse mistério não foi dado a conhecer aos homens doutras gerações, mas agora foi revelado pelo Espírito aos santos apóstolos e profetas de Deus, significando que, mediante o evangelho, os gentios são co-herdeiros com Israel, membros do mesmo corpo, e co-participantes da promessa em Cristo Jesus.” (Efésios 3:5,6 NVI).

A LEI SAIRÁ DE SIÃO

O rei Davi estabeleceu a sede de seu governo sobre o monte Sião em Jerusalém. Deus considerou o reino de Israel como o seu, foi uma imagem do verdadeiro reino messiânico e prometido. No Antigo e no Novo Testamento, “Sião” simboliza o governo de Cristo e seus co-herdeiros. Em Apocalipse 14:1, vemo-los sobre o monte Sião.

Miquéias 4:2 e Isaías 2:3 dizem-nos que de Sião sairá a lei, quando a “casa reinante do Senhor” seja estabelecida no reino messiânico. O mesmo símbolo, concernente à fase espiritual, descreve-se em Romanos 11:26 e 27, onde diz: “E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados.”

No mesmo capítulo de Romanos, Paulo diz que somente um restante obteve o que todo o Israel buscava, isto é, a coerência com Cristo, o Messias da promessa; outros têm sido endurecidos. Mas isto não quer dizer que Deus não amou aos israelitas caídos no endurecimento. Eles não conheceram a “soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3:14). Israel ficará neste endurecimento, até que “a plenitude dos gentios haja entrado”, isto é, até que um número suficiente de gentios tenha provado sua dignidade para ocupar o lugar dos “ramos naturais” separados. Após isso “todo o Israel será salvo.” (Romanos 11:25, 26)

Quando haja entrado a plenitude dos gentios, o número dos membros da Sião espiritual estará completo; serão elevados à glória celestial. Então, de Sião virão as bênçãos do reino prometido; serão derramadas primeiro sobre Israel, segundo o pacto que Deus fez com eles, para retirar todos seus pecados.

Paulo diz: “Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós.” Em consequência de suas hostilidades para com Jesus e seu Evangelho do reino, a oportunidade de obter o grande prêmio de coerência com Jesus tem sido oferecida aos gentios “mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais.” (versículos 28,29)

A palavra eleição, neste texto, é muito interessante e significativa. Abraão foi escolhido por Deus para ser o pai do Israel natural e herdar o país de Canaã. Sua semente natural devia representar a semente da fé da Idade ou Era Evangélica, que deve ser elevada à glória, a honra e a imortalidade, e se fazer o instrumento pelo qual todas as famílias da terra serão abençoadas. Mas Abraão devia primeiro fazer firme sua eleição. Sua boa vontade de deixar seu país e a casa de seu pai foi provada. Ele obedeceu. (Hebreus 11:8) A prova final foi a do sacrifício a Deus de seu filho Isaque. Ainda ali sua fé triunfou.

Por meio de Moisés, Deus fez um pacto com o povo de Israel, oferecendo-lhe a oportunidade de fazer-se um “reino de sacerdotes e uma nação santa”; mas baixo esta condição: “Se diligentemente ouvirdes a minha voz.” (Êxodo 19:5,6). Deus, em sua presciência, sabia que o povo de Israel não obedecesse sempre e com sinceridade sua voz. Após seu fracasso, Jeová prometeu fazer com eles um “novo pacto”. Este pacto foi expresso no momento da divisão da nação, na qual uma parte se chamou “Israel” e a outra, “Judá”. Deus deu-lhe a conhecer que sempre amava a todo o Israel, e lhes tinha dito:

“Eis que vêm dias, diz o SENHOR, nos quais farei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não como a aliança que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão para tirá-los da terra do Egito; porque eles invalidaram Minha aliança, mesmo sendo Eu um marido para eles, diz o SENHOR. Mas essa é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: Colocarei em sua mente a Minha lei e a escreverei em seu coração, e Eu serei para eles Deus, e eles serão Meu povo. Ninguém ensinará mais ao seu próximo, nem a seu irmão, dizendo: Conhecei ao SENHOR, porque todos Me conhecerão, desde o menor deles até o maior deles, diz o SENHOR; porque perdoarei a maldade deles, e não Me lembrarei mais de seu pecado”. (Jeremias 31:31-34 VRV)

Romanos 11:27 refere-se a esta promessa: “E esta será a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados”; e Paulo pensa neste pacto ao escrever: “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (Romanos 11:29). O pacto precedente, como Deus mesmo o declara, havia sido violado. Israel não se havia qualificado para gozar das disposições deste pacto. Deus não havia mudado, senão que Israel não havia cumprido com as condições, e o pacto que lhe oferecia a oportunidade de serem “um reino de sacerdotes e uma nação santa” se fez nulo e sem efeito.

É por isso que, Deus, em seu amor, prometeu fazer um novo pacto; um pacto que lhes proporcionará a vida, mas não o governo e a glória. Será feito com Israel, tão breve como “que a plenitude dos gentios haja entrado”, por meio do Cristo Divino, que constituirá a fase espiritual do reino. “De Sião virá o Libertador e desviará de Jacó [cujo nome foi mudado a Israel] as impiedades.” (Romanos 11:26)


(A quinta parte deste artigo será publicada na edição de Março-Abril de 2013 desta revista)


Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora