DESTAQUES DA AURORA

Edição Especial

O Dia de Jehová

“O Dia de Jeová”, o “Dia da Vingança”, o “Dia da Ira” — Um tempo de grande tribulação — Sua causa — O testemunho da Bíblia referente a esse tempo — Evidências de que seu fogo, e o furacão, assim como os abalos e o derretimento, são simbólicos — O testemunho de Davi — O testemunho do Revelador — A situação atual e o prospectivo futuro sob o ponto de vista dos partidos opostos do Capital e do Trabalho — Um remédio que não será eficaz — O erguimento do véu e a difusão de luz precisamente nos tempos oportunos — As provas disto — A condição dos Santos durante a Tribulação, e sua própria atitude a este respeito.

O “DIA DE JEOVÁ” é o título dado ao período no qual o Reino de Deus, debaixo de Cristo, gradualmente se “estabelecerá” na Terra, ao mesmo tempo em que os reinos do mundo irão desaparecendo, e o poder e a influência de Satanás sobre os homens, se acharão num processo de restrição. Em todas as partes é descrito como um dia repleto de tribulação, angústia e perplexidade sobre a humanidade. É improvável que uma revolução revestida de tais proporções e destinada a levar a cabo mudanças tão colossais, deixasse de ocasionar sérios distúrbios. As pequenas revoluções têm causado em todo tempo transtornos, e esta, muito maior do que qualquer outra será um tempo de tribulação, como nunca houve, desde que existiu nação até aquele tempo; nem jamais haverá. —Daniel 12:1; Mateus 24:21, 22

É chamado de o “Dia de Jeová” porque, embora Cristo investido de seu poder e com seu título real se ache presente como o Representante de Jeová tomando o encargo de todos os assuntos durante este dia de tribulação e de angústia, será mais como que o General de Jeová, sujeitando todas as coisas, além de estar desempenhando sua missão de Príncipe da Paz, abençoando a humanidade. Entretanto, enquanto as teorias falsas e sistemas falsos e imperfeitos estão desmoronando, o estandarte do novo Rei será erguido, e finalmente este será reconhecido e aclamado por todos como Rei dos reis. Em harmonia com isso, os profetas apresentam a tarefa de estabelecer o domínio de Cristo, como obra de Jeová: “Te darei as nações como herança, e os confins da terra como tua propriedade”. (Salmo 2:8, NVI) “Mas nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino”. (Daniel 2:44) Daniel também mostra que o Ancião de Dias se assentou, e diante Dele trouxeram alguém como o Filho do homem, e foi-lhe dado domínio, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão. (Daniel 7:9, 13, 14, 22, 27) Mas além de tudo isso, temos a declaração do apóstolo Paulo de que quando Cristo concluir o objetivo do seu reino, “então também o mesmo Filho se sujeitará àquele (o Pai) que TODAS AS COISAS LHE SUJEITOU”. —1 Coríntios 15:28

Este período é chamado de “o Dia da Vingança do nosso Deus” e “o Dia da sua Ira”. (Isaías 61:2; 63:1-4; Salmo 110:5) Entretanto, se encontram num sério erro os que apenas percebem a idéia de ira, ou que supõem alguma perversidade da parte de Deus. O Criador tem estabelecido certas leis em harmonia com as quais são realizadas as suas obras, e seja quem for que por uma ou outra razão entre em conflito com estas leis, colhe a penalidade ou a ira acerca de sua própria conduta. Com muitas poucas exceções, a humanidade tem rejeitado continuamente as instruções dadas por Deus, e conforme já vimos, Ele lhes tem permitido seguir seu próprio curso, consentindo em que, juntamente com seus preceitos, o rejeitem conforme a inclinação de seu coração. (Romanos 1:28) Por causa disso, Deus limitou seu cuidado especial para com Abraão e sua descendência, os quais professavam sentir o desejo de seguir seu serviço e seus caminhos. A dureza de coração e a falta de sinceridade dos judeus para com Deus, como nação, não somente resultou em que não receberam o Messias, mas também ao mesmo tempo, e como consequência lógica, os preparou e os conduziu ao grande tempo de tribulação que pôs fim a sua existência nacional.

A luz difundida no mundo durante a Era Evangélica pela verdadeira Igreja de Cristo (a classe cujos nomes estão escritos nos céus), tem erguido diante dos olhos do mundo civilizado um testemunho da diferença que existe entre a retidão e a injustiça, entre o bem e o mal, e tornando conhecido que está chegando o tempo em que um será recompensado e outro receberá o seu merecido castigo. (João 16:8-11; Atos 24:25) Se os homens houvessem atendido as instruções do Senhor, o testemunho haveria tido uma vasta influência sobre eles, mas voluntariamente como sempre, pouco tem aproveitado dos conselhos que oferecem as Escrituras, e, como consequência desta negligência, virá sobre eles a tribulação do Dia de Jeová. Além disso, essa tribulação pode ser qualificada como sendo a “ira de Deus”, porque se existe lugar para ela é devido ao pouco caso que tem sido feito quanto aos seus conselhos, e vem como recompensa da injustiça. Vendo o assunto sob outro ponto de vista, percebemos, entretanto que a tribulação que está vindo sobre o mundo é o resultado natural e legítimo do pecado, resultado que Deus previu, e do qual poderia ser livrado o mundo, se houvessem prestado atenção a seus conselhos.

Enquanto que para a Igreja, a mensagem de Deus tem sido: “Apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo” (Romanos 12:1); para o mundo sua mensagem é: “Guarda a tua língua do mal, e os teus lábios de falarem o engano. Aparta-te do mal, e faze o bem; procura a paz, e segue-a.” (Salmo 34:13, 14) Poucos têm sido aqueles que têm dado ouvidos a algum dos dois. Somente um pequeno rebanho se sacrificou; e quanto ao mundo, apesar de colocar em destaque a norma, “a honestidade é a melhor tática”, no entanto a maioria tem-se descuidado de pô-la em prática. Em vez disso, têm escutado a voz da avareza, a qual aconselha que se obtenha o máximo que puder de riquezas, honra e poder deste mundo, sem levar em conta a maneira, e nem quem perde com a ganância. Em poucas palavras, a tribulação do Dia do Senhor não viria, nem poderia vir, se os princípios da lei de Deus fossem observados até um grau considerável. Essa lei, brevemente resumida, é: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e ao teu próximo como a ti mesmo. (Mateus 22:37-39) Pelo fato de que a mente depravada ou carnal se opõe a esta lei de Deus e não se sujeita a ela, a tribulação há de vir como consequência natural, como a colheita depois da semeadura.

Longe de amar o próximo como a si mesmo, a mente depravada ou carnal sempre tem sido egoísta e ávida, amiúde inclinada à violência e ao assassinato com o fim de apoderar-se das possessões alheias. Não importa a maneira em que se exercite o princípio egoísta, sempre é o mesmo, ainda que em algumas ocasiões se ache dominado ou governado pelas circunstâncias do nascimento, educação e meio ambiente. Em todas as idades ou eras do mundo esse princípio tem sido sempre o mesmo, e o será até que por meio da força exercida durante o regime de ferro sob o Messias, o amor substitua a violência e a insaciável cobiça, decidindo aquilo que é JUSTO e pondo-o em vigência; até que todos possam ter a oportunidade de familiarizar-se com os benefícios superiores do regime de justiça e amor, em contraste com o da violência e egoísmo; até que debaixo da influência da luz do sol da verdade e da justiça, o coração egoísta e endurecido do homem chegue de novo a ser semelhante àquele quando Deus o declarou “muito bom”—um coração de carne. —Ezequiel 36:26

Olhando em retrospectiva podemos ver, sem dificuldades, a maneira em que a amorosa e bondosa disposição humana, à imagem de Deus, converteu-se numa disposição egoísta e endurecida. Assim que o homem, por causa da sua desobediência, perdeu o favor divino e foi apartado de seu lugar edênico onde lhe eram supridas, de modo abundante, todas as suas necessidades, se lhe confrontaram as circunstâncias que tendiam a promover nele a dureza e o egoísmo. Quando sob a condenação nossos primeiros pais abandonaram o Éden e começaram as lutas pela vida, tentando prolongar sua existência até o limite mais extremo, espinhos, abrolhos e um solo estéril vieram ao seu encontro. De acordo com a declaração de Jeová, sua luta contra estes produziu neles o cansaço e cobriu o seu rosto de suor. Gradualmente, por causa do pouco exercício delas, as qualidades mentais e morais começaram a diminuir, e em troca as qualidades inferiores, constantemente exercitadas, adquiriram um espaço cada vez maior. Ganhar o sustento veio a ser o desejo primário e empenho na vida, e seu custo no trabalho se converteu numa norma pela qual se computavam todos os demais interesses, e desta maneira Mamom (vocábulo de origem semítica que personifica as riquezas), se constituiu em amo e senhor do homem. Por isso, é de admirar que a humanidade sob tais circunstâncias se tornasse egoísta, cobiçosa e disposta a lançar mão do alheio, empenhando-se cada um em alcançar o maior número de coisas necessárias em primeiro lugar, e em seguida alcançar as honras e o luxo oferecidos por Mamom? Satanás não fez outra coisa senão aproveitar-se desta tendência natural.

Por causa das várias influências (entre elas, a ignorância, o preconceito racial e o orgulho nacional), durante as eras passadas, em geral, as riquezas do mundo se encontravam nas mãos de uns poucos—a classe dominante aos quais as massas têm rendido uma obediência servil como seus representantes nacionais, sentindo-se orgulhosos de suas riquezas como se fossem suas de modo representativo. Entretanto, à medida que ia se aproximando o tempo que Jeová tem designado para abençoar o mundo por meio de uma restauração pelas mãos do Messias, fazendo uso das facilidades e invenções modernas, Deus começou a erguer o véu da ignorância e da superstição. Isto tem ocasionado um soerguimento das massas e tem diminuído em grandemente o poder dos governantes da Terra. Hoje a riqueza do mundo não se encontra por mais tempo nas mãos de reis, mas principalmente nas do povo.

Apesar de certamente serem as riquezas a causa de muitos males, é verdade também que proporcionam algumas bênçãos, visto que com seus recursos os ricos estão em condições de obter melhor educação; mas isto os tem erguido intelectualmente sobre a classe mais pobre, pondo-os em condições de associar-se com a classe governante. É a isto que se deve a existência de uma aristocracia que, apoiada pelo dinheiro e pela educação, prossegue em sua cobiçosa luta para obter tudo o que é possível, e para manter-se a todo o custo na vanguarda.

Mas, à medida que o conhecimento é propagado e o povo tira proveito das facilidades educacionais tão abundantes agora, as massas começam a pensar por si mesmas; e já donos de um pouco de conhecimento (às vezes algo perigoso), o qual eleva sua autoestima e seu egoísmo, imaginam haver encontrado os meios e as maneiras pelas quais os interesses e as circunstâncias de todos os homens, especialmente os seus próprios, podem ser protegidos e fomentados às custas da minoria em cujas mãos se acham agora as riquezas. Muitos deles sem dúvida alguma creem sinceramente que os interesses contraditórios entre os adoradores de Mamom (eles de um lado e por outro os capitalistas), podem de modo fácil e satisfatório serem conciliados. Sem dúvida, um grande número pensa que se fossem ricos seriam muito benevolentes, e estariam prontos a amar o seu próximo como a si mesmos. Mas é evidente que estão enganados, porque muito poucos em sua condição atual manifestam tal espírito, e quem não é fiel no uso de um pouco das coisas deste mundo, não o será ao ter ao seu encargo maiores riquezas. Os fatos provam o que dissemos acima, porque não passa despercebido que entre a classe rica, os mais empedernidos e egoístas são os que repentinamente vieram de uma condição humilde de vida.

Porém, ainda que de modo algum devamos defender, mas sempre reprovar a cobiça e o egoísmo da parte de todas as classes, é apropriado que nos demos conta de que as provisões que têm sido feitas para os enfermos, os inválidos e os pobres, como vemos representados pelos diversos asilos de diferentes tipos, hospitais, bibliotecas públicas, escolas e várias outras instituições para o benefício e comodidade das massas, são mantidos na sua maior parte com os impostos e os donativos dos ricos. Tais instituições regularmente devem sua existência a certos membros benévolos e generosos dentre os ricos, e são coisas que as classes mais pobres, quer seja por falta de tempo ou de interesse, quer seja em alguns casos por carecer da necessária educação, não poderiam manter operando de maneira satisfatória.

O dia atual, entretanto, é testemunha de uma crescente oposição entre o capital e o trabalho um crescente rancor, da parte da classe operária; e entre os ricos, um crescente sentimento de que nada, a não ser o braço forte da lei, conseguirá dar a devida proteção ao que eles creem ser seus direitos. Por esta razão, o capital busca mais e mais o apoio dos governantes. As massas de assalariados ao contrário, começam a crer que as leis e os governos foram planejados com o único objetivo de auxiliar os capitalistas e de privar os pobres da liberdade, e pensando assim que seus interesses serão mais bem servidos de tal modo, começam a inclinar-se para o Comunismo e a Anarquia, sem se darem conta de que o pior de todos os governos, e o mais dispendioso é muito melhor do que nenhum.

Muitos textos das Escrituras claramente indicam que semelhante luta há de caracterizar o tempo de tribulação sob o qual desaparecerão os atuais sistemas civis, sociais e religiosos, e que por causa da imperfeição mental, moral e física do homem, os progressos da ciência e da liberdade redundarão nesta catástrofe. Sobre estes textos iremos nos referir na ocasião oportuna; no momento somente chamamos a atenção a alguns dentre eles, fazendo presente ao leitor que em muitas profecias do Antigo Testamento, em que extensamente se trata do Egito, Babilônia e Israel, além de um cumprimento literal se indica outro que se reveste de maiores proporções. Por exemplo: Se além da verdadeira, não reconhecêssemos uma Babilônia antitípica e simbólica, as predições de sua queda poderiam ser consideradas como extremamente extravagantes. O livro de Apocalipse contém predições escritas muito tempo depois de achar-se em ruínas a Babilônia literal, e, portanto, são somente aplicáveis à simbólica; as palavras dos profetas aparentemente dirigidas de uma maneira direta à Babilônia literal, por causa de sua similaridade para com as palavras do Apocalipse, deixam entrever que num sentido especial são aplicáveis à Babilônia simbólica. Em seu cumprimento mais amplo, nestas profecias o Egito representa o mundo; Babilônia, a Igreja nominal que a si mesma se dá o nome de cristianismo, e como já dissemos, Israel com frequência representa o mundo inteiro tal qual se encontrará em sua condição justificada, composto de seu glorioso Sacerdócio Real, seus santos levitas e o povo de crentes cheios do espírito de adoração, justificados por meio do sacrifício da expiação, e trazidos a uma condição de reconciliação com Deus. À nação de Israel estão prometidas as bênçãos; ao Egito as pragas; para a forte Babilônia, uma destruição completa, absoluta e eterna, assim como “uma pedra como uma grande mó, e lançada no mar” (Apocalipse 18:21), para nunca mais ser estabelecida, mas pelo contrário, será considerada eternamente como algo detestável.

Deste dia de tribulação e de angústia nos fala o apóstolo Tiago, indicando que este será o resultado das diferenças entre o capital e o trabalho. Suas palavras são: “Agora, prestai atenção, vós ricos. Chorai e lamentai, por causa das desgraças que virão sobre vós. Vossas riquezas estão podres, [têm perdido seu valor], e vossas roupas, roídas pela traça. Vosso ouro e vossa prata estão enferrujados, e a ferrugem testemunhará contra vós e devorará vossa carne como fogo. Tendes juntados tesouros nos últimos dias. O salário que desonestamente [por causa da vossa cobiça] deixastes de pagar aos trabalhadores que colheram os vossos campos, clama; os clamores dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor dos exércitos.” (Tiago 5:1-4, AL21) A seguir acrescenta que a classe que entra na tribulação estava acostumada ao luxo, em sua maior parte obtido às custas dos outros, entre os quais estão incluídos alguns justos a quem, por não oferecerem resistência alguma, têm tido sua vida ainda mais oprimida. Aos “irmãos” o Apóstolo insta para que suportem pacientemente sua sorte qualquer que esta seja, olhando adiante à espera da libertação por meio do Senhor. Este estado de coisas já pode ser discernido como estando em rápida aproximação, e entre aqueles do mundo que já estão despertos, “os homens desfalecerão de terror, e pela expectação das coisas que sobrevirão ao mundo”. Todos estão certos de que em nossos dias a tendência é a diminuição os salários, com exceção feita daqueles lugares em que os preços são mantidos artificialmente, ou se faz subir por meio da união dos trabalhadores, greves, etc. Com tudo isso em mente, e tendo em conta o sentimento atual das massas, todos podem ver que é uma questão de tempo para que se chegue ao limite da tolerância, e o resultado não pode ser outro a não ser uma revolução. Isto causará alarme entre os capitalistas, os quais prontamente retirarão seus capitais dos negócios e das empresas fabris para ajuntá-los em caixas-fortes e outros locais seguros, onde, para grande desgosto de seus donos, verão serem consumidos com os gastos exigidos para resguardá-los em tal estado improdutivo. Por sua vez isto causará sem dúvida a bancarrota, o pânico financeiro e a prostração mercantil, porque agora todo negócio de alguma magnitude, na sua maior parte, é conduzido através do crédito. O resultado natural disso será deixar sem ocupação alguma milhares de pessoas que só contam com seu salário para se manterem. Desta maneira o mundo se encherá de desempregados, e de indivíduos cujas necessidades desafiarão toda lei. Então acontecerá o que está descrito pelo profeta (Ezequiel 7:10-19) [em resumo a seguir]: Que não se alegre o comprador, e não se entristeça o vendedor; pois a ira está sobre toda a multidão deles e não haverá segurança para os seus próprios bens. Todas as mãos se enfraquecerão se tornarão débeis e impotentes para desviar a angústia. A sua prata será lançada pelas ruas, e o seu ouro será como imundícia; nem a sua prata nem o seu ouro os poderão livrar no dia do furor do SENHOR.

Não devemos nos esquecer de que ainda que os últimos quarenta anos da existência nacional de Israel tenham sido um dia de tribulação e de angústia, um “dia de vingança” sobre esse povo, terminando com a derrocada absoluta da nação, entretanto, esse dia de indignação foi somente uma sombra ou tipo de uma maior e mais extensa tribulação que há de sobrevir ao cristianismo nominal. Isto é comprovado pelo fato de que a história desse povo durante seu tempo de favor, como demonstraremos conclusivamente daqui para frente, foi um tipo da Era Evangélica. Facilmente, por meio do que já dissemos, todos poderão estar apercebidos de quão apropriadamente estas profecias concernentes ao dia do Senhor devem ser, e são endereçadas um tanto quanto diretamente a Israel e a Jerusalém, ainda que o contexto revele claramente que toda a humanidade está incluída em seu pleno cumprimento.

Consideremos outro testemunho profético (Sofonias 1:7-9, 14-18): “O SENHOR (Jeová, TB) preparou o sacrifício, e santificou os seus convidados. [Compare com Apocalipse 19:17.] Acontecerá que, no dia do sacrifício do SENHOR (Jeová), castigarei os príncipes (oficiais, IBB), e os filhos do rei, e todos os que se vestem de trajes estrangeiros. Castigarei naquele dia todo aquele que salta sobre o limiar [os saqueadores], que enche de violência e engano a casa dos seus senhores… [isto demonstra que neste tempo de tribulação não somente haverá um desmoronamento das riquezas e do poder, mas também aqueles que ao mesmo tempo serão os instrumentos da ocasião, depois de haverem servido aos fins designados pela providência divina para demolir os sistemas atuais, serão castigados pelo seu proceder igualmente injusto e iníquo, pois a época da vindoura tribulação envolverá todas as classes e trará sofrimentos sobre todos].

“O grande dia do SENHOR (dia de Jeová, TB) está perto, sim, está perto e se apressa muito; amarga é a voz do dia do SENHOR; clamará ali o poderoso. Aquele dia será um de indignação, dia de tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão [de incertezas e pressentimentos, assim como as aflições atuais], dia de nuvens [tribulações] e de densas trevas, dia de trombeta [a sétima trombeta simbólica que soará durante este tempo de tribulação; também chamada de trombeta de Deus por estar em conexão com os acontecimentos deste dia do Senhor] e de alarido [grito de guerra], contra as cidades fortificadas e contra as torres altas [ou seja, denúncias clamorosas e antagônicas aos fortes e bem entrincheirados governos]. E angustiarei os homens, que andarão como cegos [andando às apalpadelas em incerteza, não sabendo que curso seguir], porque pecaram contra o SENHOR; e o seu sangue se derramará como o pó, e a sua carne será como esterco. Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da indignação do SENHOR [ainda que anteriormente o dinheiro proporcionasse conforto e toda forma de luxos]; mas pelo FOGO do seu zelo toda esta terra será consumida, porque certamente fará de todos os [ricos] moradores da terra uma destruição total e apressada.” Esta destruição acabará com muitos dos ricos no sentido de que eles deixarão de ser ricos, ainda que, sem dúvida alguma, também envolverá a perda de muitas vidas dentre todas as classes sociais.

Não tentaremos seguir os profetas na descrição que, sob vários pontos de vista, fazem da tribulação desse dia; no entanto, brevemente consideraremos um detalhe apresentado pelo profeta que acabamos de mencionar; tal detalhe é o FOGO do zelo de Jeová devorando toda a terra. Ao mesmo fogo e etc., Sofonias se refere novamente (Sofonias 3:8, 9) dizendo: “Portanto esperai-me, diz o SENHOR (Jeová, TB), no dia em que eu me levantar para o despojo; porque o meu decreto é ajuntar as nações [os povos] e congregar os reinos, para sobre eles [os reinos] derramar a minha indignação, e todo o ardor da minha ira; [o ajuntamento dos povos de toda nacionalidade, no interesse comum de opor-se aos governos atuais, está aumentando, e o resultado será a união dos reinos [países] em torno da questão da segurança em comum, de maneira que a angústia se dará sobre todas as nações, e todas hão de cair], porque toda esta terra toda será consumida pelo fogo do meu zelo. Porque então, [depois de ser efetuada esta destruição dos reinos, depois da destruição da presente ordem social com o fogo de tribulação e de angústia] darei uma linguagem pura aos povos, (uma língua pura, TB) [a Palavra pura, sem estar contaminada com as tradições humanas], para que todos invoquem o nome do SENHOR (Jeová, TB), e o sirvam com um mesmo consenso.”

Este fogo do zelo de Jeová é um símbolo muito apropriado e representativo da intensidade da tribulação e da destruição que há de ocorrer sobre toda a terra. Que não é um fogo literal, como alguns supõem, facilmente se deduz pelo fato de que quando o fogo tiver passado, ainda subsistirão os povos e estes hão de ser abençoados. Que os sobreviventes não serão os santos, como alguns poderiam insinuar, é também evidente, porque antes de servir o Senhor e invocá-lo com o mesmo espírito, esses terão que passar pelo tempo de tribulação e daí receberão “lábios puros”, visto que os santos já o invocam e estão convertidos.*

* Mencionamos isto com o propósito de derrubar o argumento de alguns que consideram o fogo como literal e que a terra literal é que será derretida. Para harmonizar sua teoria, afirmam que “os povos” aqui mencionados são os santos, os quais depois que a terra tiver se derretido e esfriado, voltarão a habitá-la edificando casas, habitando-as, plantando vinhas, por sua vez comendo os seus frutos, desfrutando por longo tempo das obras das suas mãos. Eles consideram a vida atual como alguns anos de preparação e experiência para poderem herdar a terra. Porém, se esquecem de que essa experiência seria totalmente perdida no transcurso dos mil anos ou mais de suas experiências no ar (pois neste período teriam experiências novas e diferentes), enquanto estivessem esperando que a terra esfriasse, de acordo com sua doutrina. Este é um grave erro ocasionado por uma interpretação demasiado literal das figuras, parábolas, símbolos e enigmas do nosso Senhor, dos apóstolos e dos profetas. Prosseguindo no mesmo erro, ainda sustentam que depois do fogo não haverá mais montanhas nem mares, deixando de perceber que tudo isso, assim como o fogo, são somente expressões simbólicas.

Nas Escrituras, quando se usa a palavra terra de uma maneira simbólica, representa a sociedade; as montanhas [ou montes] representam os reinos; por céus se dá a entender os poderes do domínio espiritual ou religioso; os mares representam as turbulentas e descontentes massas da humanidade. Fogo indica a destruição de tudo aquilo que nele é lançado, quer seja joio, escória, terra (organização social) quer seja, qualquer outra coisa. Quando ao fogo simbólico lhe é adicionado o enxofre, a ideia de destruição é intensificada, porque não existe nada tão destruidor para toda forma de vida como a fumaça do enxofre.

Se mantivermos em mente os símbolos anteriores, ao examinar a simbólica profecia de Pedro (2 Pedro 3:6, 7), com respeito ao Dia da Ira, encontraremos esta profecia de acordo com o testemunho dos profetas já mencionados. Suas palavras são: “Pelas quais coisas pereceu o mundo de então, coberto com as águas do dilúvio; [nem os céus literais e nem a terra literal deixaram então de existir, mas sim, a dispensação ou ordem de coisas existentes antes do dilúvio], mas os céus e a terra que agora existem, [a presente dispensação] pela mesma palavra [de autoridade divina] se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo”. O fato de que a água foi literal, tem feito alguns alegar que o fogo também deve ser literal; porém não é possível chegar a esta conclusão. O anterior templo de Deus foi na realidade construído com pedras, entretanto, isto não põe de lado o fato de que a Igreja, que por sua vez compõe o verdadeiro templo, e que está sendo edificada sobre uma estrutura espiritual, um templo santo, não é formada de materiais terrestres. A arca de Noé foi na realidade construída de madeira, mas era ao mesmo tempo típica de Cristo, junto com o poder que se acha nele, em virtude do qual reorganizará e restabelecerá a sociedade humana.

“Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite [sem ser percebido]; no qual os céus [os atuais poderes do ar, dos quais Satanás é o chefe ou príncipe] passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra [organização social], e as obras que nela há [orgulho, graduações, aristocracia, realeza], se queimarão (serão descobertas, AL21)… os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão. Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus [os novos poderes espirituais—o reino de Cristo] e nova terra” [a sociedade terrestre organizada sobre novas bases, sobre as bases do amor e da justiça, em vez da força e da opressão]. —2 Pedro 3:6,7; 10-13

Deveríamos nos lembrar que alguns dos apóstolos foram ao mesmo tempo profetas, especialmente Pedro, Paulo e João. Ainda que como apóstolos eram mensageiros de Deus que em benefício da Igreja expunham as coisas proclamadas de antemão pelos outros profetas, também foram usados como tais para predizer as coisas vindouras, as quais, à medida que o tempo oportuno para o seu cumprimento vai chegando, se tornam o sustento (alimento) no tempo apropriado para a família [domésticos] da fé, e para cuja distribuição, ao chegar a ocasião oportuna, Deus levanta servos apropriados ou intérpretes. (Leia as palavras do Senhor sobre este acontecimento em Mateus 24:45, 46.) Como profetas, os apóstolos sentiram o ímpeto de escrever certas coisas que, não sendo o tempo oportuno para isso, a duras penas podiam apreciar, e do mesmo modo ocorreu com os profetas do Antigo Testamento (1 Pedro 1:12, 13), ainda que, como eles, suas palavras fossem guiadas e dirigidas de tal modo que vieram a ter um profundo significado do qual não se aperceberam ao usá-las. Deste modo, e sem dar lugar à dúvida, percebemos como a Igreja sempre é alimentada e dirigida pelo mesmo Deus, seja quem for seu porta-voz ou canal empregado para efetuar a comunicação. O entendimento disto resulta em maior confiança e segurança na Palavra de Deus, apesar das imperfeições de alguns de seus porta-vozes.

O profeta Malaquias (4:1) falando sob o mesmo símbolo a respeito deste Dia do Senhor, disse: “Pois eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará… de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo.” O orgulho e toda outra causa primária por meio da qual se poderia fazer brotar novamente a soberba e a opressão, serão totalmente consumidas por meio do grande tempo de tribulação e de angústia no dia do Senhor, e por meio da subsequente disciplina aplicada durante a Era Milenar, das quais a última está descrita no texto de Apocalipse 20:9.

Mas, ainda que o orgulho (em todas as suas formas pecaminosas e detestáveis) venha a ser completamente extirpado, e assim todos os orgulhosos e os que praticam a iniquidade virão a ser destruídos, não precisamos concluir disso que não possa ser alentada alguma esperança de reforma por parte dos membros de tal classe. Não; graças a Deus, enquanto estiver ardendo este fogo de justa indignação, o Juiz concederá a oportunidade para arrebatar alguns deles (Judas 23), e somente os que rejeitarem a ajuda, perecerão juntamente com seu orgulho, por haverem tornando-o parte de seu caráter, recusando a reforma e negando-se a corrigir o seu proceder.

O mesmo profeta apresenta outra descrição deste dia (Malaquias 3:1-3), em que novamente, sob a figura do fogo, nos mostra como os filhos de Deus serão purificados, abençoados e achegados a Ele, depois de destruir neles a escória do erro. Suas palavras são como segue: “E o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos. Mas quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá [passará pela prova], quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives… assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de Levi [típicos dos crentes, dos quais, os mais proeminentes são os que formam o Sacerdócio Real], e os refinará como ouro e como prata, então ao SENHOR (Jeová, TB) trarão oferta em justiça.”

Paulo se refere ao mesmo fogo e a este processo refinador que há de ocorrer entre os crentes no dia do Senhor (1 Coríntios 3:12-15), de tal modo que não dá lugar à menor dúvida com respeito à destruição de todos os erros por meio do fogo simbólico, efetuando assim a purificação da fé. Depois de indicar que apenas está se referindo aos que têm edificado sua fé sobre o único fundamento reconhecido, a obra de redenção consumada por Cristo Jesus, disse: “E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício [caráter] de ouro, prata, pedras preciosas [verdades divinas e um caráter correspondente, ou] madeira, feno, palha [tradições errôneas e um caráter correspondentemente inseguro], a obra de cada um se manifestará; na verdade O DIA a declarará, porque pelo FOGO será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um [2 Pedro 1:5-11].” Certamente, ainda que haja alguém cheio de idéias preconcebidas prontamente terá de admitir que o fogo, para provar uma obra espiritual, não pode ser literal. O fogo é um símbolo muito apropriado para indicar a destruição total das coisas aqui representadas pela madeira, feno e palha. Tal fogo será impotente para destruir a fé e o desenvolvimento do caráter edificados com o ouro, a prata e as pedras preciosas da verdade divina, e que como fundamento têm a rocha do sacrifício resgatador oferecido por Cristo.

O Apóstolo nos indica isso dizendo: “Se a obra que alguém edificou nessa parte [sobre Cristo] permanecer, esse receberá galardão [seu galardão ou recompensa será proporcional à fidelidade em edificar e fazer uso da verdade para o desenvolvimento de um caráter verdadeiro—revestindo-se de toda a armadura de Deus]. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento [prejuízo por perder a recompensa por causa da infidelidade]; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.” Todos os que edificam sobre a rocha fundamental do resgate oferecido por Cristo, podem sentir-se seguros, porque jamais será confundido aquele que confia em Sua justiça e méritos, aceitando-os como o manto que cobre suas imperfeições. Aqueles que depois de chegarem a um conhecimento claro e completo de suas obras, apesar de tudo, conscientemente o rejeitarem, estarão expostos a sofrer a segunda morte. —Hebreus 6:4-8; 10:26-31

A tribulação e a angústia do dia do Senhor são descritas simbolicamente, ainda de outro modo. Em Hebreus 12:26-29, o Apóstolo mostra que a inauguração do Pacto [ou Aliança] da Lei no Sinai tipificou a do Novo Pacto [ou Aliança], com o mundo, na aurora da Era Milenar ou reino de Cristo. Disse que, em tipo, a voz de Deus abalou [fez tremer] a terra literal; mas agora ele tem prometido, dizendo: “Ainda uma vez [para concluir] comoverei, não só a terra, senão também o céu.” Com respeito a isso o Apóstolo dá a seguinte explicação: “E esta palavra: Ainda uma vez, mostra a mudança das coisas abaláveis, como coisas feitas [falsas, postiças, não verdadeiras], para que as imóveis permaneçam [somente as verdadeiras, as justas, as legítimas]. Por isso, tendo recebido um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e piedade (temor, AL21), porque [como está escrito] o nosso Deus é um fogo consumidor.” Vemos assim como o apóstolo faz uso de um furacão simbólico para representar a tribulação e angústia deste dia do Senhor, a qual ele e outros profetas, em diferentes partes a mencionam sob o simbolismo do fogo. Os mesmos acontecimentos destacados aqui e que são descritos sob o símbolo de fogo, indicam a completa varredura do refúgio de toda a falsa teoria, tanto entre os crentes como entre os do mundo; o desvanecimento das idéias errôneas com respeito à Palavra, ao plano, e caráter de Deus, e a demolição dos erros referentes às questões sociais e civis do mundo. A remoção destas maquinações destruidoras, as quais o homem tem aceitado devido aos seus próprios desejos depravados e por causa das astúcias de Satanás, o astuto inimigo da justiça, será uma coisa benéfica para todos, ainda que ao serem removidas não deixarão de ocasionar sérios transtornos a todos aqueles que se acharem de algum modo identificados com elas. Será um fogo extremamente ardente, um impetuoso vendaval, uma noite tenebrosa de indizível angústia, mas apesar de tudo isso, será o precursor dos gloriosos resplendores desse Reino de Justiça que não pode ser abalado, desse dia Milenar em que o Sol da Justiça brilhará em resplendor e poder, e curando a um agonizante, mas já redimido mundo. —Compare Malaquias 4:2 com Mateus 13:43.

Davi, o profeta, que por meio de seus Salmos Deus alegrou-se em predizer tantas coisas concernentes ao nosso Senhor no seu primeiro advento, nos fornece também algumas descrições vívidas deste dia de tribulação, por meio do qual será introduzido seu reino cheio de glória. Ele em suas descrições usa estes vários símbolos—fogo, furacão e trevas—alternadamente e de modo intercambiável. Por exemplo, no Salmo 50:3, disse: “Virá o nosso Deus, e não se calará; um fogo se irá consumindo diante dele, e haverá grande tormenta ao redor dele.” No Salmo 97:2-6: “Nuvens e escuridão estão ao redor dele; justiça e juízo são a base do seu trono. Um fogo vai adiante dele, e abrasa os seus inimigos em redor. Os seus relâmpagos iluminam o mundo; a terra viu e tremeu. Os montes derretem como cera na presença do SENHOR, na presença do Senhor de toda a terra. Os [novos] céus [então] anunciam a sua justiça, e todos os povos vêem a sua glória.” No Salmo 46:6: “Os gentios se embraveceram; os reinos se moveram; ele levantou a sua voz e a terra se derreteu.” Novamente no Salmo 110:2-6: “Domina no meio dos teus inimigos… O Senhor, à tua direita, ferirá os reis no dia da sua ira. Julgará entre os gentios (nações, AL21); tudo encherá de corpos mortos; ferirá os cabeças [governantes] de muitos países (por toda a terra, AL21).” Também no Salmo 46:1-5: “Deus é o nosso refúgio… Portanto não temeremos, ainda que a terra [a sociedade] se mude, e ainda que os montes [os reinos] se transportem para o meio dos mares [atirados com violência pelas massas turbulentas]. Ainda que as águas [quando estão enfurecidas] rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. … Deus a ajudará [a Noiva, o fiel ‘pequeno rebanho’], já ao romper da manhã.” No mesmo Salmo versículos 6-10 se refere a mesma história sob outros símbolos: “Os gentios se embraveceram; os reinos se moveram; ele levantou a sua voz, e a terra [sociedade] se derreteu. O SENHOR (Jeová, TB) dos Exércitos esta conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio”. Em seguida contemplando o tempo de tribulação como tendo já passado, acrescenta: “Vinde, contemplai as obras do SENHOR, que desolações tem feito na terra! … Aquietai-vos [desisti do vosso proceder anterior, ó povo] e sabei [vinde ao conhecimento] que eu sou Deus; serei exaltado entre os gentios (as nações, AL21) serei exaltado sobre a terra.” A “nova terra” ou a nova ordem social e arranjo da sociedade, exaltará a Deus e sua lei, como sendo superior e que estará controlando tudo.

Outro testemunho que confirma o fato de que o dia do Senhor será um grande dia de tribulação e de destruição de toda forma do mal [entretanto, não um tempo de fogo literal consumindo a terra], encontramos na última profecia simbólica da Bíblia. Referindo-se ao tempo em que o Senhor será investido de grande poder para reinar, o furacão e o fogo são assim descritos: “E iraram-se as nações, e veio a tua ira”. (Apocalipse 11:17, 18) E mais adiante: “E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso… E vi a besta [simbólica], e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo, e ao seu exército. E a besta foi presa, e com ela o falso profeta… Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre.” —Apocalipse 19:15, 19, 20

Não podemos deter-nos aqui para examinar os símbolos “besta”, “falso profeta”, “imagem”, “lago de fogo”, “cavalo”, etc., pois isso iremos fazer num volume posterior. No momento, desejamos apenas que todos se apercebam de como a grande BATALHA simbólica, e a vindima das uvas da vinha da terra, aqui descritas como as últimas cenas da era presente e a inauguração da Era Milenar (Apocalipse 20:1-3), não são senão outros símbolos que são utilizados para descrever o mesmo acontecimento, o grande tempo de tribulação simbolicamente qualificado pelos fogo, furacão, terremoto, etc. Com relação às figuras usadas no Apocalipse, a batalha e o lagar, seria bom consultar e notar a surpreendente harmonia de Joel 2:9-16, e de Isaías 13:1-11, ao descrever os mesmos fatos por meio de figuras semelhantes. A variedade de figuras simbólicas que são usadas nos ajuda a apreciar, de uma maneira mais cabal, todos os aspectos gerais do grande e glorioso dia do Senhor.

A Situação Atual (escrito em 1886)

Deixemos de lado as indicações proféticas a respeito desse dia, para examinarmos mais particularmente os aspectos atuais dos acontecimentos no mundo, conforme os vemos tomando forma na preparação de um grande conflito que se aproxima rapidamente, e que ao alcançar seu terrível auge, terá de ser necessariamente breve, pois de outro modo a raça humana seria exterminada. Já podem ser discernidos os dois lados rivais que hão de tomar parte na luta. De um lado encontra-se a arrogância, o orgulho, e a riqueza; do outro, a ampla pobreza, a ignorância e o fanatismo, e acrescentando-se a isso, uma profunda convicção de terem sido alvos da injustiça. Ambos impulsionados por motivações egoístas, já estão (em 1886) organizando suas forças em todas as partes do mundo civilizado. Com nossos olhos ungidos pela verdade, aonde quer que dirijamos o olhar, observamos que o rugiente mar e as furiosas ondas já estão fustigando as montanhas, como se evidencia pelas ameaças e pelos atentados dos anarquistas e descontentes cujo número constantemente aumenta. Podemos ver também que a fricção entre as várias facções ou elementos da sociedade se aproxima rapidamente do ponto descrito pelos profetas, quando a terra (sociedade) estará se consumindo no fogo, e os elementos estarão em processo de combustão e dissolução por causa do calor gerado por ambas as partes.

Naturalmente é difícil para o povo ver as coisas sob um ponto de vista contrário aos seus próprios interesses, seus hábitos e sua educação, não importando qual seja o lado da controvérsia em que se encontre. Os ricos têm uma profunda e arraigada crença de que possuem o direito de ter algo mais do que sua parte correspondente aos bens deste mundo, como também o direito de adquirirem pelo menor custo possível tanto o trabalho de outros bem como os seus próprios confortos, e por último, o direito de desfrutarem de seus esforços, e de usarem sua inteligência para realizar os seus negócios de tal maneira gerando-lhes mais ganância para aumentarem sua riqueza já acumulada, sem se importarem com qualquer um que, por força das circunstâncias, se ache compelido a passar por esta vida, desprovido dos confortos que são oferecidos, ou esteja sofrendo privações dos bens necessários. A maneira como alguns ricos raciocinam é a seguinte: Uma coisa é inevitável: a lei da oferta e da procura precisa imperar. Sempre tem havido ricos e pobres no mundo. Se pela manhã as riquezas fossem proporcionalmente divididas, alguns, por falta de previsão ou esbanjamento, se tornariam pobres antes de chegar a noite, enquanto que outros, mais cuidadosos e prudentes, se tornariam ricos. Ademais, e não sem razão deduzem: ‘É de se esperar que homens de maior capacidade intelectual organizem vastos empreendimentos, empreguem milhares de pessoas e enfrentem o risco de sofrerem grandes perdas, a menos que haja a esperança de obterem certos lucros e vantagens?’

Por outro lado dirão os trabalhadores: Vemos que apesar da classe operária desfrutar de vantagens que não usufruíam em tempos anteriores, e apesar de receberem melhores salários, podendo procurar assim maiores comodidades, contudo, a classe operária desfruta de tudo isso por direito, do qual por longo tempo, até certo ponto, havia sido privada. Atualmente, e de modo justo, desfruta da parte que lhe corresponde das vantagens, das invenções, dos descobrimentos e dos progressos da ciência em nossos dias. Reconhecemos que o trabalho é honrável, e que, acompanhado de bom senso, educação, honradez de caráter e princípios retos, é tão honrável e tem tantos direitos como qualquer categoria profissional. Ao contrário, em nosso conceito, a ociosidade é um descrédito e algo vergonhoso para todo o homem, não importando seu talento nem sua posição social. Para que uma pessoa mereça o apreço e respeito dos demais, deve ser-lhes útil de algum modo. Ainda que nos apercebamos da nossa atual condição melhorada e avançada, tanto socialmente, como intelectualmente e financeiramente, também nos damos conta de que é mais o resultado das circunstâncias do que dos esforços feitos de nossa parte ou dos que nos empregam. Vemos que a nossa condição aprimorada, e a de todos os demais homens é consequência do grande aumento da inteligência, das invenções, e de outros avanços que se têm efetuado especialmente nos últimos cinquenta anos. Tão rapidamente estas coisas vieram a ocorrer, que pelo fluxo desta onda, tanto o trabalho como o capital foram erguidos e postos num nível muito mais elevado. Se tivéssemos a certeza de que esta onda continuaria avançando e beneficiando a todos, nos sentiríamos satisfeitos; mas estamos intranquilos por dar-nos conta de que este não é o caso, porque notamos que o refluxo já começou, e que ainda que tal onda tenha conduzido muitos à riqueza, e que estes se encontram firmes e seguros no ribeiro da comodidade, luxo e opulência, contudo as massas não se acham estáveis e nem seguras, mas ao contrário, expostas a serem arrebatadas para uma condição mais triste do que a ocupada anteriormente. Portanto, nós nos sentimos dispostos a agarrar qualquer coisa que nos venha à mão com o objetivo de nos estabelecer sobre um fundamento sólido, e antes que seja demasiado tarde, a esta condição atual junto com o correspondente avanço no futuro.

Apresentando o assunto de outra forma (dizem os profissionais e a classe operária), discernimos apesar da humanidade em geral ter participado grandemente das bênçãos de nossos dias, no entanto, aqueles que em razão de possuírem maior talento nos negócios, por herança, ou por meio de fraude e falta de honestidade, passaram a ser possuidores de milhares ou milhões de dólares, não apenas têm sobre os demais esta vantagem, mas também ajudados pelas invenções mecânicas, etc., se encontram em condições de prosseguir aumentando suas riquezas na proporção em que decrescem os salários da classe operária. Prevemos que por não serem tomadas medidas preventivas, por parte das crescentes fileiras da classe operária, contra o poder sempre crescente dos monopólios, combinados com as máquinas que diminuem o trabalho manual, seremos tragados totalmente e a sangue frio pela inexorável lei da oferta e da procura. Contra este desastre, em perspectiva, mas não contra as condições atuais, é que estamos nos organizando e buscando medidas de proteção. Devido ao aumento natural e à imigração, incessantemente cresce o nosso número, e a cada dia se acha um novo método de diminuir o emprego do trabalho manual, substituindo-o pelo trabalho das máquinas. Como consequência disso, a cada dia é maior o número dos que buscam emprego, e em troca, a oferta de seus serviços decresce. Se a lei da oferta e da procura for deixada prosseguir em seu curso, a classe operária seria, muito em breve, colocada no ponto da escala em que se encontrava a cem anos atrás, deixando todas as vantagens dos nossos dias nas mãos do capital. Isto é o que estamos tentando impedir.

Por longo tempo tem sido discernido que a menos que estas múltiplas bênçãos venham a ser restringidas por meio de leis sábias e equitativas, estas se transformariam em positivo prejuízo. No entanto, a rapidez com que uma invenção tem se seguido à outra, e a consequente e crescente demanda de trabalhadores para produzirem máquinas que reduzem o trabalho, têm sido tão grandes que o resultado final, é que ao invés de um tempo de progresso, o mundo tem sido testemunha de uma inflação de valores, salários, capital, créditos (dívidas) e idéias, acerca das quais gradualmente já começamos a sentir a reação.

Nos últimos anos foram produzidas imensas quantidades de ferramentas e utensílios agrícolas de todos os tipos, os quais põem um homem em condições de fazer o trabalho de cinco em relação aos tempos passados. Isto tem produzido um duplo efeito: em primeiro lugar, são cultivadas três vezes mais acres de terra, o que proporciona ocupação para três de cinco pessoas, sendo que as outras duas ficam sem fazer nada e passam a competir por outro trabalho; em segundo lugar, os três que prosseguem na tarefa com o uso de tais máquinas produzem uma colheita tão grande como a que teriam produzido quinze homens sem elas. Estas mesmas mudanças e outras maiores ocorrem em várias outras partes e por meio do mesmo poder ativo; por exemplo, na indústria do aço. Tal indústria tem alcançado proporções tão imensas que o número de empregados tem aumentado grandemente, apesar do fato das máquinas terem posto um homem em condições de fazer uma quantidade de trabalho igual ao de doze homens em tempos anteriores. Um dos resultados será que, com o tempo, a capacidade aumentada destas indústrias excederá a enorme demanda atual, e que esta em vez de aumentar com toda probabilidade diminuirá. Já vemos que o mundo está se enchendo de ferrovias, superando as necessidades de nossos dias, e que os reparos anuais provavelmente poderiam ser atendidos com menos da metade dos estabelecimentos agora em existência.

Assim, pois, estamos nos confrontando com a condição peculiar de uma produção excessiva que motivará certa inércia tanto do capital como do trabalho, ao mesmo tempo em que muitas pessoas precisam de um emprego que lhes deem condições de proporcionarem para si as coisas necessárias juntamente com alguns luxos, o que tenderia, até certo ponto, a remediar o excesso de produção. A tendência para o excesso de produção e a falta de emprego é algo que está aumentando e que exige um remédio eficaz, em busca do qual andam os doutores desta ordem social, mas do qual o enfermo se negará a tomar.

De modo que (continuam os assalariados), enquanto que nos damos conta de que a produção começa a exceder a procura, vemos, ao mesmo tempo, que a concorrência reduz os lucros do capital e das máquinas, o que, em toda parte do mundo, causa temor aos ricos, diminuindo-lhes seus lucros, e, em certos casos, ocasionando-lhes perdas. Cremos, não obstante, que a classe que mais benefícios obtiveram por causa do tempo em que o mundo marchou de “vento em popa” e da inflação, é a que deverá sofrer proporcionalmente tal reação, em vez das massas. Com este fim, e, por meio da legislação, onde é possível, ou fazendo-se uso da força nos países onde que, por uma razão ou outra, não se presta atenção à voz do povo e nem se protegem os interesses das massas, a classe operária está tomando medidas para obter os seguintes resultados:

Com o fim de empregar mais operários sem aumentar a produção, e para equilibrar a prospectiva superprodução, provendo a um número maior de compradores os recursos necessários para a compra dos objetos manufaturados, etc., se propõe a redução da jornada diária de trabalho na proporção em que o trabalho seja pesado e difícil, sem diminuir por isso os salários. Propõe-se também a fixação de um limite para a taxa de juros sobre o capital promovendo a redução das taxas atuais, incitando-se assim certa indulgência, por parte daqueles que concedem empréstimos, aos devedores ou a classe mais pobre, sob pena de ficarem com seu capital inativo. Com respeito às companhias ferroviárias, propomos que sejam tomadas uma das medidas a seguir: Que sejam tomadas medidas para que cheguem a ser propriedade pública e assim sejam operadas por empregados do governo, ou que a legislação restrinja as suas liberdades e limite os seus preços, forçando a sua operação sob bases que redundem num serviço melhor para o público. Conforme as coisas atualmente caminham, as ferrovias construídas durante um período de valores inflacionados, em vez de reduzirem seu capital, em conformidade com a queda dos valores experimentada por outros ramos comerciais, têm aumentado duas ou três vezes mais a reserva de capital originalmente empregada (o que comumente é chamado de “dar água” às ações), sem valor real algum sendo acrescentado. Isto ocorre porque grandes empresas ferroviárias se esforçam em pagar juros e dividendos sobre ações e bônus de empréstimo, que em média representam valores três ou quatro vezes maiores do que as ferrovias novas custariam hoje em dia. Em consequência, o público sofre. Dos agricultores é cobrado um preço excessivo pela carga, e em certas ocasiões lhes é mais vantajoso queimar o grão como combustível. Por esta razão, e sem utilidade alguma para os produtores, o público paga preços exorbitantes pelos gêneros alimentícios. Para remediar a situação propomos que as ferrovias paguem a seus acionistas ao redor de quatro por cento de seu valor efetivo, em vez de quatro a oito por cento sobre três ou quatro vezes o seu valor real, como é feito agora pela maior parte das empresas, impedindo a competição entre elas por meio de certas manipulações secretas, para as quais todas se combinam.

Sabemos muito bem (dizem os operários) que aos olhos dos que possuem essas ações aguadas, assim como qualquer outro tipo de ações, esta redução de valores em seu capital aplicado lhes parecerá como algo terrível, como se lhes fossem arrebatar algo de sua propriedade. Hão de se sentir seriamente violados em seus direitos (?) de utilizarem as concessões dadas pelo povo para obter deles imensos lucros baseados em valores fictícios, tornando-se evidente que resistirão de todas as maneiras que lhes forem possíveis. Ao nosso parecer deveriam sentir-se agradecidos de que o público seja tão tolerante que não os obrigue a restituir os milhões de dólares já obtidos desta maneira. Estamos convencidos de que tem chegado a época em que as massas da humanidade têm de participar mais equitativamente das graças deste dia de bênçãos; para isto é necessário o estabelecimento de leis das quais toda corporação voraz, repleta de dinheiro e de poder derivado do público, seja obrigada, pela lei, a servir-lhe por preços razoáveis. De nenhum outro modo estas bênçãos da Providência podem ser asseguradas para as massas. Ao mesmo tempo em que consideramos as grandes corporações, representando o capital, como produzindo algo benéfico até em alto grau, e redundando no bem comum, vemos, no entanto, que elas têm ultrapassado os limites do benefício até o ponto de terem se tornado amos do povo, e se não forem refreadas, reduzirão os operários à escravidão e à miséria. Estas corporações compostas de certo número de indivíduos um tanto quanto ricos, avançam em direção a ocuparem, em relação ao povo norte-americano, a mesma posição que os lordes da Grã Bretanha e de toda a Europa ocupavam em relação às massas, sendo a única diferença que maior poder se encontra ao alcance das corporações.

Para evitar que nossos propósitos sejam frustrados—continuam os operários—necessitamos estar organizados. É indispensável que tenhamos a cooperação das massas ou nunca poderemos levar a cabo alguma ação contra tão imenso poder e influência. E ainda que estejamos organizados em uniões, etc., não deve ser interpretado, de maneira alguma, que nossa união tem vislumbres de anarquia ou injustiça de qualquer tipo. Nós, as massas do povo, apenas desejamos proteger nossos direitos e os direitos de nossos filhos, demarcando limites razoáveis para aqueles cujo capital e poder, por não tomarmos estas medidas, poderão triturar-nos, embora quando utilizados de modo apropriado e com os devidos limites, seriam uma ampla bênção. Em poucas palavras, acabam por dizer, poremos em vigor a regra de ouro: “Assim como quereis que os homens vos façam, do mesmo modo lhes fazei vós também.”

Que felicidade traria a todos os interessados, se este método tão razoável e moderado fosse coroado com êxito! Se os ricos se sentissem satisfeitos com o que têm obtido até agora e cooperassem com a grande maioria da humanidade em seus esforços para alcançar a melhoria geral e permanente da condição de todas as classes! Se os operários se contentassem com demandas tão razoáveis! Se a regra de ouro, de amor e de justiça pudesse, desta maneira, ser posta em prática! Entretanto, os homens na sua condição atual não observarão tal regra sem serem compelidos a ela. Ainda que entre os profissionais do mundo se encontrem alguns que mantêm estas idéias justas e moderadas, entretanto, a maioria não pensa desta maneira, mas antes são extremados, injustos e arrogantes em suas idéias e demandas, sem levar em conta a razão. Cada concessão da parte dos capitalistas apenas aumentará as demandas dos trabalhadores, e toda pessoa experiente sabe que a arrogância e o espírito dominante por parte dos pobres e ignorantes são duplamente severos. Mas mesmo, entre a classe capitalista também existem alguns que nutrem ampla simpatia para com as classes operárias, e com muito prazer exerceriam sua simpatia implantando as condições necessárias para efetuar as reformas exigidas. Mas estes, em grau considerável, compõem a minoria e carecem de poder no que se refere ao manejo das grandes corporações e ainda num grau maior em seus próprios negócios. Se estes são comerciantes ou fabricantes, não podem reduzir a jornada diária de trabalho e nem aumentar os salários de seus empregados; porque a concorrência poderia colocar no mercado os mesmos artigos por um preço mais reduzido, expondo-se de imediato a um contratempo financeiro em que seriam envolvidos não somente eles, mas também seus empregados e seus próprios credores.

Vemos, pois, que a causa natural da grande tribulação deste “Dia de Jeová” é o egoísmo, e uma cegueira total para tudo aquilo que não seja os próprios interesses, que têm se apoderado de ambos os lados em disputa. Os operários se organizarão e unificarão seus interesses, mas o egoísmo destruirá a união; e todos, movidos principalmente por esse princípio, conspirarão e formarão planos nessa direção. A maioria, ignorante e cheia de arrogância, obterá o controle, e a melhor classe será impotente para manter sob seu controle aquilo que sua inteligência organizou. Os capitalistas chegarão à convicção de que quanto mais concessões fizerem, maiores serão as demandas, tomando assim de imediato a resolução de resistir a todas elas. O resultado será uma rebelião: no meio do alarme e confusão geral, o capital será retirado das empresas públicas e privadas, o que ocasionará a depressão dos negócios e um pânico financeiro generalizado. Milhares de homens ficarão sem emprego, e por causa disso, chegarão ao desespero. Então, a lei e a ordem serão mudadas—as montanhas serão inundadas por esse turbulento mar. Esta será a maneira em que a terra se derreterá e os céus governamentais (a Igreja e o Estado) passarão; todos os soberbos e todos os que cometem impiedade, serão como o restolho. Então amargamente clamarão os poderosos, os ricos chorarão e prantearão, e o temor e a angústia estará sobre toda a multidão. Ainda nos nossos dias alguns homens sábios e perspicazes, ao dar-se conta das coisas que sobrevirão ao mundo, sentem os seus corações invadidos pelo terror como nosso Senhor o predisse. (Lucas 21:26) As Escrituras indicam que neste choque geral, a Igreja nominal (incluindo todas as denominações), irá gradualmente aproximando-se mais e mais para o lado dos governos e dos ricos, perdendo desta maneira muito de sua influência sobre o povo e finalmente, cairá junto com os governos, e assim os céus [o domínio eclesiástico], ardendo, se dissolverão, passando com grande estrondo.

Toda esta tribulação porá o mundo em condições de se dar conta de que não importa quão bons e sábios sejam os planos e arranjos que o homem possa elaborar, estes são vãos e inúteis enquanto a ignorância e o egoísmo estiverem juntos predominando. Também convencerá a todos de que a única maneira prática de corrigir as dificuldades é por meio do estabelecimento de um governo forte e justo, que subjugue todas as classes e ponha em execução os princípios da justiça até que de uma maneira gradual, sob circunstâncias favoráveis, o coração de pedra do gênero humano deixe de ser endurecido e torne a refletir a original imagem de Deus. Isto é o que precisamente o Criador tem prometido levar a término em benefício de todos durante o Reinado Milenar de Cristo, e por meio deste reino que Jeová introduzirá lançando mão dos castigos e das lições deste dia de tribulação e de angústia. —Ezequiel 11:19; 36:25, 36; Jeremias 31:29-34; Sofonias 3:9; Salmo 46:8-10

Ainda que este tempo de tribulação venha como resultado natural e inevitável da condição caída do homem e de seu egoísmo, algo que foi previsto e predito por Jeová sabedor de antemão de que suas instruções e leis seriam desatendidas pela maioria, até que por meio da experiência e da compulsão fosse forçada à obediência, não obstante, todos os que se dão conta do estado de coisas atual, em perspectiva, deveriam arranjar e ordenar seus assuntos em conformidade com tal estado. A todos os mansos, tanto entre aqueles que no mundo são humildes, como aqueles que compõem o corpo de Cristo, lhes dizemos: “Buscai ao SENHOR (a Jeová, TB), vós todos os mansos da terra, que tendes posto por obra o seu juízo [a sua vontade]; buscai a justiça, buscai a mansidão; pode ser que sejais escondidos no dia da ira do SENHOR.” (Sofonias 2:3) Ninguém escapará por completo da tribulação, mas os que buscam a justiça e se regozijam na mansidão, terão muitas vantagens sobre os demais. Sua maneira de viver, seus hábitos de pensar e de ação, como também a sua simpatia pelo que é justo, são qualidades que os habilitarão a compreender a situação e também a apreciar a descrição bíblica desta tribulação e seus resultados. Tudo isso contribuirá para diminuir os seus sofrimentos; especialmente nos que diz respeito aos temores que oprimem e aos amargos pressentimentos.

O desenvolvimento dos acontecimentos neste Dia de Jeová será muito enganoso para os que não receberam a informação fornecida nas Escrituras. Virá repentinamente, assim como a pragana é consumida pelo fogo (Sofonias 2:2). Em comparação com o longo tempo passado e sua lenta operação, entretanto, não será como um repentino relâmpago rasgando um tranquilo céu, conforme a maneira mui errônea que alguns supõem, dando vazão às suas teorias equivocadas, de que tudo o que está escrito com relação ao Dia de Jeová será cumprido num dia de vinte e quatro horas. Virá como vem “o ladrão de noite”, no sentido de que sua aproximação será furtiva e não observada pelo mundo em geral. A tribulação deste dia será espasmódica, uma série de convulsões, mais severas e frequentes à medida que o dia se aproxima da convulsão final. É isto que o Apóstolo deu a entender quando disse: “Como as dores de parto àquela que está grávida”. (1 Tessalonicenses 5:2, 3) O alívio virá somente com o nascimento da NOVA ORDEM de coisas—os novos céus (o domínio espiritual de Cristo), e uma nova terra (a sociedade reorganizada) nos quais habita a justiça (2 Pedro 3:10, 13),—nos quais, em vez do egoísmo e da força, o amor e a justiça serão a lei.

Toda vez que uma das dores desta nova era ataca a atual organização política, seu poder e sua coragem tornam-se menores e o sofrimento é mais intenso. Tudo o que os doutores da sociedade (economistas e políticos) poderão fazer, para o alívio do paciente, será auxiliar e dirigir com prudência o inevitável nascimento em curso, preparando gradualmente o caminho para tal evento. Ainda que desejem, não poderão frustrá-lo, pois Deus decretou sua realização. Não obstante, muitos dos médicos da sociedade estarão na mais absoluta ignorância acerca do verdadeiro mal do paciente e das inevitáveis necessidades do caso. Estes tentarão implantar medidas repressivas, e a cada intenso acesso de dor lhe sucederá um período de calma, tendo a intenção de aproveitar-se disto para fortalecer as condições de resistência, aumentando desta maneira a tribulação e a angústia. Ainda que não possam retardar por muito tempo o nascimento, por causa da sua incompetência em tratar do caso, apressarão a morte do enfermo, que será inevitável, pois a antiga ordem de coisas terá de morrer na tarefa de dar à luz à nova.

Deixando de lado a vigorosa ilustração apresentada pelo Apóstolo, falaremos sem rodeios: Os esforços das massas para lançar fora o jugo do capital e do maquinismo moderno serão prematuros; seus arranjos e planos serão insuficientes e incompletos, do mesmo modo quando, de tempos em tempos, tentam forçar o caminho e romper as ligaduras da “lei da oferta e da procura” que já são demasiadamente estreitas para eles. Cada tentativa mal sucedida dará base à classe capitalista para abrigar uma arrogante confiança, afirmando que terá condições de manter a nova ordem dentro dos limites atuais. As coisas seguirão deste modo até que o poder restritivo dos governos e das organizações tenha alcançado o seu limite extremo, rompendo-se repentinamente a corda do organismo social; e assim toda lei e ordem desaparecerão, e difundida a ampla e contagiosa anarquia haverá o cumprimento de tudo aquilo que foi predito pelos profetas com referência a um tempo de tribulação, “qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo”, e graças a Deus não haverá de se repetir, porque o Senhor acrescenta que “nem tampouco há de haver”. [Daniel 12:1; Mateus 24:21]

A libertação de Israel do jugo egípcio, e das pragas que caíram sobre os egípcios, parece ilustrar a vindoura emancipação do mundo pelas mãos de ALGUÉM maior que Moisés, a quem ele tipificou. Será uma libertação do poder de Satanás e de todo meio que ele colocou em ação para escravizar o homem no pecado e no erro. Da mesma maneira que as pragas do Egito tiveram um efeito endurecedor, cada vez que eram removidas, igualmente o alívio temporário das dores deste Dia do Senhor, fará com que alguns se tornem endurecidos. Estes dirão aos pobres o mesmo que disseram os egípcios a Israel, “vós sois ociosos”, e, por conseguinte, descontentes! Provavelmente imitarão aos egípcios até a ponto de aumentar-lhes a carga. (Êxodo 5:4-23) Mas estes, como Faraó, à meia noite da última praga, se sentirão um tanto quanto abatidos, por não terem agido desde o princípio de uma maneira mais prudente e moderada. (Êxodo 12:30-33) Para tornar mais evidente a semelhança, chamamos atenção ao fato de que as tribulações e angústias do “dia do Senhor” são qualificadas como as “sete taças da ira” ou as “sete últimas pragas”, e que somente após à última destas pragas é que haverá de ocorrer o grande terremoto (revolução), em que todos os montes (reinos) desaparecerão. —Apocalipse 16:17-20

Outro ponto digno de atenção com respeito a este dia de tribulação, é que está vindo precisamente no seu devido tempo—o tempo determinado por Deus. No volume seguinte a esta obra serão apresentadas evidências extraídas do testemunho da lei e dos profetas do Antigo Testamento, assim como de Jesus e dos profetas apostólicos do Novo Testamento. Tais testemunhos expõem às claras e de modo categórico que, de acordo com a cronologia, este tempo de tribulação está situado nos princípios do glorioso Reinado Milenar do Messias. Estes preparativos necessários para a vindoura obra de restauração, durante o Milênio, é o que apressa a tribulação.

Se o desenvolvimento do maquinismo que evita o trabalho manual tivesse ocorrido muito tempo antes da época determinada para a inauguração do governo justo e poderoso de Cristo, o ócio, que resultaria disso, teria provocado estragos maiores do que aqueles ocasionados pelos seis mil anos em que o pecado tem operado entre a humanidade, e, desta maneira, a bênção proporcionada por tais avanços [do maquinismo] teria se tornado um verdadeiro prejuízo para a raça. A experiência tem dado margem ao provérbio: “A preguiça é a mãe de todos os vícios”, apoiando assim a sabedoria do decreto divino: “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra”. Como todas as disposições de Deus, esta é benevolente e sábia, e foi intencionada para o bem final de suas criaturas. A tribulação do dia do Senhor que já começa a evidenciar-se, confirma a sabedoria daquilo que foi determinado por Deus, porque conforme temos visto, ela ocorrerá como resultado da produção excessiva por causa do maquinismo que facilita o trabalho, e por causa da impotência em conformar-se às novas circunstâncias, por parte dos vários elementos da sociedade devido ao seu egoísmo mútuo.

O fato de Jeová estar erguendo o véu da ignorância e deixando gradualmente que a luz da inteligência e das invenções chegue até a humanidade, exatamente segundo a maneira indicada, no tempo determinado e conforme os resultados preditos, é um argumento irrefutável para comprovar que este é o tempo oportuno de Deus para inaugurar a nova ordem de coisas. (Daniel 12:4, 1) Se houvessem chegado antes os progressos da ciência, a tribulação teria vindo de modo antecipado, e ainda que a sociedade tivesse se organizado depois do furacão e da dissolução dessa ordem, não teria sido obtido como resultado uma nova terra [um arranjo social] onde prevaleceria e habitaria a justiça, mas ao contrário, uma terra ou arranjo de coisas em que o pecado e o vício abundariam muito mais do que agora. A distribuição equitativa dos benefícios derivados do maquinismo moderno, com o tempo teria causado a redução das horas de trabalho, e assim, o homem caído com os seus gostos depravados, e sem a sua salvaguarda original, longe de dedicar a sua liberdade e o seu tempo ao aprimoramento intelectual, moral e físico, teria sido conduzido (como demonstra a história do passado) à libertinagem e ao vício.

O erguimento parcial do véu, atualmente, tem tornado possíveis hoje inumeráveis conveniências e facilidades desfrutadas pela humanidade, fornecendo assim, desde o alvorecer da gloriosa era da restituição, a época para o cultivo das faculdades intelectuais, para o refinamento moral, desenvolvimento físico, e também para efetivar os preparativos (alimentação e vestuário) para a recepção daqueles que, de tempos em tempos, sairão dos seus túmulos. Além disso, coloca o tempo de tribulação precisamente num período em que será mais benéfico para a humanidade, durante a aurora do Milênio, quando, segundo o que foi determinado por Deus, e depois de ter-lhes ensinado a lição acerca de sua incapacidade de governarem a si mesmos, aquele que a todos redimiu começará a derramar suas bênçãos sobre todos, através de seu regime de ferro. E assim, com pleno conhecimento e disposição de prestar-lhes ajuda, os capacitará para que sejam restaurados à perfeição original e à vida eterna.

O Dever e Privilégio dos Santos

Uma questão importante é levantada a respeito do dever dos santos durante o tempo de tribulação, e acerca da atitude apropriada perante as duas classes oponentes que agora estão em evidência. É possível que alguns dos membros de Cristo ainda venham a estar na carne durante parte deste tempo ardente. A posição deles, entretanto, diferirá da posição de todos os demais, não no sentido de que serão milagrosamente preservados (embora lhes seja claramente prometido que certamente terão o seu pão e a sua água), mas no sentido que, sendo eles instruídos pela palavra de Deus, não sentirão a mesma ansiedade e nem o inquietante temor sem fim, que, sem dúvida, afligirá o mundo. Eles se darão conta de que a tribulação é a preparação, de acordo com o plano de Deus, para que o mundo seja abençoado. Serão revigorados e confortados através desse tempo de angústia. Isto é enfaticamente descrito no Salmo 91 e em Isaías 33:2-14, 15-24.

Deste modo confortados e abençoados pelas consoladoras promessas do livro divino, o principal dever dos santos será o de mostrar ao mundo que, ainda que estejam no meio da tribulação e descontentamento geral, bem como participando dos sofrimentos resultantes, eles estarão alegres, cheios de regozijo e esperança, tendo em mente o glorioso resultado predito na Palavra de Deus.

O Apóstolo escreveu que “é grande ganho a piedade com contentamento”. Este fato, que sempre tem sido verdadeiro, terá duplo sentido e força no dia do Senhor, quando o descontentamento for a principal doença espalhada entre todas as classes mundanas. Os santos deveriam ser uma notável exceção. Jamais se viu uma época em que o descontentamento tenha reinado de tal modo, apesar dos homens estarem desfrutando de tantas bênçãos e favores como nunca antes. Para onde quer que olhemos, quer seja para os palácios dos ricos que ostentam todo tipo de confortos e suntuosidade das quais Salomão, apesar de todo o seu esplendor, nem sequer sonhou, quer seja para o confortável lar de um simples operário, em que se evidencia bom gosto, conforto, arte e até mesmo luxo, vemos que, no que diz respeito à variedade e abundância de comodidades e facilidades, o tempo atual supera em muito qualquer outro período desde a criação; mas apesar de tudo isso, o povo se sente descontente e infeliz. É um fato inegável que os desejos de um coração depravado e egoísta não conhecem limites. O egoísmo tem se apossado de todos a tal ponto, que quando olhamos ao redor percebemos o mundo inteiro correndo loucamente, e fazendo esforços que nunca foram vistos para agarrar-se à riqueza. Somente alguns poucos conseguem atingir a meta de seus intensos desejos, e os demais ficam cheios de inveja e amargura, porque eles mesmos não são os afortunados, e por isso, todos passam a se sentir mais descontentes e infelizes do que em épocas anteriores.

Mas os santos não deveriam tomar parte nessa luta. Seu voto de consagração tem por objetivo correr, lutar e lançar mão de algo muito superior, um prêmio celestial. Essa é a razão pela qual todo aquele que tem feito semelhante voto se distancia de toda ambição terrena e não se empenha pelas coisas terrestres, exceto por aquilo que seja apropriado para ser buscado, as coisas que são dignas e necessárias. Se prestarmos atenção à conduta e ao exemplo do Mestre e dos apóstolos, não poderemos agir de outra maneira.

Sendo assim, além da sua piedade [os santos] possuem contentamento, não porque carecem de ambições, mas porque as tem dirigido para o alto e se encontram absortos na tarefa de ajuntar tesouros no céu, buscando serem ricos para com Deus. Por este motivo, e devido ao conhecimento que possuem dos planos do Criador, segundo são revelados em sua Palavra, os santos se sentem contentes, não importa quão pouco das coisas terrestres Deus lhes permita possuir. Estes podem alegremente cantar:

“Seja qual for a minha sorte,
eu sei que Deus me guiará.”

Mas lamentavelmente nem todos os filhos de Deus desfrutam de tal condição. Muitos têm sido surpreendidos pelo descontentamento dominante no mundo e a si mesmos se privam das alegrias da vida, tudo porque, têm deixado de lado os passos do Senhor por dirigirem seus pés para o mundo, tomando parte nele, buscando as coisas terrestres, mas muitas vezes sem ter êxito algum em obtê-las. Desta maneira participam do descontentamento geral, e deixam de sentir essa paz e satisfação que o mundo não pode dar nem consegue arrebatar.

Sabendo disso, admoestamos os santos, para que abandonem a luta da cobiça, vaidade e descontentamento, para, em contraste, lutar pelas riquezas superiores e pela paz que elas nos dão. Ao mesmo tempo os lembramos das palavras do Apóstolo:

“Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos [necessários], estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos [se têm êxito ou não] caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro [tanto da parte dos ricos como dos pobres] é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão. Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.” —1 Timóteo 6:6-12

Se o exemplo dos santos for de contentamento, de feliz esperança e de humilde submissão às provas atuais, então, sustentados pela inquebrantável esperança do glorioso tempo vindouro, tais exemplos vivos serão, por si mesmos, valiosas lições para o mundo. E reforçando tais exemplos, os conselhos que os santos vierem a dar àqueles com quem estão associados, deveriam ser em harmonia com sua fé. Sua influência deve ser como um ungüento curativo e bálsamo calmante. Nenhuma oportunidade deveria deixar de ser usada para indicar a todos o glorioso tempo vindouro, e anunciar o entrante Reino de Deus, mostrando-lhes assim a verdadeira causa e o único remédio da angustiosa condição presente. —Lucas 3:14; Hebreus 13:5; Filipenses 4:11.

A pobre humanidade geme debaixo do peso não somente de suas doenças reais, mas também das imaginárias, e especialmente, por causa do descontentamento produzido pelo egoísmo, pelo orgulho, pela ambição desmedida, e por tudo aquilo que aflige e atormenta os homens, pois não conseguem se sentir plenamente satisfeitos. Portanto, compreendendo ambos os lados da situação, é nosso dever aconselhar a todos aqueles que quiserem ouvir, que estejam contentes com o que possuem, esperando pacientemente o tempo que Deus tem determinado para fazer vir, até eles, as múltiplas bênçãos providas pelo seu amor e pela sua sabedoria.

Se instigarmos e inflamarmos as mágoas, reais ou imaginárias, só causaremos prejuízo aos que deveríamos ajudar e bendizer, e, por conseguinte, aumentaremos o seu descontentamento e sofrimento. Mas, se ao contrário, cumprirmos a nossa missão de pregar as boas novas de um resgate dado por TODOS, e as correspondentes bênçãos que a TODOS serão proporcionadas, seremos verdadeiros mensageiros do Reino—seus embaixadores de paz. Como está escrito:

“Quão formosos são, sobre os montes [reinos], os pés [os últimos membros do corpo de Cristo] do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem!” —Isaías 52:7

As tribulações deste “Dia de Jeová” proporcionarão oportunidades para proclamar a mensagem das boas novas vindouras, como poucas vezes surgiram. Bem-aventurados os que seguem os passos do Mestre, e fazem como o bom samaritano que cobre as feridas e derrama nelas o azeite do consolo e o vinho da alegria. A estes lhes é assegurado que sua obra não é em vão; porque, “quando os teus juízos estão na terra, os moradores do mundo aprendem justiça”. —Isaías 26:9

A simpatia do povo do Senhor, do mesmo modo que a do Pai celestial, deve estar em ampla harmonia com a criação que geme, que luta para libertar-se de todo jugo opressor; embora devam, assim como Ele, se lembrar com compaixão e simpatia daqueles que são das classes em oposição que desejam ser justos e generosos, mas cujos esforços são dificultados tanto pelas fraquezas de sua natureza caída como por causa do meio ambiente, de sua associação e dependência de outros. Mas o povo do Senhor não deve abrigar simpatia alguma para com os desejos e esforços arrogantes e insaciáveis de quaisquer membros destas classes. Suas palavras devem ser cheias de calma e moderação, e sempre promover a paz, a não ser que um princípio esteja sendo atacado. Devem lembrar-se de que a batalha é do Senhor e que tanto a política como os assuntos sociais não têm solução definitiva alguma a oferecer, à parte da solução predita na Palavra de Deus. Portanto, o dever primordial dos consagrados é o de estar alerta para que não se posicionem do lado que possa estorvar o caminho do carro de Jeová, mas ao invés disso, devem “estar quietos, e verem o livramento do SENHOR”, no sentido de claramente compreenderem que não devem ter parte alguma no conflito por este ser a obra de Jeová, levada a termo por outros meios. Em vez de se deterem em tais coisas, devem avançar no desempenho da missão a eles conferida, proclamando o reino celestial que está às portas, como a única esperança para todas as classes, e o único remédio para esta doença universal.


Nota: Este artigo extraído do Primeiro Volume dos Estudos das Escrituras publicado em português pela Associação dos Estudantes da Bíblia A Aurora—The Dawn


Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora